Levantem a vossa voz

Aurélio Santos

A URAP, União de Resistentes Antifascistas Portugueses, reunida em Assembleia Geral, consciente de que é seu dever lutar contra a desfiguração do regime democrático conquistado pelo nosso País após 48 anos de ditadura fascista, aprovou uma Resolução que enviou aos diferentes órgãos de soberania exigindo a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições onde se possa ouvir a voz do povo português quanto à ruinosa política levada à prática pelo actual Governo.

A voz destes antifascistas precisa de ser ouvida e atendida.

Estão na URAP muitos dos que durante a ditadura lutaram, muitos com longos anos de prisão, para que Portugal fosse um país livre, em democracia. Mas estão também na URAP muitos já nascidos no Portugal democrática que não querem que o nosso País regrida para condições idênticas àquelas que marcaram os anos do fascismo.

É certo que as forças reaccionárias que dominam este Governo têm linguagens diferentes daqueles que instalaram o fascismo em Portugal. Mas os objectivos são idênticos: impor no País condições para que a acumulação da riqueza produzida pela população seja concentrada nas mãos do que agora chamam «o capital financeiro».

No tempo do fascismo esse capital tinha rostos: eram os monopolistas, como os da CUF, e os grandes agrários que em latifúndios de milhares de hectares exploravam impiedosamente os que para eles trabalhavam a terra. Agora aparecem com o rosto anónimo de «capital financeiro», escondido, também ele, sob a capa de «os mercados».

De facto trata-se de uma brutal ditadura de classe imposta ao mundo pela grande burguesia detentora desse capital financeiro e pelos seus serventuários que em cargos de Estado parasitam a governação.

Os que obedientemente cumprem as ordens dessa ditadura financeira bem podem prometer que, ao contrário das ditaduras fascistas, vão «respeitar» agora a democracia. Mas todos sabem que a política de empobrecimento que eles pretendem só pode ser imposta pela força, pela violência.

Por isso impõe-se que a voz dos antifascistas de todas as tendências e todas as gerações se levante e seja ouvida por todos aqueles que não querem ver Portugal voltar para trás.



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