Que tal?
Já tínhamos tido o quase deslumbramento de Vital Moreira com o processo de nova divisão territorial que o Governo quer levar por diante e a confirmação de que não lhe dirige um centésimo das críticas que, por razões coimbrãs, assestou no projecto de criação em 1998 de oito regiões administrativas.
Agora, veio João Cravinho classificar a incomensurável trapalhada proposta pelo Governo como sendo «a regionalização encapotada».
Dito isto, perceba-se uma diferença de fundo.
É que uma coisa é, como aqui já fizemos, pôr em evidência o cinismo dos que ontem choravam perdidamente pelo «esquartejamento» e o «retalhar» do país em oito regiões e agora já não vêem nem retalhar nem esquartejar nas vinte novas entidades que se pretende criar.
Uma coisa é, como já aqui tentámos, ridicularizar esta desconchavada pretensão governamental de, através da semântica, apagar todas as cruciais assimetrias (litoral-interior, zonas metropolitranas - mundo rural) que marcam o território nacional, decretando que tudo passa a ser, por artes mágicas, ou «metropolitano» ou «urbano».
Mas outra coisa muito diferente, e profundamente errada e insensata, é chamar de «regionalização encapotada» à paranóia territorial que assaltou o Governo da direita.
Porque, dizendo este absurdo, está-se a dizer primeiro que os projectos do governo também são de regionalização e, segundo, que a diferença entre as duas regionalizações estaria apenas em que uma seria transparente e assumida e a outra encapotada e envergonhada.
Nada mais falso. Com todo o respeito por opiniões divergentes sustentadas na boa-fé e na seriedade, insistimos em que o processo de regionalização proposto em 1998 visava a crucial, indispensável e efectiva descentralização de competências e recursos da administração central para instâncias regionais investidas da legitimidade democrática dos votos e dotadas de órgãos com condições para terem uma visão verdadeiramente regional e não atomizada dos problemas e das soluções.
Bem ao contrário, o processo agora imposto pelo Governo visa sobretudo a expropriação de competências dos municípios, não garante nenhuma transferência significativa de competências da administração central, cria portanto a espantosa novidade de uma curiosa «descentralização» que se fará de baixo para cima (!!!) e contará com órgãos não eleitos e constituídos numa base que inevitavelmente os aprisionará nos conflitos ou divergência de interesses entre municípios.
Dito isto, só falta rematar com uma pergunta: que tal se alguns, de vez em quando, resistissem às fórmulas vistosas mas falsas e optassem antes pelo rigor e pela verdade?
Agora, veio João Cravinho classificar a incomensurável trapalhada proposta pelo Governo como sendo «a regionalização encapotada».
Dito isto, perceba-se uma diferença de fundo.
É que uma coisa é, como aqui já fizemos, pôr em evidência o cinismo dos que ontem choravam perdidamente pelo «esquartejamento» e o «retalhar» do país em oito regiões e agora já não vêem nem retalhar nem esquartejar nas vinte novas entidades que se pretende criar.
Uma coisa é, como já aqui tentámos, ridicularizar esta desconchavada pretensão governamental de, através da semântica, apagar todas as cruciais assimetrias (litoral-interior, zonas metropolitranas - mundo rural) que marcam o território nacional, decretando que tudo passa a ser, por artes mágicas, ou «metropolitano» ou «urbano».
Mas outra coisa muito diferente, e profundamente errada e insensata, é chamar de «regionalização encapotada» à paranóia territorial que assaltou o Governo da direita.
Porque, dizendo este absurdo, está-se a dizer primeiro que os projectos do governo também são de regionalização e, segundo, que a diferença entre as duas regionalizações estaria apenas em que uma seria transparente e assumida e a outra encapotada e envergonhada.
Nada mais falso. Com todo o respeito por opiniões divergentes sustentadas na boa-fé e na seriedade, insistimos em que o processo de regionalização proposto em 1998 visava a crucial, indispensável e efectiva descentralização de competências e recursos da administração central para instâncias regionais investidas da legitimidade democrática dos votos e dotadas de órgãos com condições para terem uma visão verdadeiramente regional e não atomizada dos problemas e das soluções.
Bem ao contrário, o processo agora imposto pelo Governo visa sobretudo a expropriação de competências dos municípios, não garante nenhuma transferência significativa de competências da administração central, cria portanto a espantosa novidade de uma curiosa «descentralização» que se fará de baixo para cima (!!!) e contará com órgãos não eleitos e constituídos numa base que inevitavelmente os aprisionará nos conflitos ou divergência de interesses entre municípios.
Dito isto, só falta rematar com uma pergunta: que tal se alguns, de vez em quando, resistissem às fórmulas vistosas mas falsas e optassem antes pelo rigor e pela verdade?