A cidade perde para poucos
Com esta gestão da cidade, ganham alguns poucos. Mas a cidade perde, e muito. Agora, Santana Lopes arranjou uma novela. Mais uma. Tem a ver com o Parque Mayer, a Feira Popular, o casino, o arquitecto Frank Ghery e sabe-se lá mais o quê. A cidade está ao abandono, sustentada por telas de propaganda, cartazes do Marquês a dar conselhos, «mupis» e «outdoors» que mais parecem gozar com os lisboetas e com quem nos visita. Santana promove Alterações Simplificadas, isto é, revisões encapotadas do Plano Director, quando lho permitem, a fim de garantir chorudos lucros e negociatas especulativas. Esconde dos olhos da Cidade a revisão do Plano Director Municipal que decorre em segredo mas que o PCP já decidiu trazer à luz do dia.
Santana Lopes serviu-se dos artistas para a novela inicial do Parque Mayer. Serviu-se da ingenuidade de todos os que acreditaram naquela coisa dos oito meses para renovar o Parque. Nada. Depois subiu a parada para os dois anos. Nada. Agora já nem fala de prazo, mas continua insinuando que «lá para 2007». Serviu-se de Frank Ghery.
O melhor do mundo, dizia. Nem podia ser por menos. Agora faz peito e diz que não paga. Os aviões fretados, as viagens para amigos negociadores de um assunto com que a cidade nada tem a ver mas que a cidade paga, paga, paga… sem qualquer luz ao fundo deste outro túnel sem fundo mas com muitos «fundos», mesmo que canalizados através de empresas municipais, como a EPUL, que vai servindo também de escoadouro de verbas para fins mal justificados e até pouco esclarecidos.
E Frank Ghery, o arquitecto canadiano?
Agora pode acontecer que seja apenas autor do esboço-anteprojecto. Depois de ter servido de cabeça de cartaz para atrair os holofotes, depois de viagens, promessas, olhinhos, papéis rabiscados, Ghery é usado como arma de arremesso em sentido contrário: «Não pago tais verbas!». Como se tivesse sido alguém e não o próprio Santana quem se meteu nesta alhada que nunca mais acaba, nem a renovação do parque começa.
Tudo isto, navegando à vista, numa mistura perigosa para a cidade entre a incontinência e a inconsciência, entre o impulso e as mãos largas sem medida. Porque o dinheiro não custa a garantir. Há sempre privados a aliciar com mais uma cenoura mais adiante. À custa da cidade, sempre.
Triângulo perigoso
O dinheiro voa. Os projectos não avançam. A autarquia continua a pagar tudo. Ao sabor das noitadas e das reuniões, que tanto podem ser feitas no Bairro Alto, em Monsanto, em Barcelona ou em Nova Iorque. Lisboa paga. Lisboa gasta.
Mais. Este é o triângulo perigoso das misturas de empreendimentos, de empresas e de dinheiros públicos. Já ninguém sabe às quantas anda nesta embrulhada entre Parque Mayer, casino, beira-rio, Feira Popular, Estoril-Sol, Bragaparques, Grupo Amorim, e sabe-se lá mais o quê ou mais quem.
Tudo pareceu bem nos primeiros impulsos. Casino no Parque, investimento à farta, construções em altura em Entrecampos e onde mais for necessário. Alteração Simplificada do PDM para que sem Planos de Urbanização, Planos de Pormenor, Consultas Públicas e outros entraves, se possa construir, construir, construir. Casas, escritórios, casas, prédios e até parques de estacionamento, seja onde for, mesmo em cima de linhas de água.
O PCP denuncia estas situações, esclarece e mobiliza a população. Submete as questões a tribunal, faz arrepiar caminho, algumas regras têm mesmo de ser cumpridas. O PCP exige o cumprimento da lei. Têm de ficar pelo caminho estas trocas e baldrocas que se sucedem para baralhar e dar de novo, a ver se as negociatas escapam por debaixo do tapete, sem que ninguém as tope.
Ganham alguns, perde a cidade
O que está em cima da mesa é já uma razoável confusão. Mas mais tarde ou mais cedo, tudo tem de ser esclarecido. O PCP não deixará prolongar esta situação sem regras, a qual, todos os dias, e cada vez mais, compromete Lisboa. É uma altura decisiva, esta.
Neste confuso processo de delapidação, Santana Lopes acaba por ver-se apoiado com apoios inesperados da parte do PS.
Nestes equilíbrios fatídicos para o futuro, ganham uns poucos, mas perde a cidade. Lisboa é hoje uma cidade mal-amada por estes gestores, que foram eleitos prometendo que fariam exactamente o contrário do que estão a fazer. A cidade está entregue a um grupo de «maus feitores».
Rectificação
Na última peça «Lisboa», dedicada a equipamentos sociais e desportivos que a cidade precisa, que a Coligação anterior na CML programou mas Santana Lopes travou, houve uma confusão de escrita. De facto, no que se refere a equipamentos desportivos, alguns dos casos ali citados referem equipamentos iniciados ou projectados no mandato anterior, que deviam ser construídos de imediato, mas que estão no mesmo ponto de há dois anos, nomeadamente em Campolide e no Alto do Pina.
Santana Lopes serviu-se dos artistas para a novela inicial do Parque Mayer. Serviu-se da ingenuidade de todos os que acreditaram naquela coisa dos oito meses para renovar o Parque. Nada. Depois subiu a parada para os dois anos. Nada. Agora já nem fala de prazo, mas continua insinuando que «lá para 2007». Serviu-se de Frank Ghery.
O melhor do mundo, dizia. Nem podia ser por menos. Agora faz peito e diz que não paga. Os aviões fretados, as viagens para amigos negociadores de um assunto com que a cidade nada tem a ver mas que a cidade paga, paga, paga… sem qualquer luz ao fundo deste outro túnel sem fundo mas com muitos «fundos», mesmo que canalizados através de empresas municipais, como a EPUL, que vai servindo também de escoadouro de verbas para fins mal justificados e até pouco esclarecidos.
E Frank Ghery, o arquitecto canadiano?
Agora pode acontecer que seja apenas autor do esboço-anteprojecto. Depois de ter servido de cabeça de cartaz para atrair os holofotes, depois de viagens, promessas, olhinhos, papéis rabiscados, Ghery é usado como arma de arremesso em sentido contrário: «Não pago tais verbas!». Como se tivesse sido alguém e não o próprio Santana quem se meteu nesta alhada que nunca mais acaba, nem a renovação do parque começa.
Tudo isto, navegando à vista, numa mistura perigosa para a cidade entre a incontinência e a inconsciência, entre o impulso e as mãos largas sem medida. Porque o dinheiro não custa a garantir. Há sempre privados a aliciar com mais uma cenoura mais adiante. À custa da cidade, sempre.
Triângulo perigoso
O dinheiro voa. Os projectos não avançam. A autarquia continua a pagar tudo. Ao sabor das noitadas e das reuniões, que tanto podem ser feitas no Bairro Alto, em Monsanto, em Barcelona ou em Nova Iorque. Lisboa paga. Lisboa gasta.
Mais. Este é o triângulo perigoso das misturas de empreendimentos, de empresas e de dinheiros públicos. Já ninguém sabe às quantas anda nesta embrulhada entre Parque Mayer, casino, beira-rio, Feira Popular, Estoril-Sol, Bragaparques, Grupo Amorim, e sabe-se lá mais o quê ou mais quem.
Tudo pareceu bem nos primeiros impulsos. Casino no Parque, investimento à farta, construções em altura em Entrecampos e onde mais for necessário. Alteração Simplificada do PDM para que sem Planos de Urbanização, Planos de Pormenor, Consultas Públicas e outros entraves, se possa construir, construir, construir. Casas, escritórios, casas, prédios e até parques de estacionamento, seja onde for, mesmo em cima de linhas de água.
O PCP denuncia estas situações, esclarece e mobiliza a população. Submete as questões a tribunal, faz arrepiar caminho, algumas regras têm mesmo de ser cumpridas. O PCP exige o cumprimento da lei. Têm de ficar pelo caminho estas trocas e baldrocas que se sucedem para baralhar e dar de novo, a ver se as negociatas escapam por debaixo do tapete, sem que ninguém as tope.
Ganham alguns, perde a cidade
O que está em cima da mesa é já uma razoável confusão. Mas mais tarde ou mais cedo, tudo tem de ser esclarecido. O PCP não deixará prolongar esta situação sem regras, a qual, todos os dias, e cada vez mais, compromete Lisboa. É uma altura decisiva, esta.
Neste confuso processo de delapidação, Santana Lopes acaba por ver-se apoiado com apoios inesperados da parte do PS.
Nestes equilíbrios fatídicos para o futuro, ganham uns poucos, mas perde a cidade. Lisboa é hoje uma cidade mal-amada por estes gestores, que foram eleitos prometendo que fariam exactamente o contrário do que estão a fazer. A cidade está entregue a um grupo de «maus feitores».
Rectificação
Na última peça «Lisboa», dedicada a equipamentos sociais e desportivos que a cidade precisa, que a Coligação anterior na CML programou mas Santana Lopes travou, houve uma confusão de escrita. De facto, no que se refere a equipamentos desportivos, alguns dos casos ali citados referem equipamentos iniciados ou projectados no mandato anterior, que deviam ser construídos de imediato, mas que estão no mesmo ponto de há dois anos, nomeadamente em Campolide e no Alto do Pina.