Racionalizar a utilização
O seminário do PCP sobre energia, realizado no passado sábado, abordou várias perspectivas deste vector essencial ao desenvolvimento das sociedades.
Portugal aproveita pouco as suas potencialidades energéticas
O tema era vasto e um dia não foi suficiente para debater toda a amplitude do tema em causa: a energia. Mas o seminário, integrado na iniciativa «Em movimento, por um Portugal com futuro», deu um importante contributo para o conhecimento e análise deste assunto. O debate iniciou-se com a reafirmação da importância vital – e crescente – do sector energético para as sociedades actuais. As consequências do apagão que ocorreu recentemente nos Estados Unidos dá apenas uma tímida ideia – porque «só» faltou a electricidade – da sua importância. Daí que a disposição de várias formas de energia seja um vector estratégico de salvaguarda do futuro das sociedades. Os comunistas constataram com preocupação a crescente influência dos grupos económicos privados no controlo das grandes empresas do sector energético.
Coube a Rui Namorado Rosa fazer a primeira, e mais preocupante, intervenção do dia. Segundo o professor universitário, se a produção de petróleo aumentar dois por cento ao ano as reservas de petróleo conhecidas darão apenas para mais 25 anos. Lembrando que o petróleo não está a crescer, Rui Rosa considerou mesmo que «pela primeira vez a Humanidade está perante o fim anunciado de um importante recurso natural». Para concluir, afirmou que o período de «uso de petróleo e gás natural é um período episódico da história do Homem». O gás natural, de exploração mais recente, dará para mais anos, mas o seu fim não está muito longínquo.
Face a esta realidade, era inevitável falar de energias alternativas. Uma das que foi abordada foi a energia nuclear. Conscientes de se tratar de um tema sensível, e passível de criar fracturas, os comunistas não se esquivaram ao debate. Polémicas à parte, lembrou-se que o urânio é igualmente finito, mas que possui alta densidade energética: um grama de urânio produz a mesma energia do que cinco barris de petróleo.
Aproveitar condições favoráveis
As energias renováveis estiveram também no centro do debate. Se, por um lado, constituem uma alternativa energética ainda pouco explorada e utilizada, por outro têm uma muito menor capacidade de produção de energia. Ainda assim, a sua utilização poderia ser muito mais profícua. Na intervenção que proferiu, Carlos Calado destacou as óptimas condições de que Portugal dispõe neste campo. E deu exemplos reveladores do desperdício: Portugal aproveita menos a energia solar do que a Áustria e a Suécia e a Roménia recorrem mais à energia térmica (calor da terra). Em ambos os casos, Portugal apresenta melhores condições.
Outra ideia foi lançada por António Lopes, produtor florestal. A construção de pequenos centros de biomassa (energia que se obtém queimando produtos florestais) que possam servir grupos de concelhos resolveria uma parte da produção energética das pequenas localidades. António Lopes tem uma máxima: «fazer dos incêndios descontrolados do verão incêndios controlados todo o ano».
Rui Moura divulgou os dados de um estudo sobre consumos de energia final. De meados dos anos 70 até ao final do século passado, invertiam-se as posições entre o peso da indústria e dos transportes. A «liderança» destacada do primeiro sector (com 46 por cento do total na década de 80) é hoje contestada pelo segundo.
O seminário serviu ainda para reajustar propostas. Agostinho Lopes, da Comissão Política, e a eurodeputada Ilda Figueiredo apresentaram alguns traços das políticas actualmente seguidas e avançaram com as propostas do Partido para uma utilização mais racional e útil dos recursos disponíveis.
Coube a Rui Namorado Rosa fazer a primeira, e mais preocupante, intervenção do dia. Segundo o professor universitário, se a produção de petróleo aumentar dois por cento ao ano as reservas de petróleo conhecidas darão apenas para mais 25 anos. Lembrando que o petróleo não está a crescer, Rui Rosa considerou mesmo que «pela primeira vez a Humanidade está perante o fim anunciado de um importante recurso natural». Para concluir, afirmou que o período de «uso de petróleo e gás natural é um período episódico da história do Homem». O gás natural, de exploração mais recente, dará para mais anos, mas o seu fim não está muito longínquo.
Face a esta realidade, era inevitável falar de energias alternativas. Uma das que foi abordada foi a energia nuclear. Conscientes de se tratar de um tema sensível, e passível de criar fracturas, os comunistas não se esquivaram ao debate. Polémicas à parte, lembrou-se que o urânio é igualmente finito, mas que possui alta densidade energética: um grama de urânio produz a mesma energia do que cinco barris de petróleo.
Aproveitar condições favoráveis
As energias renováveis estiveram também no centro do debate. Se, por um lado, constituem uma alternativa energética ainda pouco explorada e utilizada, por outro têm uma muito menor capacidade de produção de energia. Ainda assim, a sua utilização poderia ser muito mais profícua. Na intervenção que proferiu, Carlos Calado destacou as óptimas condições de que Portugal dispõe neste campo. E deu exemplos reveladores do desperdício: Portugal aproveita menos a energia solar do que a Áustria e a Suécia e a Roménia recorrem mais à energia térmica (calor da terra). Em ambos os casos, Portugal apresenta melhores condições.
Outra ideia foi lançada por António Lopes, produtor florestal. A construção de pequenos centros de biomassa (energia que se obtém queimando produtos florestais) que possam servir grupos de concelhos resolveria uma parte da produção energética das pequenas localidades. António Lopes tem uma máxima: «fazer dos incêndios descontrolados do verão incêndios controlados todo o ano».
Rui Moura divulgou os dados de um estudo sobre consumos de energia final. De meados dos anos 70 até ao final do século passado, invertiam-se as posições entre o peso da indústria e dos transportes. A «liderança» destacada do primeiro sector (com 46 por cento do total na década de 80) é hoje contestada pelo segundo.
O seminário serviu ainda para reajustar propostas. Agostinho Lopes, da Comissão Política, e a eurodeputada Ilda Figueiredo apresentaram alguns traços das políticas actualmente seguidas e avançaram com as propostas do Partido para uma utilização mais racional e útil dos recursos disponíveis.