Lisboa

«Para a próxima não levam nada!»

Faz um ano que o PSD assumiu a Presidência da CML. Um ano depois, qual o estado da Cidade? Que estratégias se encetaram? Que estratégias se antevêem? Que novos passos se deram?

O que se sabe, é que a CML não tem obra feita. O rufar de tambores é que é grande…

Primeiro: a CML está sem estratégia. A Cidade está bloqueada. Muitas das principais promessas foram esquecidas, novas surgiram, mas que não passaram de meras intenções incoerentes entre si. Não se vislumbra um caminho.

Segundo: Lisboa regrediu. A Cidade encontra-se em marcha-atrás. Muitos dos projectos, acções e iniciativas que vinham a ser executadas pararam, foram suspensas ou atrasadas sem qualquer razão. Atrasou-se a manutenção e conservação de equipamentos, como os desportivos e os parques infantis, ou os pavimentos e passeios, prejudicando aspectos importantes da qualidade de vida em Lisboa.

Terceiro: Lisboa não está feliz. A Cidade está abandonada pela sua própria câmara. A ‘sedução’ do Presidente da CML e o contínuo disparar de ideias desconexas e sem execução começa a tornar-se cansativa para os ‘media’ e para uma população que, pelo trabalho realizado, mantém elevados níveis de exigência.

 

Fragilidades à vista

 

Ao fim de um ano inteiro de actividade, a maioria PSD-CDS não pode estar feliz. A Cidade não está feliz, de certeza. A obra é pequena. O facto de estar sempre de holofotes apontados não faz da CML uma câmara com obra e com projecto.

E Santana Lopes anda muito nervoso. Ainda a semana passada, na Assembleia Municipal, a simples risada que provocaram na oposição as suas declarações até aí muito sérias e muito formais sobre a boa execução orçamental de 2002 e sobre a validade e importância do túnel das Amoreiras fez perder a compostura. Essa simples situação de «fait divers» de um momento de descompressão levou a que Santana Lopes acelerasse o discurso, subisse o tom de voz e se «zangasse» (outra vez, o que se vem repetindo demasiado). Tudo isso num tom, aí já, de comício e a pedir palmas do PSD e do CDS-PP. Palmas que não vieram. O que também é sintomático. É que ninguém acredita…

 

Não levam nada’

 

Aliás esta não foi nessa tarde/noite a única ‘situação’. Horas depois, pensou-se que Santana perdia as estribeiras e ainda batia (!) nos presidentes de Junta. Pelo menos em dois deles, que contestavam os investimentos na sua autarquia e defendiam os interesses locais. O Presidente da CML não se fez rogado. Voltou a disparatar, gritava, fazia voz grossa no microfone. E como ninguém se intimidasse, partiu para a grande tirada da noite: ameaçou aquelas freguesias de que ‘Para a próxima não levam nada’. Ou seja, vamos ter de estar atentos ao Plano e ao Orçamento de 2004 para se ver se de facto as freguesias da Ameixoeira e de Carnide vão ser (ainda mais) prejudicadas.

 

Cada coisa com a sua dimensão

 

A repetida tentativa de transformar pequenas coisas em grande obra e também um sinal de vazio. Um sinal de que não há coisas ‘com fôlego’ para apresentar. O exemplo da limitação de circulação automóvel numa parte do Bairro Alto é um caso paradigmático, visto que é repetido até à exaustão para tentar convencer quem nunca lá vai, nem tem possibilidades de ir, de que se trata de alguma gigantesca transformação da Lisboa tradicional…

Dê-se a cada coisa a sua devida dimensão.

Outro caso é o que se passa com os licenciamentos de obras. Trata-se de licenças para obras particulares, que são na maioria dos casos os responsáveis pelos atrasos, por falta ou deficiência nos documentos que apresentam. Note-se: trata-se de acelerar licenciamentos e aprovações, não acelerar obras em si mesmas. De particulares. Mas para quem o não saiba, que é a maioria das pessoas, a coisa vai parecer significar que se aceleram e dinamizam as obras municipais… o que não é verdade pela simples razão de que não há ‘obra’ municipal em curso, em sentido lato e sério, único que seria digno da grandeza da CML, da Cidade e das suas enormes necessidades. Mais: está para se saber se os processos que estarão a ser despachados estão a ter análise suficiente… Para ajuizar, era preciso ter conhecimento pormenorizado da situação actual.

Esta é a verdade dos factos.

Contra isto, não há luzes, parangonas ou rufar de tambores que valham!

 

Nota: A estranha frase em título foi dirigida em tom de ameaça pelo Presidente da CML ao Presidente da Junta da Ameixoeira,na Assembleia Municipal, durante a discussão do Orçamento de 2003.



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