Eleições parlamentares na Alemanha
Os resultados das eleições para o parlamento federal na Alemanha, no dia 23, deram a vitória, embora longe da maioria absoluta, ao bloco de direita União Democrata Cristã/União Social Cristã (CDU/CSU), com 28,6% dos votos (+4,4%) e 208 deputados (+11). Em segundo lugar ficou o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), com 20,8% dos votos (+10,3%) e alcançando 152 deputados (+69).
O Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler cessante Olaf Scholz, obteve 16,4% (-9,3%) e 120 deputados (-86), um dos piores resultados de sempre. Os Verdes alcançaram 11,6% dos votos (-3,1%) e 85 deputados (-33). O Partido Democrático Livre (FDP), liberal, que também integrou a coligação governamental, ficará de fora do parlamento, já que obteve 4,3% dos votos (-7,1%), aquém do limiar mínimo dos 5% exigidos para estar representado no parlamento, perdendo os seus 91 deputados.
Todos os partidos que integraram a coligação governamental recuaram em percentagem eleitoral e número de votos, tendo sido o FDP o partido que mais perdeu em termos relativos. Também na Alemanha, a coligação governamental liderada pela «social-democracia» com a sua política rendida ao neoliberalismo e ao militarismo abriu caminho ao avanço da extrema-direita e da direita, igualmente promovidas pelo sistema.
A Esquerda (Die Linke) conquistou 8,8% dos votos (+3,9%) eobtendo 64 deputados (+25), quase recuperando os resultados que havia alcançado em 2017. A Esquerda comprometeu-se a intervir por uma distribuição mais equitativa da riqueza criada, por mais democracia, pela defesa do ambiente e pela oposição à direita.
A Aliança Sahra Wagenknecht – Pela Razão e Justiça (BSW), que se candidatou pela primeira vez a uma eleição para o parlamento federal, obteve 4,972% dos votos, quase alcançando o limiar dos 5%. A BSW foi a força política que assumiu uma clara e coerente posição em defesa da paz e de oposição à escalada armamentista, assim como em defesa dos direitos sociais, tendo sido alvo do ataque pelos meios de comunicação social e da manipulação e condicionamento por parte das denominadas «sondagens».
O Parlamento alemão é composto por 630 assentos, sendo necessários 316 deputados para alcançar uma maioria absoluta. Participaram na votação cerca de 82,5% do eleitorado, uma subida de cerca de 6%.
Com a vitória da CDU/CSU e a perspectiva da formação de uma nova «grande coligação» com o SPD, o povo alemão não verá uma qualquer real alternativa à política que tem vindo a ser prosseguida. Pelo contrário, anuncia-se a continuação e o reforço do militarismo e do neoliberalismo, agora liderado pela CDU/CSU e por um novo chanceler, Friedrich Merz, alto representante do capital financeiro alemão e transatlântico. Um dos primeiros actos após as eleições foi convidar o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a visitar a Alemanha.