8 de Março
Mas vem isto a propósito do 8 de Março. Depois de amanhã completam-se cento e quarenta e seis anos sobre uma data histórica, importantíssima para toda a humanidade. Em 1857, as operárias têxteis de Nova Iorque manifestam-se nas ruas para exigirem a redução do horário de trabalho - que então era de 16 horas, não esquecer! - e reclamarem salários iguais aos dos homens.
Se reflectirmos sobre o quase século e meio desde então passado, percebemos perfeitamente que esta luta pela igualdade e pela justiça - que vem certamente de muito mais atrás - ainda não atingiu o seu fim. Que hoje mesmo, outras operárias em todo o mundo, e em Portugal, continuam a descer às ruas para exigirem direitos e igualdade. E que essas lutas têm sido o motor que dinamiza outras conquistas de direitos em muitas outras áreas e que essas lutas têm contribuído poderosamente para a conquista da igualdade ainda não alcançada e para alguma «mudança de mentalidades».
Mas é inaceitável que nos impinjam, como há muito vêm fazendo, algumas figuras femininas a pretexto da «libertação da mulher». Desta vez, um canal de TV promete-nos, nada mais nada menos que Madeleine Albright, a detestável personagem que esteve à frente dos projectos belicistas de Clinton, e não é uma lutadora pela liberdade, tal como o negro Colin Powell não é um lutador dos direitos cívicos mas um serventuário da guerra que Bush quer impor ao mundo. Isto é, não é por se ser mulher ou por se ser negro que alguém se encontra no lado radioso da humanidade.
O 8 de Março é uma data claramente inscrita nas referências dos ideais comunistas e de muitos outros sinceros democratas. Ideais de liberdade, de justiça, de igualdade. Não são as figuras sombrias do despotismo, nem que seja iluminado como o de Catarina da Rússia, que a podem celebrar. Nós temos outras Catarinas.