Forças Armadas
Em risco de paralisia
À situação de «enorme mal-estar» que existe na Forças Armadas e resulta «da acumulação de problemas não resolvidos e de aspirações e expectativas não concretizadas» acresce um Orçamento para o ano em curso que «põe em risco» a sua capacidade operacional, diz o Gabinete de Imprensa do PCP, em nota à comunicação social.
Esta realidade, deve-se, assim, em sua opinião, ás políticas seguidas nos últimos 16 anos de governos PSD e PS, que se caracterizaram pela «não resposta aos problemas essenciais», pelo «uso e abuso das palavras "reestruturação" e "redimensionamento" desprovidas de conteúdo real» e pelo «propositado confusionismo junto do povo português entre capacidade de defesa e capacidade de envio de militares para missões externas». Ou seja, o PSD deu início a um processo de desmembramento das Forças Armadas que o PS «não soube e não quis inverter».
O PCP, que tem vindo continuamente a alertar para a situação e a exigir um outro rumo, foi o único partido a apresentar um projecto de Grandes Opções do Conceito Estratégico de Defesa Nacional, promovendo, no âmbito das eleições presidenciais, uma declaração sobre o tema Defesa Nacional e Forças Armadas.
Entretanto, e «num momento em que se fala tanto das verbas para as Forças Armadas», o PCP considera que «se está a assistir a mistificações sobre o tema», já que «as verbas devem corresponder a uma definição de objectivos credíveis a atingir num determinado horizonte temporal» e dar resposta às necessidades nacionais. Assim, diz o Gabinete de Imprensa, «existem pois dois planos: um, a necessidade de medidas urgentes, face aos problemas de gestão colocados pelo orçamento do corrente ano, que contrarie o risco de paralisia das Forças Armadas; o outro, a necessidade de ser empreendido um rumo seriamente reestruturante das Forças Armadas, o que passa pela definição daquilo que tanto o PSD e o PS não ousaram definir enquanto foram governo, partindo do primado de que aquilo que interessa aos EUA interessa necessariamente a Portugal».
Considerando, por fim, que as Forças Armadas «são uma componente essencial do Estado», o PCP reafirma que «continuará a pautar a sua intervenção visando garantir que as Forças Armadas possam cumprir as suas missões fundamentais e sejam cada vez mais prestigiadas junto do povo português do qual são parte integrante».
«Avante!» Nº 1472 - 14.Fevereiro.2002