Sorefame ameaçada
Com trabalho garantido apenas até Abril, é urgente que o Governo tome medidas para garantir que a grande metalomecânica da Amadora não será destruída, reclamam os comunistas.
Sucessivos governos cederam aos interesses das multinacionais
A grave situação da Sorefame – actualmente sob a designação da multinacional Bombardier, depois de ter passado pelas mãos da ABB e da ADTranz – foi denunciada há um mês, pelas estruturas representativas dos trabalhadores, que levaram o alerta até à Assembleia da República.
O PCP, que mantém forte presença entre o pessoal da empresa, particularmente nos sectores operários, realiza amanhã, à hora de almoço, uma acção em defesa da Sorefame e da zona industrial da Falagueira e Venda Nova. A iniciativa, que conta com a participação de Jerónimo de Sousa, da Comissão Política do Partido, decorre na zona do mercado da Falagueira e na saída da Sorefame para a Falagueira, a partir das 12.30 horas.
Sobre esta zona industrial, notam os comunistas, num folheto em distribuição, abatem-se as consequências directas da política de direita, que há vários anos tem sido determinada pelos interesses dos grandes grupos económicos e que tem sido caracterizada por privatizações, destruição do aparelho produtivo, ataque aos salários e aos direitos de quem trabalha. A busca do lucro rápido e fácil coloca a zona industrial sob a mira da especulação imobiliária, procurando captar o apoio da Câmara da Amadora para uma revisão do PDM que permita a construção de habitação e espaços comerciais. «Não o permitiremos», declaram os comunistas, apelando aos trabalhadores de cada empresa ali instalada e à população, em geral, para que se juntem à luta «para que a cidade da Amadora veja garantido um futuro e um presente onde exista emprego, habitação, espaços verdes, equipamentos e actividades culturais e de lazer».
O PCP recorda que, «para além do gravíssimo problema que a Sorefame atravessa, a MECI já saiu da Venda Nova, o grupo Edifer prevê o fecho dos estaleiros e da fábrica, a Sotancro e a West Pharma têm um plano de saída da zona industrial, a MB Pereira da Costa está a pagar os salários com mais de um mês de atraso e a Titan está reduzida a quarenta e poucos trabalhadores, quando já empregou mais de 400».
Privatização
A destruição da Sorefame, como refere um documento aprovado em plenário de trabalhadores e distribuído aos órgãos de poder e outras entidades, está ligada ao processo de liquidação do sector empresarial do Estado. Na década de 90, a ABB adquiriu a Sorefame ao IPE e dividiu a empresa em duas: a empresa com o nome original iria ocupar-se apenas de material ferroviários, enquanto a Hidrosorefame trataria de centrais hídricas. Sucederam-se reestruturações várias, que tiveram como objectivo eliminar uma concorrente da ABB e monopolizar o mercado. Com a anuência dos governos, houve redução de efectivos, alienação de património e foi transferida para o estrangeiro a tecnologia do sector da energia, que fechou no início deste ano, deixando Portugal sem capacidade para projectar e produzir qualquer tipo de material hidro-eléctrico.
Em 1997, a ABB e a ADTranz juntaram-se num só grupo económico internacional. Posteriormente, com a venda das acções da ABB, a Sorefame ficou integrada na ADTranz. Foi extinto o sector de fabrico de peças e subconjuntos, várias encomendas foram desviadas para outros países, mesmo quando na unidade portuguesa os custos eram inferiores.
Em Maio de 2001, a Sorefame foi vendida ao grupo canadiano Bombardier. Estavam em execução trabalhos para o Metro do Porto e para a CP, que serão concluídos em Abril próximo. A partir daí, não há garantias de uma carga de trabalho que ocupe a capacidade produtiva da empresa. A Bombardier, afirmando estar numa fase de reestruturação global, deixa no ar a ameaça de encerramento da fábrica da Amadora.
Há soluções
Desde que tomadas as necessárias medidas políticas, é possível evitar a destruição da empresa e preservar os seus 600 postos de trabalho, bem como o emprego de um milhar de trabalhadores de empresas subcontratadas.
Há projectos nacionais que podem ser executados pela Sorefame, como a expansão das frotas dos metropolitanos de Lisboa e do Porto, a requalificação da frota da CP. A par da substituição da gestão e de medidas para uma acção integrada e coordenada dos vários sectores, é preciso parar a alienação de máquinas e ferramentas e preservar o potencial de mão-de-obra qualificada.
A empresa tem igualmente capacidades para concorrer igualmente nos mercados internacionais.
O PCP, que mantém forte presença entre o pessoal da empresa, particularmente nos sectores operários, realiza amanhã, à hora de almoço, uma acção em defesa da Sorefame e da zona industrial da Falagueira e Venda Nova. A iniciativa, que conta com a participação de Jerónimo de Sousa, da Comissão Política do Partido, decorre na zona do mercado da Falagueira e na saída da Sorefame para a Falagueira, a partir das 12.30 horas.
Sobre esta zona industrial, notam os comunistas, num folheto em distribuição, abatem-se as consequências directas da política de direita, que há vários anos tem sido determinada pelos interesses dos grandes grupos económicos e que tem sido caracterizada por privatizações, destruição do aparelho produtivo, ataque aos salários e aos direitos de quem trabalha. A busca do lucro rápido e fácil coloca a zona industrial sob a mira da especulação imobiliária, procurando captar o apoio da Câmara da Amadora para uma revisão do PDM que permita a construção de habitação e espaços comerciais. «Não o permitiremos», declaram os comunistas, apelando aos trabalhadores de cada empresa ali instalada e à população, em geral, para que se juntem à luta «para que a cidade da Amadora veja garantido um futuro e um presente onde exista emprego, habitação, espaços verdes, equipamentos e actividades culturais e de lazer».
O PCP recorda que, «para além do gravíssimo problema que a Sorefame atravessa, a MECI já saiu da Venda Nova, o grupo Edifer prevê o fecho dos estaleiros e da fábrica, a Sotancro e a West Pharma têm um plano de saída da zona industrial, a MB Pereira da Costa está a pagar os salários com mais de um mês de atraso e a Titan está reduzida a quarenta e poucos trabalhadores, quando já empregou mais de 400».
Privatização
A destruição da Sorefame, como refere um documento aprovado em plenário de trabalhadores e distribuído aos órgãos de poder e outras entidades, está ligada ao processo de liquidação do sector empresarial do Estado. Na década de 90, a ABB adquiriu a Sorefame ao IPE e dividiu a empresa em duas: a empresa com o nome original iria ocupar-se apenas de material ferroviários, enquanto a Hidrosorefame trataria de centrais hídricas. Sucederam-se reestruturações várias, que tiveram como objectivo eliminar uma concorrente da ABB e monopolizar o mercado. Com a anuência dos governos, houve redução de efectivos, alienação de património e foi transferida para o estrangeiro a tecnologia do sector da energia, que fechou no início deste ano, deixando Portugal sem capacidade para projectar e produzir qualquer tipo de material hidro-eléctrico.
Em 1997, a ABB e a ADTranz juntaram-se num só grupo económico internacional. Posteriormente, com a venda das acções da ABB, a Sorefame ficou integrada na ADTranz. Foi extinto o sector de fabrico de peças e subconjuntos, várias encomendas foram desviadas para outros países, mesmo quando na unidade portuguesa os custos eram inferiores.
Em Maio de 2001, a Sorefame foi vendida ao grupo canadiano Bombardier. Estavam em execução trabalhos para o Metro do Porto e para a CP, que serão concluídos em Abril próximo. A partir daí, não há garantias de uma carga de trabalho que ocupe a capacidade produtiva da empresa. A Bombardier, afirmando estar numa fase de reestruturação global, deixa no ar a ameaça de encerramento da fábrica da Amadora.
Há soluções
Desde que tomadas as necessárias medidas políticas, é possível evitar a destruição da empresa e preservar os seus 600 postos de trabalho, bem como o emprego de um milhar de trabalhadores de empresas subcontratadas.
Há projectos nacionais que podem ser executados pela Sorefame, como a expansão das frotas dos metropolitanos de Lisboa e do Porto, a requalificação da frota da CP. A par da substituição da gestão e de medidas para uma acção integrada e coordenada dos vários sectores, é preciso parar a alienação de máquinas e ferramentas e preservar o potencial de mão-de-obra qualificada.
A empresa tem igualmente capacidades para concorrer igualmente nos mercados internacionais.