O Verdinho
Sabem o que é o verdinho?
É claro que ninguém sabe o que é o verdinho. Pelo menos em Portugal.
Pois, segundo o senhor ministro da Agricultura e Pescas, Sevinate Pinto, o verdinho é um peixe.
Ora Portugal é, por acaso, o segundo maior consumidor de peixe per capita em todo o mundo, logo a seguir ao Japão, que até é um arquipélago rodeado de água por todo o lado.
E pelo nosso lado também não estamos mal nesta questão da água, pois somos, igualmente, o segundo país com maior área marítima exclusiva do mundo, apenas ultrapassados pelo Canadá.
Portanto, em teoria, sempre haverá gente, em Portugal, que conheça o verdinho (apesar de não termos encontrado o bicho em nenhum dicionário), pois com tanta água à volta e tanta pesca consumida é impossível haver qualquer pescado desconhecido.
Mas há-o maioritariamente desconhecido - e o verdinho é certamente um deles, pelo simples facto de que, na prática, ninguém por cá o pesca, o importa ou, sobretudo, o consome.
Todavia, sendo um animal dos conhecimentos do sr. ministro, certamente que existe: os ministros deste Governo não hão-de mentir por causa de um peixe.
Além do mais, o senhor ministro Sevinate Pinto convocou uma entidade de peso a caucionar a sua apresentação nacional do verdinho.
Disse-nos ele que a Comissão de Pescas da União Europeia, após «longas e difíceis negociações» pela noite fora, concedeu a Portugal «um aumento de 95% na quota da pesca do verdinho».
Em contraponto, impôs-nos cortes em todo o género de pescado que os nossos pescadores capturam e o nosso povo consome, fale-se da sarda ou do carapau, da pescada ou do lagostim, da peixe espada ou da sardinha.
Ou seja: a União Europeia impôs-nos (mais) cortes no pescado que capturamos e consumimos e «compensou-nos» com o aumento de quotas sobre uma espécie que ninguém conhece, pesca ou consome.
Pelo exposto, é de supor que, na União Europeia, Portugal deve servir na perfeição para uma boa gargalhada.
Talvez por isso, foi mesmo a rir, banhado de irreprimível alegria, que o ministro Sevinate Pinto nos apareceu a anunciar que a nossa indústria pesqueira alcançara a extraordinária vitória de perder mais umas grossas percentagens nas quotas de pesca que lhe estavam atribuídas.
A «vitória» - esmiuçou o ministro – reside no facto de a redução imposta se haver situado em valores «significativamente mais baixos» dos que tinham sido inicialmente propostos pela Comissão.
Valores e propostas que, ao estilo do sionismo israelita, começam por propor exorbitâncias, para depois «cederem» até imporem os valores leoninos que pretendem.
No caso das pescas portuguesas – como claramente o recordou tanto Pedro França, representante dos armadores, como António Macedo, representante dos pescadores – mais cedências não têm sentido ou legitimidade por duas claras razões: uma, que a frota e a pesca portuguesas foram reduzidas a tão baixos valores que se tornaram irrelevantes no esforço de pesca global da União, outra, que Portugal cumpriu muito para além do exigível as imposições da União Europeia na diminuição da frota e do esforço de pesca, enquanto outros (como a Espanha), não apenas não os diminuíram, como os aumentaram brutalmente.
Foram, aliás, esses países «importantes» da União, como a Espanha ou a França, que impuseram a redução das restrições que tanta auto-satisfação deram a Sevinate Pinto.
Mas o ministro acha que estas novas cedências até são «uma vitória» para Portugal, cuja cereja no bolo é o aumento do verdinho.
Verdinho que «pode ser para a troca», exultou ainda Sevinate Pinto.
Ou seja, nós cedemos as nossas águas aos parceiros grandes... e recebemos o verdinho em troca.
Com este presente de Natal do Governo, é de ficarmos realmente verdinhos. De raiva.
É claro que ninguém sabe o que é o verdinho. Pelo menos em Portugal.
Pois, segundo o senhor ministro da Agricultura e Pescas, Sevinate Pinto, o verdinho é um peixe.
Ora Portugal é, por acaso, o segundo maior consumidor de peixe per capita em todo o mundo, logo a seguir ao Japão, que até é um arquipélago rodeado de água por todo o lado.
E pelo nosso lado também não estamos mal nesta questão da água, pois somos, igualmente, o segundo país com maior área marítima exclusiva do mundo, apenas ultrapassados pelo Canadá.
Portanto, em teoria, sempre haverá gente, em Portugal, que conheça o verdinho (apesar de não termos encontrado o bicho em nenhum dicionário), pois com tanta água à volta e tanta pesca consumida é impossível haver qualquer pescado desconhecido.
Mas há-o maioritariamente desconhecido - e o verdinho é certamente um deles, pelo simples facto de que, na prática, ninguém por cá o pesca, o importa ou, sobretudo, o consome.
Todavia, sendo um animal dos conhecimentos do sr. ministro, certamente que existe: os ministros deste Governo não hão-de mentir por causa de um peixe.
Além do mais, o senhor ministro Sevinate Pinto convocou uma entidade de peso a caucionar a sua apresentação nacional do verdinho.
Disse-nos ele que a Comissão de Pescas da União Europeia, após «longas e difíceis negociações» pela noite fora, concedeu a Portugal «um aumento de 95% na quota da pesca do verdinho».
Em contraponto, impôs-nos cortes em todo o género de pescado que os nossos pescadores capturam e o nosso povo consome, fale-se da sarda ou do carapau, da pescada ou do lagostim, da peixe espada ou da sardinha.
Ou seja: a União Europeia impôs-nos (mais) cortes no pescado que capturamos e consumimos e «compensou-nos» com o aumento de quotas sobre uma espécie que ninguém conhece, pesca ou consome.
Pelo exposto, é de supor que, na União Europeia, Portugal deve servir na perfeição para uma boa gargalhada.
Talvez por isso, foi mesmo a rir, banhado de irreprimível alegria, que o ministro Sevinate Pinto nos apareceu a anunciar que a nossa indústria pesqueira alcançara a extraordinária vitória de perder mais umas grossas percentagens nas quotas de pesca que lhe estavam atribuídas.
A «vitória» - esmiuçou o ministro – reside no facto de a redução imposta se haver situado em valores «significativamente mais baixos» dos que tinham sido inicialmente propostos pela Comissão.
Valores e propostas que, ao estilo do sionismo israelita, começam por propor exorbitâncias, para depois «cederem» até imporem os valores leoninos que pretendem.
No caso das pescas portuguesas – como claramente o recordou tanto Pedro França, representante dos armadores, como António Macedo, representante dos pescadores – mais cedências não têm sentido ou legitimidade por duas claras razões: uma, que a frota e a pesca portuguesas foram reduzidas a tão baixos valores que se tornaram irrelevantes no esforço de pesca global da União, outra, que Portugal cumpriu muito para além do exigível as imposições da União Europeia na diminuição da frota e do esforço de pesca, enquanto outros (como a Espanha), não apenas não os diminuíram, como os aumentaram brutalmente.
Foram, aliás, esses países «importantes» da União, como a Espanha ou a França, que impuseram a redução das restrições que tanta auto-satisfação deram a Sevinate Pinto.
Mas o ministro acha que estas novas cedências até são «uma vitória» para Portugal, cuja cereja no bolo é o aumento do verdinho.
Verdinho que «pode ser para a troca», exultou ainda Sevinate Pinto.
Ou seja, nós cedemos as nossas águas aos parceiros grandes... e recebemos o verdinho em troca.
Com este presente de Natal do Governo, é de ficarmos realmente verdinhos. De raiva.