Comício evocativo do centenário de Álvaro Cunhal
No próximo domingo, 10 de Novembro – dia em que se cumprem 100 anos sobre o nascimento de Álvaro Cunhal – tem lugar no Campo Pequeno, em Lisboa, um comício evocativo da vida, do pensamento e da luta do histórico dirigente comunista e, sobretudo, do legado que comportam.
O comício é antecedido de quatro desfiles de rua
Ponto alto das comemorações do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, este comício promete ser uma iniciativa marcante e inesquecível para todos quantos nela participem – e serão certamente muitos, a julgar pelos autocarros já preenchidos e pela disponibilidade demonstrada por muitos militantes e simpatizantes do PCP ao longo das últimas semanas e dias. A iniciativa conta com as intervenções do Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e da dirigente da Juventude Comunista Portuguesa, Cristina Cardoso, e ainda com a actuação musical da Brigada Vítor Jara e de Luísa Basto.
O comício tem início marcado para as 15 horas, mas as celebrações começam antes, nas ruas em redor do Campo Pequeno. Às 13h45 arrancam para o local do comício quatro desfiles, que prometem dar a estas comemorações uma vibrante expressão de rua: quem venha dos distritos de Lisboa, Leiria e Santarém concentra-se em Entrecampos; os oriundos dos concelhos da Península de Setúbal partem da Avenida de Berna, junto à Fundação Calouste Gulbenkian; os que venham de Évora, Beja, Portalegre e Litoral Alentejano iniciam a marcha na Avenida de Roma; e a JCP começa a desfilar na Praça Duque de Saldanha. A chegada dos desfiles ao Campo Pequeno será, seguramente, um momento particularmente emocionante.
No suplemento distribuído com esta edição do Avante!, salienta-se algumas das muitas razões que justificam que se comemore hoje – 100 anos após o seu nascimento e oito passados sobre o seu desaparecimento – a importância e actualidade do pensamento e da acção de Álvaro Cunhal, bem como o exemplo de uma vida vivida intensamente em prol de uma causa nobre e justa: a construção em Portugal do socialismo e do comunismo. A Comissão Promotora das comemorações destaca, no folheto de mobilização para o comício, que está em distribuição, que esta iniciativa pretende ser uma «homenagem dos comunistas, dos democratas e patriotas, dos trabalhadores, do povo português, ao homem, ao comunista, ao intelectual, ao artista», à personalidade que, «em Portugal, no século XX e na passagem para o século XXI, mais se destacou na luta pelos valores da emancipação social e humana, com forte projecção no plano mundial».
Muito embora pretenda valorizar um percurso exemplar e uma vida repleta de combates, o comício aponta sobretudo às lutas do presente e do futuro, nas quais estarão presentes, de forma indelével, as reflexões e a acção revolucionária de Álvaro Cunhal. Assim, nas palavras da Comissão Promotora, o comício servirá também para afirmar as propostas e projecto do Partido Comunista Português e a «necessidade do seu reforço com a sua identidade e o seu papel necessário, indispensável e insubstituível ao serviço dos trabalhadores, do povo e da pátria».
Lugar na história
Se a data de realização do comício é significativa, por ser precisamente o dia em que se cumpre o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, o local escolhido para a sua realização não o é menos. De facto, o Campo Pequeno está associado a muitos e gloriosos momentos da história do PCP no pós-25 de Abril.
Foi precisamente nesse espaço que, em 28 de Junho de 1974, o Partido Comunista Português realizou o seu primeiro comício na capital após o derrubamento do fascismo, no qual interveio Álvaro Cunhal, à data Secretário-geral do PCP; foi também aí que teve lugar, em 15 de Maio de 1976, o comício de solidariedade com os povos da América Latina, que trouxe a Lisboa dirigentes comunistas como o brasileiro Luís Carlos Prestes, o uruguaio Rodney Arismendi e o chileno Samuel Riquelme, todos eles vivendo então no exílio devido à existência, nos seus países, de ferozes ditaduras fascistas.
Antes e depois destas duas relevantes iniciativas, muitas outras importantes realizações do PCP tiveram o Campo Pequeno como palco. Não é preciso esperar por domingo para afirmar que o comício evocativo do exemplar percurso de Álvaro Cunhal e do seu importante legado tem já um lugar cativo na galeria das iniciativas históricas aí realizadas.