Crime na construção civil

Morreu, na passada sexta-feira, mais um operário da construção civil enquanto trabalhava numa obra em Loulé, no Algarve.

A causa da morte foi a de sempre: o incumprimento das normas de segurança pelo dono da obra. Desta vez foi um pesado guincho de elevação de materiais que tombou e caiu em cima do trabalhador, um romeno de 31 anos, ilegal. O guincho estava preso por arames, como foi verificado pelos inspectores da Inspecção-Geral de Trabalho que compareceram no local do acidente.

O Sindicato dos Trabalhadores da Construção do Sul considera que morte por negligência é crime, pelo que a família do trabalhador deveria ser indemnizada e os responsáveis pela morte presos. O sindicato responsabiliza por estes acidentes os donos de obra que querem construir a baixo preço e os empreiteiros e sub-empreiteiros, «irresponsáveis e aventureiros, para quem só o lucro conta». As câmaras municipais não escapam à acusação de serem incapazes de fazer cumprir a lei, o que é patente, afirma o sindicato, pela grande quantidade de obras em curso, sem exposição da licença nem do dono de obra.

O sindicato acusa também as companhias de seguros de arrastarem os processos de indemnização às famílias. «Seria interessante saber quantas famílias das vítimas mortais ou dos paraplégicos nas obras da A2 já viram os seus casos resolvidos pelos tribunais», questiona o sindicato da construção do sul, da CGTP.

Na obra onde aconteceu este acidente, só ficou um trabalhador. Os restantes, possivelmente ilegais, foram afastados pelo empreiteiro, acusa o sindicato. O dono da obra, não identificado, afixou uma placa anunciando a venda da moradia, por telemóvel. Na ausência de responsáveis, o sindicato exige que a família de mais esta vítima mortal da brutal exploração dos trabalhadores imigrantes seja indemnizada.



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