Eleições em França

Direita esmagada

Com mais de 50 por cento dos votos expressos, os socialistas, comunistas e verdes alcançaram uma vitória esmagadora sobre a direita no poder.

O desastre eleitoral sofrido pela direita não provocou a queda do primeiro-ministro

A segunda volta das eleições regionais em França, realizada no domingo, ampliaram a vitória registada uma semana antes pelo centro esquerda, constituindo um sinal inequívoco do descontentamento dos franceses com as políticas neoliberais do governo de Raffarin e as suas reformas dos sistemas públicos de protecção social.
Recolhendo 12,7 milhões de votos, as listas do Partido Socialista, Partido Comunista Francês, Verdes e Radicais de Esquerda conquistaram mais de metade dos votos expressos (50,1%), deixando a treze pontos percentuais a direita governamental (36,9%), unida nas candidaturas da União para a Maioria Presidencial (UMP) e União para a Democracia Francesa (UDF).
Em relação à primeira volta, o centro-esquerda conquistou mais três milhões de votos e um total de 1070 lugares de conselheiros regionais, ou seja o dobro dos obtidos pela direita. Desde 1988, quando foi reeleito presidente François Mitterrand, que o centro-esquerda não ultrapassava a fasquia dos 50 por cento dos sufrágios.
Das 22 regiões da metrópole, a direita apenas venceu numa uma delas, a Alsácia. As listas de centro esquerda conquistaram 20 presidências e conseguiram mobilizar a maioria dos franceses que desta vez afluíram em maior número às urnas, fazendo recuar a abstenção para 35 por cento, contra os 37,9 por cento registados na primeira volta.

Chirac recompõe governo

Esta estrondosa derrota fez tremer o governo liderado por Jean-Pierre Raffarin, que chegou ao poder em 2002, depois da reeleição de do Chefe de Estado. Tal como se esperava, na terça-feira, 30, Raffarin apresentou a demissão a Jaccques Chirac, que a aceitou tendo-o no entanto reconduzido no cargo de primeiro-ministro e incumbido de formar novo governo.
A composição do novo executivo devia ser apresentada ontem, quarta-feira, segundo anunciou a presidência francesa, que decidiu adiar para sexta-feira a habitual reunião do conselho de ministros.
Entretanto, uma sondagem realizada no domingo após os resultados eleitorais indicava que 54 por cento dos franceses desejava que Chirac nomeasse um novo primeiro-ministro, contra apenas 19 por cento que se manifestaram favoráveis à continuação de Raffarin.

Extrema-direita consolida-se

Os resultados obtidos pela Frente Nacional, terceira força política que se apresentou na segunda volta em 17 regiões, mostram que o eleitoral de extrema-direita manteve o seu voto, não se deixando seduzir pelos apelos ao voto útil da direita governamental.
Contudo, em consequência do novo método eleitoral, que atribui à força maioritária um suplemento de 25 por cento do total de eleitos, o partido de Le Pen apenas conseguiu eleger 156 representantes contra os 275 que tinha conquistado em 1998. O aumento da participação fez também com que a percentagem agora obtida recuasse para 12,54 por cento, menos 2,16 por cento do que na primeira volta. Todavia, a extrema-direita manteve praticamente intacto o número de votos: 3,2 milhões contra 3,21 milhões contados na primeira volta.

PCP saúda PCF

Numa mensagem enviada ao Bureau Político do PCF, o Secretariado do Comité Central
do PCP expressa «calorosas felicitações pelos resultados alcançados pela esquerda nas eleições regionais de 21/28 de Março, com a valiosa contribuição dos comunistas. A clara condenação das políticas antidemocráticas e capitalistas da direita e do grande patronato que estes resultados exprimem tem um importante significado político. Desejamos aos comunistas franceses os melhores sucessos na sua luta em prol dos interesses dos trabalhadores e do povo francês.»


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