Marcha lenta na Margem Sul
Uma caravana com dezenas de automóveis saiu em marcha lenta do Parque Urbano de Corroios em direcção à auto-estrada. O protesto visou reivindicar melhores acessos e mais transportes públicos.
«A comissão reivindica ainda transportes públicos de qualidade»
O protesto - sob a forma de marcha lenta – organizado pela Comissão de Utentes dos Transportes da Margem Sul, saiu de Corroios logo pela manhã, de sábado da semana passada, com destino à A2/Sul à velocidade mínima permitida por lei, ou seja, a 40 quilómetros/hora.
O percurso dos utentes, sempre acompanhados pela polícia de trânsito, incluiu locais habitualmente congestionados como a Cruz de Pau, Paivas, Fogueteiro, rotunda Centro/ Sul, Almada, Cacilhas, Cova da Piedade, Laranjeiro e Feijó. O protesto terminou em Corroios na rotunda da Quinta do Brasileiro.
A Comissão de Utentes dos Transportes da Margem Sul defende que uma via de entrada e de saída na A2/Sul, em forma de trevo, na baixa de Corroios, entre o parque industrial do Seixal e a pista de atletismo Carla Sacramento, é essencial para facilitar o acesso à auto-estrada. A população tem como únicas opções o nó do Fogueteiro e a rotunda do Centro/Sul, em Almada.
Os utentes denunciaram, entretanto, durante a marcha lenta, que o Governo anterior prometera, em Fevereiro de 2003, avançar com os estudos técnicos para a construção do acesso à A2/Sul na baixa de Corroios. Porém, em Outubro, o secretário-geral das Obras Públicas, Vieira de Castro, desmentiu a tomada de qualquer decisão sobre a matéria.
Falta de decisão governativa
A conclusão da variante à EN-10, entre Corroios de Amora, é também exigida como uma alternativa à saturada estrada nacional. O arranque das obras do metro de superfície da margem sul, previsto para Março, poderá, segundo a comissão de utentes, reflectir-se em maior congestionamento.
Segundo Manuel José, membro da Comissão de Utentes dos Transportes da Margem Sul, o Conselho Superior das Obras Públicas reconheceu que as obras do metro só deveria ter início quando estivesse concluída a variante à EN-10, para minimizar os efeitos da construção. Nalguns troços, o traçado do metro chega mesmo a coincidir com o da EN-10.
A comissão reivindica ainda transportes públicos de qualidade, em termos de horários e de circuitos, e critica a falta de corredores de «BUS» e o facto de os bilhetes de comboio da Fertagus serem mais caros em comparação com os da CP.
«É preciso melhorar»
O deputado do PCP, Bruno Dias, também participou na marcha lenta e, no final do percurso, acusou o Governo e a maioria na Assembleia da República de seguirem «uma estratégia profundamente divergente daquilo que são as necessidades concretas das populações» da região, quer no que diz respeito aos transportes públicos, «de uma qualidade que é preciso melhorar, de uma estratégia de serviço público que não está a ser garantido», afirmou o jovem deputado do PCP.
No protesto estiveram ainda Maria Emilia Sousa, presidente da Câmara de Almada e muitos outros eleitos da autarquia.
Protestos na CREL
As comissões de utentes da CREL consideraram «positiva» a acção de protesto que se realizou na passada semana contra as portagens, frisando que ficou «mais do que provado não haver alternativas àquela circular» e que qualquer outro percurso demora mais tempo.
Dezenas de viaturas arrancaram sexta-feira logo pela manhã da rotunda do Terminal Tir, em Alverca, protestando contra a reposição de portagens na CREL, fazendo no entanto dois percursos diferentes: um pela CREL e o outro pela A1 (Auto-estrada do Norte), Segunda Circular e o IC 19.
«Ficou mais do que provado que os dois trajectos não são alternativas nenhumas e demoram muito mais tempo. Hoje demorámos mais 15 minutos, mas é preciso ver que se trata de um dia especial de trânsito, não só por estar muita gente de férias mas também porque a polícia nos escoltou até ao destino», salientou a porta-voz da Comissão de Utentes do IC-19, Adelina Machado.
Considerando a reposição das portagens, em vigor desde 1 de Janeiro, como «muito injusta», as comissões de Utentes do IC-19 e da CREL garantiram que não vão baixar os braços, anunciando mais três acções de protesto.
«Já está marcada para dia 10, a realização de uma nova marcha lenta de protesto, com o percurso inverso do de hoje, ou seja, vai ter início aqui (Nó de Queluz) e fim na Rotunda do terminal Tir, em Alverca», anunciou Carlos Braga, da Comissão de Utentes da CREL.
Por outro lado, centenas de utentes juntaram-se, segunda-feira, a uma outra marcha pela CREL organizada pelo Movimento de Cidadãos Pela Mobilidade, e a uma acção de protesto da recém-criada Frente Nacional Anti-Portagens, marcada para dia 17 com início na Ponte 25 de Abril.