Repressão e massacres da população na Síria

Um ambiente de horror prevalece na região costeira da Síria, depois dos assassinatos em massa que foram cometidos nos últimos dias contra a população, que provocaram um grande número de mortos, de feridos e de refugiados.

Os comunistas sírios defendem o fim da ocupação colonial do seu país

Os massacres começaram no dia 6 nas províncias de Tartus, Latakia e Hama, no Oeste sírio, e foram cometidos sobretudo contra populações alauitas e cristãs, duas das minorias étnico-religiosas do país, por grupos armados ligados ao novo poder, que continua a ser normalizado pela UE e por diversos países, assim como pelas grandes cadeias de comunicação. Trata-se da mais brutal acção de repressão por parte dos grupos armados que derrubaram o governo do presidente Bashar al-Assad.

Perante a violência, as perseguições e os crimes que têm sido levados a cabo pelo novo poder na Síria desde a sua instauração em Dezembro passado, em alguns locais surgem núcleos organizados de resistência.

O Partido Comunista Sírio, na clandestinidade, denuncia os «actos hediondos» cometidos contra a população ao longo da costa síria: «Civis desarmados, incluindo mulheres, crianças e idosos, foram mortos às centenas»; casas foram saqueadas e incendiadas. Quanto mais distantes as regiões se encontram das atenções mediáticas, «mais brutais são as práticas», denuncia. Os comunistas alertam ainda para a presença de mercenários estrangeiros, desde uigures a chechenos, e de criminosos procurados pela justiça nos seus países, «que competiram na prática de actos brutais com os seus homólogos de Idlib e algumas outras regiões sírias».

O Partido Comunista Sírio declarou ainda que o «genocídio perpetrado pelos obscurantistas é um crime imperdoável», insurgiu-se contra «os esforços dos sionistas e dos colonialistas para dividir a Síria» e apelou à unidade das forças patrióticas na luta contra os ocupantes «israelitas, americanos e turcos» e pela independência e completa soberania nacional. A liberdade e a vida digna para o povo, garante, «não podem ser alcançadas a não ser através do fim da ocupação e da dominação colonial».

PCP exige fim imediato dos massacres na Síria
O PCP condena veementemente «os massacres e todo o tipo de crimes perpetrados contra as populações na Síria por parte de grupos armados terroristas, que tomaram de assalto o poder neste país no passado dia 8 de Dezembro». Em nota de imprensa de dia 10, refere que «a violenta acção levada a cabo por estes grupos, que integram milhares de mercenários estrangeiros, tem como alvo minorias étnicas e religiosas, entre as quais as populações alauitas e cristãs, bem como as forças políticas e sociais que pugnam por uma República Árabe Síria soberana, democrática e secular».

O PCP denuncia as responsabilidades da Turquia, de Israel e dos EUA, assim como da União Europeia, «por anos de permanente ingerência, agressão e ocupação militar de territórios da Síria, de pilhagem dos seus recursos naturais, de imposição de um bloqueio económico e financeiro desumano e de promoção e apoio à acção de grupos armados terroristas». E apela à denúncia e condenação dos hediondos crimes e perseguições levadas a cabo pelo poder reaccionário e obscurantista instalado na Síria, assim como à afirmação da exigência do imediato fim da sua campanha criminosa e da urgente prestação da ajuda humanitária aos muitos milhares de refugiados sírios.

Tendo presente as históricas tradições de luta do povo e dos comunistas sírios, incluindo o seu apoio à causa nacional palestiniana, o PCP «expressa a sua solidariedade ao povo sírio e às forças patrióticas e progressistas sírias, que legitimamente resistem face aos crimes, às violências, aos abusos e às arbitrariedades de um poder opressor e lutam por uma República Árabe Síria soberana, democrática e secular, em que todas as populações, independentemente da sua etnia ou religião, vivam em paz.»

 



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