Só há garantias até ao fim deste mês

Pelo trabalho na Sorefame

Trezentos trabalhadores da Bombardier (ex-Sorefame) foram a Lisboa exigir do Governo o desbloqueamento de verbas e encomendas que garantam a continuidade da empresa.

Está em causa a subsistência de muitas famílias

No plenário de dia 27, foi aprovada por unanimidade uma moção que convocou a greve da manhã do passado dia 9, para facilitar a participação no protesto que arrancou da Praça do Rossio e foi até à porta do Ministério das Finanças, no Terreiro do Paço, com o propósito de fazer a entrega das propostas.
No documento aprovado, os trabalhadores e as suas organizações representativas exortam o Governo a tomar «medidas urgentes no sentido de solucionar as encomendas que se encontram bloqueadas há vários meses» e que estão a comprometer o futuro da empresa.
Se, até ao fim deste mês, não aparecer mais trabalho, todo o material circulante que faça falta em Portugal terá de ser concebido e produzido no estrangeiro. Em causa estão 490 postos de trabalho directos e mais de mil, se forem somados os empregos indirectos, situação agravada com o facto de se tratar de mão-de-obra altamente qualificada.
Uma vez que o Ministério dos Transportes é o órgão coordenador de todo o sector ferroviário, o plenário fez um veemente apelo para que, em conjunto com os restantes ministérios com responsabilidades naquela área, reunam urgentemente no sentido de ultrapassar este comprometedor impasse.

Situação «vergonhosa»

«Caricata e vergonhosa» foi a forma como António Tremoço, membro da Comissão de Trabalhadores, classificou a forma como a delegação de trabalhadores não foi recebida por ninguém no Ministério das Finanças. O sindicalista fez notar que, normalmente, em iniciativas deste tipo, os trabalhadores costumam ser recebidos, pelo menos por um assessor. No entanto, desta vez ninguém os recebeu, tendo a delegação sido informada de que havia orientação da tutela nesse sentido.
Para António Tremoço, tratou-se de mais uma prova da prepotência daquele Ministério, pelo que os trabalhadores decidiram deslocar-se, de seguida, ao Ministério dos Transportes.
A principal reivindicação é que os três Ministérios com responsabilidades na situação desta empresa de material circulante, única em Portugal – das Finanças, Transportes e do Trabalho - , encontrem um consenso que solucione a viabilidade desta unidade da Venda Nova, na Amadora, até porque, como recorda a moção, das reuniões efectuadas entre os vários intervenientes e com a presença do ministro dos Transportes, Carmona Rodrigues, resultou um documento que aponta para vultuosos investimentos nos próximos anos, no sentido de modernizar parte importante da frota rodoviária.
No Ministério dos Transportes, a delegação foi recebida pelo assessor do ministro, a quem foi entregue a moção.
No fim da concentração, António Tremoço salientou a decisão final aprovada no documento, onde os trabalhadores se comprometem, caso não apareça solução para a Sorefame, a endurecer a luta e fazer «tudo o que for necessário para defender a empresa, pois estão em causa muitas centenas de postos de trabalho e a sobrevivência das respectivas famílias».
Após o protesto, os trabalhadores regressaram à Amadora para realizar novo plenário e decidir novas formas de luta, tendo-se ainda comprometido a participar em força na grande jornada nacional de protesto da CGTP-IN, marcada para hoje.


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