Na carta reivindicativa dirigida a Luís Montenegro exige-se, por exemplo, que o Governo tome «medidas urgentes» para melhorar o serviço público prestado pela Fertagus, que «não sofre alterações praticamente desde a sua inauguração», em 1999. «Em 2019, com a introdução do passe intermodal, conquista dos utentes, reivindicado por décadas em inúmeras acções, e que permitiu a milhares de famílias o acesso ao sistema de transportes públicos e ao serviço da Fertagus a preços razoáveis, bem abaixo dos que praticava, levou a que a procura pelo serviço [ferroviário suburbano] tenha aumentado exponencialmente», afirma a CUTMS, recordando que a resposta da empresa ao aumento da procura foi «no sentido de diminuir o conforto das viagens, substituindo a qualidade pela quantidade, com a redução significativa de lugares sentados nas carruagens».

O problema agravou-se com o crescimento demográfico da Península de Setúbal, que não foi acompanhado pelo desenvolvimento de um serviço público de transportes de qualidade, fiável, que respondesse às necessidades dos utentes. Assim, hoje assiste-se a carruagens sobrelotadas nas horas de ponta; atrasos decorrentes da dificuldade em entrar e sair das carruagens; aglomeração junto às entradas; situações de insegurança e de pânico; idas regulares do INEM às estações para recolher pessoas que se sentem mal devido ao excesso de passageiros; ameaças, insultos e agressões entre utentes desesperados para entrar ou sair dos comboios; mobilização da PSP e de seguranças para garantir a entrada das pessoas nas composições; utentes a viajarem «para trás» duas estações para poderem entrar no comboio em que efectivamente necessitam de viajar; situações de stress e ansiedade infligidas diariamente a milhares de utentes de transportes.

Sobre a Transtejo, além da reduzida frequência em hora de ponta, os utentes queixam-se da supressão de barcos diariamente por falta de meios técnicos e humanos. Simultaneamente, os autocarros «padecem do mal da falta de adequação de horários e de percurso». Como exemplo, referem que «a faixa BUS entre o Centro Sul, em Almada, e as portagens da Ponte 25 de Abril foi suprimida em benefício de uma obra que só potenciará o uso do veículo automóvel».

Entre outras medidas, a CUTMS reclama que o Executivo PSD/CDS adopte, no imediato, medidas urgentes junto das instâncias competentes para resolver o litígio que bloqueia o concurso de aquisição de novas composições; promova activamente a articulação entre todos os operadores do serviço público de transportes e as Infra-estruturas de Portugal, com o intento de adequar a sua resposta às necessidades das pessoas; coloque a CP a operar no troço da linha Setúbal-Roma/Areeiro, ficando a Fertagus a operar, por exemplo, o troço Pinhal Novo – Roma/Areeiro; reabra a faixa BUS do Centro Sul e a estenda ao tabuleiro da Ponte 25 de Abril.