Música? Moda? Revolta
Punks já se vêem poucos. Têm em comum a aparência e sem ela não chocam, não confrontam. Alguns dos que restam aderiram mais tarde porque a idade não lhes permitiu chegar a tempo.
Há muito que estamos no pós-punk. Quando a influência era grande iam vários grupos à Festa do «Avante!». Hoje são menos, continuam a ver quase nada da Festa, mas gostam de ir ao avante, como alguns dizem.
O que pensam? De onde vêm? Que modo de vida? Que futuro? Cada um por si é o lema. Um desperdício de quem diz e quer contestar o sistema, de quem está contra os valores conservadores da sociedade, de quem está contra a exploração.
Ocupam espaços onde não entramos. Olhamos de fora e temos interesse em saber mais sobre eles. Foram e são na sua maioria jovens, e tal como outros grupos da mesma idade, misturam-se independentemente da origem social, do tipo de relação com a família e com os amigos e dos percursos e êxitos escolares diferentes. Querem provar que não estão acomodados. Entre outras formas, mostram a sua contestação através de tufos no cabelo, da crista à moicano (tribo índia da América do Norte) e de roupas velhas (nem sempre) e surradas. Estão contra a sociedade das aparências e sobre eles também se escreve que repudiam todas as formas de fascismo, nazismo e racismo, autoritarismo, sexismo e comando, vendo como solução a autogestão (ou seja a anarquia) para a libertação dos povos, raças, homens e mulheres. O A dentro de um círculo é o símbolo, usando-o alguns na escrita do próprio nome.
Está enganado quem pensar que o look não é uma preocupação. Por vezes combina-se o que se veste, incluindo uma mini-saia, e adornos a condizer. É agradável conversar com alguém que gosta de si próprio, que gosta de se ver, que estima o seu corpo. Como em todos os universos, há posturas diferentes.
As expressões e formas de estar na rua, leva-os a considerar que criaram uma cultura de rua. Há quem lembre a primeira vez que foi para a rua e conte como sobrevive com a animação que tem para oferecer aos outros e com o artesanato que confecciona, como se protege dos estranhos ao grupo e no próprio grupo (primeiras desilusões), como se surpreende por alguém pensar que vai roubar e como acha primário olharem-no como um drogado (com o o aberto). Viajar é uma paixão, um objectivo nem sempre valorizado como tal e alguns não trabalham porque não querem ser explorados.
Entre o grupo há os que não assumem ser punk, embora tenham a mesma aparência e o mesmo tipo de vida. Assumem com alguma naturalidade que não consultam qualquer literatura sobre o assunto.
O estilo punk surgiu na década de 70, em Inglaterra. Terá sido a revolta e a atitude o primeiro passo ou foi a música e a moda a motivação? Antes assistimos aos grupos hippies, que viviam de maneira simples e em comunidade, respeitando a natureza, lançando frases lindas para aquele e para todos os tempos, como «faça amor, não faça guerra»... Tão coloridos, tão inofensivos.
Malcolm e Vivienne
Há quem diga que os punks constituíram uma reacção à passividade dos hippies. Mas, de facto a sua origem está intimamente ligada a uma dupla da música e da roupa: Malcom Maclaren, manager de bandas musicais, e Vivienne Westwood, artista do desenho e da confecção de roupa. Entre outras, José Xavier Ezequiel regista, no seu trabalho «Cool Britannia», que Vivienne em certa altura «corta o cabelo curto, bem ripadinho, lançando aquele que será o estilo punk».
Malcom e Vivienne, no início dos tais anos 70, abrem, fecham e mudam de nome a várias lojas suas. Promoveram as suas roupas nos Estados Unidos e «de repente começam a fabricar e a vender roupas de couro, fetiches sexuais e as célebres T-shirts rasgadas com verdadeiros cartazes impressos». São eles que transformam o alfinete de ama, «seguramente o ícone mais conhecido da contra-cultura punk», e «outros adornos da cultura de rua em verdadeiros adereços da moda urbana, usada e abusada no mundo inteiro». Malcom Maclaren lança, também através de um marketing ousado, a banda The Sex Pistols, referência pelo seu visual (por exemplo o cabelo verde do vocalista) e pelas letras irreverentes, com temas políticos, incitando à rebeldia, indo ao encontro do descontentamento de sectores mais jovens.
Passaram-se anos. Longe de nós pensar que o saldo é cobrado só a Vivienne Westwood que está hoje no mundo da alta costura ou a Malcom Maclaren que em 2000 foi candidato a Mayor de Londres, com propostas como a legalização dos bordéis. O que fizeram não foi só por si. As malhas do sistema que pareciam combater estiveram/estão do seu lado.
A onda punk salpicou jovens de uma geração, iludiu-os e desviou o seu descontentamento e insatisfação para o individualismo e a ausência de perspectivas quanto ao futuro. A onda punk não afectou o sistema capitalista, aquele que ainda encontra no seu seio as formas de sobrevivência, entre elas, a menos trabalhosa talvez, deixar passar a ilusão de que está a ser combatido.
O que pensam? De onde vêm? Que modo de vida? Que futuro? Cada um por si é o lema. Um desperdício de quem diz e quer contestar o sistema, de quem está contra os valores conservadores da sociedade, de quem está contra a exploração.
Ocupam espaços onde não entramos. Olhamos de fora e temos interesse em saber mais sobre eles. Foram e são na sua maioria jovens, e tal como outros grupos da mesma idade, misturam-se independentemente da origem social, do tipo de relação com a família e com os amigos e dos percursos e êxitos escolares diferentes. Querem provar que não estão acomodados. Entre outras formas, mostram a sua contestação através de tufos no cabelo, da crista à moicano (tribo índia da América do Norte) e de roupas velhas (nem sempre) e surradas. Estão contra a sociedade das aparências e sobre eles também se escreve que repudiam todas as formas de fascismo, nazismo e racismo, autoritarismo, sexismo e comando, vendo como solução a autogestão (ou seja a anarquia) para a libertação dos povos, raças, homens e mulheres. O A dentro de um círculo é o símbolo, usando-o alguns na escrita do próprio nome.
Está enganado quem pensar que o look não é uma preocupação. Por vezes combina-se o que se veste, incluindo uma mini-saia, e adornos a condizer. É agradável conversar com alguém que gosta de si próprio, que gosta de se ver, que estima o seu corpo. Como em todos os universos, há posturas diferentes.
As expressões e formas de estar na rua, leva-os a considerar que criaram uma cultura de rua. Há quem lembre a primeira vez que foi para a rua e conte como sobrevive com a animação que tem para oferecer aos outros e com o artesanato que confecciona, como se protege dos estranhos ao grupo e no próprio grupo (primeiras desilusões), como se surpreende por alguém pensar que vai roubar e como acha primário olharem-no como um drogado (com o o aberto). Viajar é uma paixão, um objectivo nem sempre valorizado como tal e alguns não trabalham porque não querem ser explorados.
Entre o grupo há os que não assumem ser punk, embora tenham a mesma aparência e o mesmo tipo de vida. Assumem com alguma naturalidade que não consultam qualquer literatura sobre o assunto.
O estilo punk surgiu na década de 70, em Inglaterra. Terá sido a revolta e a atitude o primeiro passo ou foi a música e a moda a motivação? Antes assistimos aos grupos hippies, que viviam de maneira simples e em comunidade, respeitando a natureza, lançando frases lindas para aquele e para todos os tempos, como «faça amor, não faça guerra»... Tão coloridos, tão inofensivos.
Malcolm e Vivienne
Há quem diga que os punks constituíram uma reacção à passividade dos hippies. Mas, de facto a sua origem está intimamente ligada a uma dupla da música e da roupa: Malcom Maclaren, manager de bandas musicais, e Vivienne Westwood, artista do desenho e da confecção de roupa. Entre outras, José Xavier Ezequiel regista, no seu trabalho «Cool Britannia», que Vivienne em certa altura «corta o cabelo curto, bem ripadinho, lançando aquele que será o estilo punk».
Malcom e Vivienne, no início dos tais anos 70, abrem, fecham e mudam de nome a várias lojas suas. Promoveram as suas roupas nos Estados Unidos e «de repente começam a fabricar e a vender roupas de couro, fetiches sexuais e as célebres T-shirts rasgadas com verdadeiros cartazes impressos». São eles que transformam o alfinete de ama, «seguramente o ícone mais conhecido da contra-cultura punk», e «outros adornos da cultura de rua em verdadeiros adereços da moda urbana, usada e abusada no mundo inteiro». Malcom Maclaren lança, também através de um marketing ousado, a banda The Sex Pistols, referência pelo seu visual (por exemplo o cabelo verde do vocalista) e pelas letras irreverentes, com temas políticos, incitando à rebeldia, indo ao encontro do descontentamento de sectores mais jovens.
Passaram-se anos. Longe de nós pensar que o saldo é cobrado só a Vivienne Westwood que está hoje no mundo da alta costura ou a Malcom Maclaren que em 2000 foi candidato a Mayor de Londres, com propostas como a legalização dos bordéis. O que fizeram não foi só por si. As malhas do sistema que pareciam combater estiveram/estão do seu lado.
A onda punk salpicou jovens de uma geração, iludiu-os e desviou o seu descontentamento e insatisfação para o individualismo e a ausência de perspectivas quanto ao futuro. A onda punk não afectou o sistema capitalista, aquele que ainda encontra no seu seio as formas de sobrevivência, entre elas, a menos trabalhosa talvez, deixar passar a ilusão de que está a ser combatido.