Lisboa

Trapalhadas diversas

Na CML, os «casos» e «trapalhadas» sucedem-se a ritmo alucinante neste mandato. Nesta altura, correm mesmo tempos complexos lá pelos lados da Praça do Município. Mas nada disso transparece para fora. Oficialmente, o «show off» continua. É o tempo dos sorrisos cor-de-rosa e da descarada preocupação táctica da máquina de propaganda que procura valorizar até à exaustão o quase nada que está a ser feito. Isso, apesar das parangonas diárias dos jornais sempre disponíveis para publicitar, mas muito tímidos em dar «bola vermelha» a Santana Lopes quando seria mais que justo e coerente, até pelo critério do conteúdo da edição do dia…
Mas o que é facto é que nada do que é importante e sério corre de feição e com garantias. O Parque Mayer está em tribunal. O túnel das Amoreiras está envolto em incertezas financeiras. O casino é contestado. A Feira Popular aparece agora com novos dados problemáticos.
Uma panóplia de nebulosas. Mas há outros factos: a instabilidade dentro do CDS-PP e sua presença na CML; as indisfarçáveis peripécias com saída de Carmona Rodrigues para o Governo (nomeação tardia de vice-presidente e excessivo número de pelouros agora titulados por Santana Lopes, sem mãos a medir para «tocar tantos burros»); as constantes tiradas públicas de Santana contra vereadores, assessores e chefias por não darem respostas, por não terem capacidade – como se não fosse ele o responsável político de tudo isso. São sinais claros de impaciência e nervosismo de quem acha que (já perdeu muito e) tem pouco tempo.
Mas nem todos se calam. Por exemplo: contam os jornais que, embora em surdina, o presidente da junta de São Domingos de Benfica (também ele do mesmo PSD) terá dito «entre dentes» (SIC), recentemente, em dia de visita ao bairro, quando criticado em público pelo presidente da CML: «(na Câmara) não despacham os assuntos e depois a culpa é minha».
… Mas atente-se melhor em duas questões do momento.

Bombeiros Sapadores

O que é que pode levar um presidente de Câmara, responsável da protecção civil de Lisboa, a fazer tábua rasa das dificuldades dos bombeiros, designadamente dos sapadores, os quais dizem preto no branco não ter condições para desempenhar as suas funções com segurança? Faltam meios humanos (há 228 vagas), o protocolo com a ANA (aeroporto) está a precisar de actualização, as carreiras estão bloqueadas e não são efectuadas as promoções justas. Para piorar o cenário, os 90 recrutas que estão a ser preparados, na prática, interromperam essa preparação para estarem durante o Verão a fazer substituições de quadros efectivos. A situação é tão séria que, como o PCP alertou há semanas em sessão da CML ao fazer uma proposta que poderia resolver a situação, «o número actual dos efectivos não tem condições, em termos humanos, para garantir as guarnições das viaturas existentes».

E vem aí o Euro 2004!

Nestas circunstâncias, o que levará a maioria de direita na CML a rejeitar essa proposta do PCP tendente a solucionar o essencial evitando a actual ruptura garantindo soluções para os problemas dos Bombeiros Sapadores e para as questões básicas da segurança da Cidade?
Pois isso aconteceu há três semanas – e os problemas a agravar-se, com os sindicalistas a reclamar soluções.
E o que propõe o PCP para resolver esta questão e aumentar a segurança da Cidade e do seu aeroporto? Três pontos: «abertura imediata de concurso para preenchimento das vagas existentes», perto de duas centenas, com a agravante de do actual quadro, mais de centena e meia de sapadores não estão em funções de socorro, e acrescendo que os actuais 90 recrutas que se encontravam a fazer o curso já estão agora no Verão a fazer turnos de substituição por razão de férias; «renegociar o protocolo com a ANA», já que o aeroporto precisa de aumentar os efectivos de segurança; e «negociar… a publicação urgente de legislação» que permita as promoções necessárias e justas.

Feira Popular

No caso da Feira Popular, o que levará a CML a estabelecer negociações em várias direcções, menos uma? Santana Lopes deixou de fora, revoltados e com razão, os trabalhadores, comerciantes da Feira e suas famílias.
Esta semana, a associação dos feirantes veio a lume em defesa cerrada dos interesses dos seus associados. Referem que não foram ouvidos pela CML e de nem sequer poderem estabelecer diálogo em tempo útil, já que os «negociadores» se apressaram a fixar os termos dos outros acordos, calcando aos pés os interesses dos trabalhadores e feirantes.
Além disso, aparecem agora opiniões relativas aos poderes de disposição da CML sobre os terrenos da feira Popular, os quais poderão estar a ser contestados, devido à condição colocada pelos antigos doadores, o que poderia dificultar as cláusulas centrais do processo. A ser assim, e se feridas de nulidade, as referidas cláusulas podem ser objecto de reclamação por qualquer interessado e anuladas em tribunal a qualquer tempo.


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