Assassinar Arafat é uma opção
O governo israelita confirmou, no domingo, que o assassinato do presidente palestiniano Yasser Arafat é uma das «opções» admitidas por Telavive.
«A atitude israelita “é coisa da mafia, não de um governo”»
Milhares de palestinianos continuam a concentrar-se junto ao quartel da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), em Ramallah, em apoio e defesa de Yasser Arafat, que o governo israelita pretende expulsar da Palestina ou mesmo assassinar.
«Matá-lo é definitivamente uma das opções», reafirmou no domingo o vice-primeiro-ministro de Telavive, Ehud Olmert, em declarações à rádio Israel. As declarações surgem na sequência da decisão do gabinete de segurança israelita, que na passada quinta-feira deu o seu acordo de princípio ao afastamento de Yasser Arafat, através da sua expulsão dos territórios palestinianos ou da sua eliminação física, o que desencadeou uma vaga de protestos com centenas de milhares de palestinianos a saírem às ruas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Os responsáveis palestinianos consideram que a atitude israelita «é coisa da mafia, não de um governo», e insistem junto do Conselho de Segurança da ONU para que intervenha em defesa de Arafat.
As reacções de árabes e muçulmanos ao terrorismo de Estado de Israel começaram entretanto a fazer-se sentir. No domingo, dezenas de milhar de pessoas manifestaram-se em Jacarta, na Indonésia, com bandeiras e símbolos do Partido Justicialista (islâmico). Impedidos pela polícia de se dirigirem ao palácio presidencial, os manifestantes concentraram-se em frente à embaixada dos EUA, exigindo a criação de um Estado palestiniano independente.
«Esta embaixada é uma embaixada terrorista. Os Estados Unidos são o maior colaborador de Israel na dominação do povo palestiniano. Tudo isso deve parar agora», afirmou o vice-presidente do Partido Justicialista, Almuzzammil Yusuf.
No mesmo dia, o novo primeiro-ministro da ANP, Ahmed Korei (Abu Alá), afirmou a uma delegação de pacifistas israelitas que não tenciona formar governo a menos que o primeiro-ministro de israel, Ariel Sharon, «mude de atitude» em relação a Arafat. «Por enquanto, não formarei governo. Se Israel mudar de atitude, porém, estabelecerei um que assuma as suas funções», afirmou Abu Alá.
O último prego no caixão
Também a Liga Árabe, através do seu secretário-geral, Amro Musa, condenou a posição de Israel. A «ampla rejeição internacional e do povo palestiniano da temerária intenção israelita de deportar Arafat dos territórios palestinianos ou de o eliminar demonstra o prestígio e o respeito de que goza Arafat entre o seu povo, como um dirigente capaz de conduzir à paz», declarou Musa.
Segundo o responsável da Liga Árabe, a situação regional será analisada pelos 22 ministros árabes dos Negócios Estrangeiros, em Washington, numa reunião que decorrerá paralelamente à próxima Assembleia Geral da ONU.
Na passada segunda-feira, entretanto, reuniram em sessão extraordinária os delegados permanentes da Liga Árabe, a pedido do delegado palestiniano, Mohamed Sobeih, para discutir as ameaças israelitas.
A Arábia Saudita considera que a ameaça de Israel é uma tentativa de enterrar o «plano de paz», o que a concretizar-se desestabilizaria todo o Médio Oriente. «O que eles estão a tentar fazer é dar um golpe final ao plano e impedir que a paz seja estabelecida no Médio Oriente. Esperamos que isto não seja ignorado pela comunidade internacional e pelos Estados Unidos em particular», disse o ministro saudita dos Negócios Estrangeiros, príncipe Saud al-Faisal, numa entrevista colectiva em Jeddah, transmitida pela televisão. «(A destituição de Arafat) seria o último prego no caixão do processo de paz e sem dúvida desestabilizaria a região», sublinhou.
A Arábia Saudita já alertou os EUA de que a expulsão de Arafat seria «uma medida perigosa que levaria a uma situação explosiva na região».
Solana desdramatiza
Menos preocupado parece estar o alto representante da União Europeia (UE) para a política externa, Javier Solana, que na segunda-feira manifestou dúvidas quanto à ameaça israelita de eliminar fisicamente o presidente da Autoridade Palestiniana.
«Nesta altura, penso que uma coisa desse tipo não vai acontecer», disse Solana à imprensa, citado pela Lusa, quando questionado sobre as ameaças de morte a Arafat.
«Não estamos à espera que isso possa acontecer. Isso não nos passa pela cabeça», acrescentou, recusando-se entretanto a pronunciar-se sobre a resposta que a União Europeia daria à aplicação de uma tal medida por Israel.
Segundo Solana, a UE informou o governo israelita através «de canais privados e públicos» da oposição internacional a qualquer atentado à vida de Arafat, com o que parece ter encerrado a questão.
De referir que, já depois de Ehud Olmert ter reafirmado a sua posição numa entrevista à CNN, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Sylvam Shalom, afirmou que a decisão de expulsar o líder palestiniano não é para aplicar no imediato, mas reiterou o seu apoio a uma tal medida. Para Shalom, «enquanto Arafat estiver no poder, não há qualquer hipóteses de paz com os palestinianos».
Entretanto, no fim-de-semana, soldados israelitas mataram uma criança no aeroporto de Atarot (sem actividade desde Setembro de 2000), e feriram sete estudantes no campo de refugiados de Kfar Darom, na Faixa de Gaza, que se manifestavam em apoio a Arafat.
«Matá-lo é definitivamente uma das opções», reafirmou no domingo o vice-primeiro-ministro de Telavive, Ehud Olmert, em declarações à rádio Israel. As declarações surgem na sequência da decisão do gabinete de segurança israelita, que na passada quinta-feira deu o seu acordo de princípio ao afastamento de Yasser Arafat, através da sua expulsão dos territórios palestinianos ou da sua eliminação física, o que desencadeou uma vaga de protestos com centenas de milhares de palestinianos a saírem às ruas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Os responsáveis palestinianos consideram que a atitude israelita «é coisa da mafia, não de um governo», e insistem junto do Conselho de Segurança da ONU para que intervenha em defesa de Arafat.
As reacções de árabes e muçulmanos ao terrorismo de Estado de Israel começaram entretanto a fazer-se sentir. No domingo, dezenas de milhar de pessoas manifestaram-se em Jacarta, na Indonésia, com bandeiras e símbolos do Partido Justicialista (islâmico). Impedidos pela polícia de se dirigirem ao palácio presidencial, os manifestantes concentraram-se em frente à embaixada dos EUA, exigindo a criação de um Estado palestiniano independente.
«Esta embaixada é uma embaixada terrorista. Os Estados Unidos são o maior colaborador de Israel na dominação do povo palestiniano. Tudo isso deve parar agora», afirmou o vice-presidente do Partido Justicialista, Almuzzammil Yusuf.
No mesmo dia, o novo primeiro-ministro da ANP, Ahmed Korei (Abu Alá), afirmou a uma delegação de pacifistas israelitas que não tenciona formar governo a menos que o primeiro-ministro de israel, Ariel Sharon, «mude de atitude» em relação a Arafat. «Por enquanto, não formarei governo. Se Israel mudar de atitude, porém, estabelecerei um que assuma as suas funções», afirmou Abu Alá.
O último prego no caixão
Também a Liga Árabe, através do seu secretário-geral, Amro Musa, condenou a posição de Israel. A «ampla rejeição internacional e do povo palestiniano da temerária intenção israelita de deportar Arafat dos territórios palestinianos ou de o eliminar demonstra o prestígio e o respeito de que goza Arafat entre o seu povo, como um dirigente capaz de conduzir à paz», declarou Musa.
Segundo o responsável da Liga Árabe, a situação regional será analisada pelos 22 ministros árabes dos Negócios Estrangeiros, em Washington, numa reunião que decorrerá paralelamente à próxima Assembleia Geral da ONU.
Na passada segunda-feira, entretanto, reuniram em sessão extraordinária os delegados permanentes da Liga Árabe, a pedido do delegado palestiniano, Mohamed Sobeih, para discutir as ameaças israelitas.
A Arábia Saudita considera que a ameaça de Israel é uma tentativa de enterrar o «plano de paz», o que a concretizar-se desestabilizaria todo o Médio Oriente. «O que eles estão a tentar fazer é dar um golpe final ao plano e impedir que a paz seja estabelecida no Médio Oriente. Esperamos que isto não seja ignorado pela comunidade internacional e pelos Estados Unidos em particular», disse o ministro saudita dos Negócios Estrangeiros, príncipe Saud al-Faisal, numa entrevista colectiva em Jeddah, transmitida pela televisão. «(A destituição de Arafat) seria o último prego no caixão do processo de paz e sem dúvida desestabilizaria a região», sublinhou.
A Arábia Saudita já alertou os EUA de que a expulsão de Arafat seria «uma medida perigosa que levaria a uma situação explosiva na região».
Solana desdramatiza
Menos preocupado parece estar o alto representante da União Europeia (UE) para a política externa, Javier Solana, que na segunda-feira manifestou dúvidas quanto à ameaça israelita de eliminar fisicamente o presidente da Autoridade Palestiniana.
«Nesta altura, penso que uma coisa desse tipo não vai acontecer», disse Solana à imprensa, citado pela Lusa, quando questionado sobre as ameaças de morte a Arafat.
«Não estamos à espera que isso possa acontecer. Isso não nos passa pela cabeça», acrescentou, recusando-se entretanto a pronunciar-se sobre a resposta que a União Europeia daria à aplicação de uma tal medida por Israel.
Segundo Solana, a UE informou o governo israelita através «de canais privados e públicos» da oposição internacional a qualquer atentado à vida de Arafat, com o que parece ter encerrado a questão.
De referir que, já depois de Ehud Olmert ter reafirmado a sua posição numa entrevista à CNN, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Sylvam Shalom, afirmou que a decisão de expulsar o líder palestiniano não é para aplicar no imediato, mas reiterou o seu apoio a uma tal medida. Para Shalom, «enquanto Arafat estiver no poder, não há qualquer hipóteses de paz com os palestinianos».
Entretanto, no fim-de-semana, soldados israelitas mataram uma criança no aeroporto de Atarot (sem actividade desde Setembro de 2000), e feriram sete estudantes no campo de refugiados de Kfar Darom, na Faixa de Gaza, que se manifestavam em apoio a Arafat.