Negócio dos créditos com o Citigroup

Esclarecer «relações perigosas»

A ministra do Estado e das Finanças admitiu, na passada semana, no Parlamento, não saber se o Estado vai suportar um custo financeiro pela antecipação de receita na operação de titularização de créditos fiscais e da Segurança Social com o Citigroup.
Manuela Ferreira Leite respondia na comissão de Economia e Finanças a uma pergunta do deputado comunista Lino de Carvalho sobre a possibilidade do Citigroup incluir, na comissão de subscrição que o Estado lhe vai pagar na altura da comercialização das obrigações, o custo do juro relativo a essa antecipação.
Embora tenha afirmado desconhecer se tal irá acontecer, a ministra garantiu que a venda de créditos públicos foi uma operação de antecipação de receitas e não um empréstimo, «pelo que não há lugar a juros».
Ainda sobre este contrato celebrado entre o Estado português e o Citigroup, Lino de Carvalho instou o Governo a esclarecer sobre a eventual existência de um conflito de interesses motivado pelo facto de um conselheiro do Primeiro Ministro ser simultaneamente consultor daquela entidade financeira.
Em requerimento, depois de lembrar a dupla condição de Vítor Matins – conselheiro de Durão Barroso para as perspectivas financeiras da União Europeia e ao mesmo tempo "sénior consultant" do Citigroup - o parlamentar do PCP sublinha a absoluta necessidade de que não «subsistam dúvidas sobre a transparência da operação» que envolveu o contrato celebrado entre o Governo e aquela entidade financeira e a sua sociedade veículo, a SAGRES, relativo a créditos do Estado envolvendo dívidas num total de 11,449 mil milhões de euros.
«Vítor Martins participou, a qualquer título, na preparação, negociação ou elaboração do contrato que o Estado subscreveu com o Citigroup?», inquire Lino de Carvalho, que pergunta ainda se existem outros altos funcionários do Governo ou membros de alguns dos partidos que o suporta que a qualquer título tenham igualmente participado neste processo.


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