Tensões agravam-se
A prepotência e unilateralismo dos EUA em relação ao Iraque afastam para já qualquer hipótese de consenso internacional para uma nova resolução na ONU.
Aumenta a contestação à hegemonia norte-americana no Iraque
Após o atentado à sede da ONU em Bagdad, terça-feira, 19, que vitimou 24 pessoas entre elas o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, enviado especial da organização, os Estados Unidos fracassaram na tentativa de alargar o apoio internacional às suas operações no Iraque.
Os países que se opuseram à guerra continuam a exigir um papel mais activo da ONU no plano político e económico ao mesmo tempo que reclamam um calendário para a retirada das tropas americanas.
No domingo, 24, ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Joschka Fischer, durante uma visita à Finlândia, reafirmou que a Alemanha não tenciona enviar tropas para o Iraque. «Éramos favoráveis a um papel central da ONU. Infelizmente, foi decidido que a responsabilidade ficava nas mãos da coligação, e nós não fazemos parte dela». Posição semelhante foi expressa pelo seu homólogo finlandês: «Se a ONU considerasse enviar tropas, sob seu comando, estudaríamos a possibilidade de uma participação. Mas não é isso que se passa».
Dias antes antes, o embaixador-adjunto da França no Iraque, sublinhara que as forças da coligação deve jogar o jogo da transparência e admitir que «sozinhas não poderão ter êxito». Para Paris, segundo Michel Duclos, «partilhar o fardo e as responsabilidades, num mundo de nações iguais e soberanas significa igualmente partilhar a informação e a autoridade».
É também neste sentido que apontam as conclusões de um relatório do International Crisis Group (ICG), divulgado na segunda-feira, 25 em Bruxelas. A abordagem unilateral norte-americana relativamente ao futuro do Iraque «já não é sustentável» e Washington deverá partilhar mais poderes com a ONU e os próprios iraquianos.
«A crescente percepção de que os Estados Unidos desejam preservar a sua autoridade relativamente aos assuntos iraquianos agrava as tensões e mina os esforços de estabilização», afirma aquele instituto de pesquisa sobre a prevenção de conflitos e actualmente presidido pelo ex-chefe de Estado finlandês Martti Ahtisaari.
O ICG defende que «para diminuir o ressentimento e reduzir a resistência, os Estados Unidos deverão alterar a sua abordagem no terreno e nas suas relações com o mundo exterior».
A solução passaria pela «internacionalização do poder, garantindo-se às Nações Unidas os meios para terem um papel claramente definido na transição política do Iraque».
A transformação, por via de uma resolução do Conselho de Segurança, da actual coligação liderada pelos Estados Unidos «numa força multinacional», bem como a criação de uma «força internacional de polícia», seriam «um passo crucial» na segurança do Iraque, sustenta o relatório.
Comércio de mulheres
Entretanto, a Organização para a Liberdade das Mulheres no Iraque revelou, no domingo, que mais de 400 mulheres foram raptadas, violadas e vendidas no Iraque depois da queda do regime de Saddam Hussein, em Abril.
Segundo Yanar Mohammad, que dirige a organização, com a entrada da coligação o país «conheceu uma vaga de violência sem precedentes contra as mulheres. Os ataques são levados a cabo por «bandos profissionais que raptam e vendem as mulheres, ou exigem um resgate, ou por indivíduos que as raptam para as violar», sublinhou Yanar, sublinhando que «quando uma mulher vai na rua é imediatamente objecto de humilhação, de agressões sexuais e ameaçada de rapto». «Bagdad tornou-se o terreno dos criminosos e dos desviados sexuais que agem em toda a liberdade».
A Organização responsabiliza as forças norte-americanas pela transformação das ruas de Bagdad «numa zona sem mulheres», lembrando que a coligação havia prometido «uma nova era de liberdade para os homens e mulheres».
Os países que se opuseram à guerra continuam a exigir um papel mais activo da ONU no plano político e económico ao mesmo tempo que reclamam um calendário para a retirada das tropas americanas.
No domingo, 24, ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Joschka Fischer, durante uma visita à Finlândia, reafirmou que a Alemanha não tenciona enviar tropas para o Iraque. «Éramos favoráveis a um papel central da ONU. Infelizmente, foi decidido que a responsabilidade ficava nas mãos da coligação, e nós não fazemos parte dela». Posição semelhante foi expressa pelo seu homólogo finlandês: «Se a ONU considerasse enviar tropas, sob seu comando, estudaríamos a possibilidade de uma participação. Mas não é isso que se passa».
Dias antes antes, o embaixador-adjunto da França no Iraque, sublinhara que as forças da coligação deve jogar o jogo da transparência e admitir que «sozinhas não poderão ter êxito». Para Paris, segundo Michel Duclos, «partilhar o fardo e as responsabilidades, num mundo de nações iguais e soberanas significa igualmente partilhar a informação e a autoridade».
É também neste sentido que apontam as conclusões de um relatório do International Crisis Group (ICG), divulgado na segunda-feira, 25 em Bruxelas. A abordagem unilateral norte-americana relativamente ao futuro do Iraque «já não é sustentável» e Washington deverá partilhar mais poderes com a ONU e os próprios iraquianos.
«A crescente percepção de que os Estados Unidos desejam preservar a sua autoridade relativamente aos assuntos iraquianos agrava as tensões e mina os esforços de estabilização», afirma aquele instituto de pesquisa sobre a prevenção de conflitos e actualmente presidido pelo ex-chefe de Estado finlandês Martti Ahtisaari.
O ICG defende que «para diminuir o ressentimento e reduzir a resistência, os Estados Unidos deverão alterar a sua abordagem no terreno e nas suas relações com o mundo exterior».
A solução passaria pela «internacionalização do poder, garantindo-se às Nações Unidas os meios para terem um papel claramente definido na transição política do Iraque».
A transformação, por via de uma resolução do Conselho de Segurança, da actual coligação liderada pelos Estados Unidos «numa força multinacional», bem como a criação de uma «força internacional de polícia», seriam «um passo crucial» na segurança do Iraque, sustenta o relatório.
Comércio de mulheres
Entretanto, a Organização para a Liberdade das Mulheres no Iraque revelou, no domingo, que mais de 400 mulheres foram raptadas, violadas e vendidas no Iraque depois da queda do regime de Saddam Hussein, em Abril.
Segundo Yanar Mohammad, que dirige a organização, com a entrada da coligação o país «conheceu uma vaga de violência sem precedentes contra as mulheres. Os ataques são levados a cabo por «bandos profissionais que raptam e vendem as mulheres, ou exigem um resgate, ou por indivíduos que as raptam para as violar», sublinhou Yanar, sublinhando que «quando uma mulher vai na rua é imediatamente objecto de humilhação, de agressões sexuais e ameaçada de rapto». «Bagdad tornou-se o terreno dos criminosos e dos desviados sexuais que agem em toda a liberdade».
A Organização responsabiliza as forças norte-americanas pela transformação das ruas de Bagdad «numa zona sem mulheres», lembrando que a coligação havia prometido «uma nova era de liberdade para os homens e mulheres».