Faleceu Gertrudes Paulino da Silva

Nascida a 24 de Abril de Abril de 1923 em Vila Franca de Xira, foi membro do Partido Comunista Português durante 72 anos. Ainda muito jovem começou a participar na luta contra o fascismo, pela liberdade e as condições de vida dos trabalhadores e do povo. Operária em fábricas têxteis da sua terra, foi costureira de profissão. Aderiu ao PCP em 1940 e integrou a célula das costureiras de Vila Franca de Xira.

Participou activamente nas pequenas e grandes lutas que se travaram na primeira metade dos anos 40 do século passado, por melhores salários, contra a fome, pela paz, contra a guerra, nomeadamente nas greves e marchas de 8 e 9 de Maio de 1944, pelo pão e pelos géneros, onde participaram milhares de trabalhadores da terra e das fábricas, homens e mulheres de várias gerações do concelho de Vila Franca de Xira. Seguiram-se centenas de prisões e, tendo sido constituído o Comité de Solidariedade com os presos políticos, a camarada Gertrudes foi uma destacada activista do apoio aos companheiros de luta e às suas famílias.

Nunca desistiu. Continuou a levar a voz do Partido ao povo da sua condição e participou em Dezembro do mesmo ano, com a mesma firmeza, na greve levada a cabo por milhares de operários portugueses que se recusaram a contribuir para a campanha salazarista de apoio ao nazifascismo «uma hora suplementar do socorro de Inverno».

No Verão de 1945, Gertrudes Paulino da Silva, tomando a opção de dedicar a sua vida a tempo inteiro à luta do seu Partido, passou a funcionária do PCP e à clandestinidade. Deu suporte à instalação e manutenção de casas clandestinas em quase todas as regiões do país e entre 1952 e 1954 assumiu tarefas numa tipografia clandestina, situada em Campolide, saindo das suas mãos a edição de O Camponês, dirigida aos camponeses portugueses.

Foi um dos quadros do PCP que mais anos viveu na clandestinidade – 29 anos – sem ter caído nas garras da PIDE. Foi companheira de vida e de luta do camarada Manuel da Silva. Os seus dois filhos, Fernanda e Manuel, nasceram na clandestinidade e, também eles, foram sujeitos a momentos difíceis e dolorosos no plano humano em consequência das duras condições da luta clandestina contra a ditadura fascista.

Depois do 25 de Abril de 1974 a camarada Gertrudes desempenhou durante vários anos, com a mesma dedicação, tarefas de reprografia na sede central do Partido. A camarada Gertrudes foi uma mulher obreira da liberdade e da democracia em Portugal.

O Secretariado do Comité Central expressou o seu mais sentido pesar pelo falecimento da nossa querida camarada Gertrudes, acompanhando o sentimento de perda de uma destacada militante comunista que dedicou toda a sua vida ao nosso Partido, em defesa do ideal comunista e à luta pela democracia, a liberdade e o socialismo.



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