Tráfico de crianças

Um milhão por ano

Mais de um milhão de crianças são traficadas anualmente em todo o mundo, tendo como destino o trabalho forçado ou a exploração sexual.

Todos os estados-membros da UE estão directamente afectados pelo tráfico humano

Segundo dados da Federação Internacional Mundo dos Homens, divulgados em Bruxelas, quinta-feira, dia 18, Moçambique é um dos países apontados como local de origem e passagem de numerosos menores, provenientes de países como o Zimbabwe, que seguem para a África do Sul para trabalhar na agricultura e nas minas.
«Essas crianças, muitas moçambicanas, são empregadas por agricultores, de forma ilegal, e trabalham entre quatro a seis semanas. Quando chega a altura do pagamento, são denunciadas às autoridades sul-africanas e deportadas para os países de origem», afirmou à Agência Lusa o coordenador da Campanha Internacional contra o Tráfico de Crianças, Boris Scharlowski.
«Uma vez por semana, chega um comboio à fronteira entre Moçambique e África do Sul com cerca de 1.500 pessoas para trabalhar nestas condições, algumas voluntariamente, mas também muitas crianças». Segundo Boris Scharlowski, há ainda o caso de raparigas moçambicanas contratadas para trabalhar como domésticas na África do Sul e que acabam na prostituição.

Crianças vendidas na UE

Na União Europeia, são anualmente vendidas 120 mil crianças e mulheres, provenientes dos países da Europa de Leste (Rússia, Ucrânia e Roménia), África (Serra Leoa e Nigéria) e Ásia (China e Afeganistão), especialmente para a Alemanha, Grécia, Itália e França.
Na Grécia, numerosas crianças albanesas são utilizadas para a mendicidade, sendo frequentemente vítimas de violência por parte de quem as explora, enquanto na Holanda e Alemanha muitas são forçadas a prostituírem-se.
Dados recolhidos pela «Mundo dos Homens» indicam, por exemplo, que o número de redes de tráfico humano em Espanha duplicou na última década, oito mil menores são vítimas de abuso sexual em França e, na Roménia, uma mulher custa entre 44 e 174 euros, valendo dez vezes mais no país de destino.
A associação não tem dados sobre Portugal, mas Boris Scharlowski não hesita em afirmar que « todos os estados-membros da UE estão directamente afectados pelo tráfico humano, seja como países de origem, trânsito ou destino».
No relatório da associação sobre a situação na Europa, é referido apenas que, em Espanha, crianças ciganas provenientes de Portugal, Roménia e outros países da Europa de Leste são utilizados como pedintes.
Vítimas de uma actividade lucrativa para muitas redes de tráfico, o destino das crianças, em muitos casos provenientes de famílias pobres e que são vendidas, raptadas ou enganadas com promessas, vai desde o trabalho doméstico, agrícola ou em minas, à prostituição, mendicidade, tráfico de droga e participação em filmes pornográficos, enquanto os bebés são adoptados ilegalmente.
No encontro, os responsáveis deixaram vários apelos à UE, pedindo que as crianças vítimas de tráfico sejam protegidas e não sancionadas, beneficiem de ajuda legal gratuita, sendo encaradas como testemunhas, e seja obrigatória a ratificação das convenções dos direitos da infância para a entrada na Europa comunitária.
Para combater este fenómeno, a «Mundo dos Homens» iniciou, em 2001, uma campanha internacional em vários países do mundo, incluindo Moçambique, Angola e Brasil.


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