Milhares de estudantes contra as propinas
Milhares de estudantes do ensino superior saíram à rua anteontem, num dia nacional de luta contra o Governo. Lisboa, Porto e Coimbra foram algumas das cidades que assistiram aos protestos.
«O ensino superior não é frequentado por ricos», dizem os estudantes
«Está na hora do Governo ir embora», gritavam em coro os estudantes do ensino superior que, na tarde de terça-feira, percorreram as ruas de Lisboa, entre a Cidade Universitária e a residência oficial do primeiro-ministro, em São Bento.
Tratou-se da terceira manifestação na capital nos últimos dois meses e simultaneamente o culminar de um conjunto significativo de acções de protesto que ao longo do primeiro semestres trouxeram para a rua os estudantes contra a Lei de Financiamento do Ensino Superior, o regime de prescrições e o afastamento dos seus representantes dos órgãos de gestão das escolas.
Outras acções tiveram lugar anteontem, nomeadamente em Coimbra, onde os estudantes desfilaram desde o Largo D. Dinis até ao Tribunal Judicial, na Rua da Sofia, contestando as queixas-crime apresentadas por professores contra o presidente da Associação Académica, Victor Hugo Salgado, devido ao encerramento da Universidade com cadeados. «Somos 22 mil incertos», lia-se num cartaz, enquanto outro pedia a abertura do ensino nocturno para os trabalhadores-estudantes.
No Porto, um mural foi pintado pelos estudantes na Praça D. João I, denunciando os problemas da educação e exigindo o aumento da acção social escolar e da qualidade do ensino.
Em Évora, a Praça do Giraldo foi o local escolhido pela Associação Académica para fazer um enterro simbólico do ensino superior público, acompanhado por dois «cabeçudos» simbolizando o primeiro-ministro Durão Barroso e a ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite.
Em Portalegre, os estudantes entregaram mil assinaturas no Governo Civil contra as políticas do Governo para o sector. Em Aveiro e em Faro, as associações académicas organizaram vigílias.
Justiça social
«O ensino superior não é frequentado por ricos. Por enquanto, o que define a entrada ainda são as médias do secundário e não as carteiras dos pais. Quando entra cada vez mais gente com carências, este Governo decidiu impor os maiores aumentos das propinas, dos preços das refeições e os maiores cortes orçamentais dos últimos anos», afirmam num comunicado as associações de estudantes de Lisboa.
«As propinas não são as únicas nem as maiores despesas com o ensino», afirmam, lembrando que os estudantes e as famílias têm de suportar livros, fotocópias, material escolar, alimentação, transportes e, no caso dos deslocados, habitação. «Os aumentos das propinas agravam estas despesas e obrigam muitos estudantes a desistir, a adiar os cursos ou a trabalhar a tempo parcial ou total, de modo incompatível com os estudos», garantem.
«A justiça social não se atinge com aumentos de propinas, mas sim com uma reforma fiscal. Os aumentos são facilmente suportados pelos mais ricos, mas afastam os mais pobres», alertam os representantes associativos, acrescentando que a acção social escolar não cobre as necessidades dos estudantes. «As cantinas e as residências são insuficientes e milhares de estudantes estão em quartos caríssimos. As bolsas são miseráveis e injustas, porque são atribuídas com base num sistema fiscal viciado e desigual para proprietários, profissionais liberais e trabalhadores» por conta de outrém.
As associações recusam o sistema de prescrições e consideram que o insucesso escolar não é apenas da responsabilidade dos estudantes, apontando o dedo à falta de condições das escolas, às carências pedagógicas dos professores e a uma «má formação dada no secundário». Antes de aplicar prescrições, o Governo devia estudar as razões das percentagens de chumbos e criar condições para as combater», dizem.
Tratou-se da terceira manifestação na capital nos últimos dois meses e simultaneamente o culminar de um conjunto significativo de acções de protesto que ao longo do primeiro semestres trouxeram para a rua os estudantes contra a Lei de Financiamento do Ensino Superior, o regime de prescrições e o afastamento dos seus representantes dos órgãos de gestão das escolas.
Outras acções tiveram lugar anteontem, nomeadamente em Coimbra, onde os estudantes desfilaram desde o Largo D. Dinis até ao Tribunal Judicial, na Rua da Sofia, contestando as queixas-crime apresentadas por professores contra o presidente da Associação Académica, Victor Hugo Salgado, devido ao encerramento da Universidade com cadeados. «Somos 22 mil incertos», lia-se num cartaz, enquanto outro pedia a abertura do ensino nocturno para os trabalhadores-estudantes.
No Porto, um mural foi pintado pelos estudantes na Praça D. João I, denunciando os problemas da educação e exigindo o aumento da acção social escolar e da qualidade do ensino.
Em Évora, a Praça do Giraldo foi o local escolhido pela Associação Académica para fazer um enterro simbólico do ensino superior público, acompanhado por dois «cabeçudos» simbolizando o primeiro-ministro Durão Barroso e a ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite.
Em Portalegre, os estudantes entregaram mil assinaturas no Governo Civil contra as políticas do Governo para o sector. Em Aveiro e em Faro, as associações académicas organizaram vigílias.
Justiça social
«O ensino superior não é frequentado por ricos. Por enquanto, o que define a entrada ainda são as médias do secundário e não as carteiras dos pais. Quando entra cada vez mais gente com carências, este Governo decidiu impor os maiores aumentos das propinas, dos preços das refeições e os maiores cortes orçamentais dos últimos anos», afirmam num comunicado as associações de estudantes de Lisboa.
«As propinas não são as únicas nem as maiores despesas com o ensino», afirmam, lembrando que os estudantes e as famílias têm de suportar livros, fotocópias, material escolar, alimentação, transportes e, no caso dos deslocados, habitação. «Os aumentos das propinas agravam estas despesas e obrigam muitos estudantes a desistir, a adiar os cursos ou a trabalhar a tempo parcial ou total, de modo incompatível com os estudos», garantem.
«A justiça social não se atinge com aumentos de propinas, mas sim com uma reforma fiscal. Os aumentos são facilmente suportados pelos mais ricos, mas afastam os mais pobres», alertam os representantes associativos, acrescentando que a acção social escolar não cobre as necessidades dos estudantes. «As cantinas e as residências são insuficientes e milhares de estudantes estão em quartos caríssimos. As bolsas são miseráveis e injustas, porque são atribuídas com base num sistema fiscal viciado e desigual para proprietários, profissionais liberais e trabalhadores» por conta de outrém.
As associações recusam o sistema de prescrições e consideram que o insucesso escolar não é apenas da responsabilidade dos estudantes, apontando o dedo à falta de condições das escolas, às carências pedagógicas dos professores e a uma «má formação dada no secundário». Antes de aplicar prescrições, o Governo devia estudar as razões das percentagens de chumbos e criar condições para as combater», dizem.