Colocar os problemas do povo no centro do debate político
No debate com o primeiro-ministro, realizado no dia 5, o PCP confrontou o Governo com as suas intenções para a Segurança Social, os problemas de quem trabalha por turnos e o preço elevado do gás de botija. As respostas não foram convincentes.
Os fundos de pensões ambicionam apoderar-se dos descontos dos trabalhadores
O Secretário-Geral do PCP acusou o Governo de pretender abrir uma nova ofensiva contra os direitos dos trabalhadores, centrado em novas alterações às leis laborais (ainda mais favoráveis ao grande capital) e no assalto que está a ser preparado ao sistema público de Segurança Social: «querem mais horas e querem mais tempo de trabalho, querem ainda mais precariedade e querem que os jovens trabalhem até aos últimos dias da sua vida», acusou Paulo Raimundo
Relativamente a quem trabalha por turnos e à noite, com ritmos intensíssimos que não só não abrandaram como se agravaram, o que se impõe – afirmou o dirigente comunista – «não é o aumento, mas a redução do tempo de trabalho e a garantia de que 40 anos de trabalho dão acesso à reforma sem penalizações. A ciência e a técnica avançam, e o Governo «quer que andemos para trás», denunciou.
Sobre a Segurança Social, Paulo Raimundo rejeitou que haja um problema de sustentabilidade e garantiu que os fundos do sistema público são tão substanciais que suscitam a gula do grande capital, que se quer apoderar deles. E alertou: o último governo que tentou mexer na Taxa Social Única e nos descontos dos trabalhadores começou aí a «cavar a sua derrota política e social», numa referência ao Executivo PSD/CDS, de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, sendo então Luís Montenegro líder parlamentar do PSD.
O primeiro-ministro e a ministra do Trabalho furtaram-se a qualquer explicação minimamente esclarecedora, limitando-se no essencial a remeter para a próxima legislatura qualquer mexida concreta na lei. Mantiveram, porém, a mistificação em torno da sustentabilidade da Segurança Social.
Continuando a procurar recolocar no centro do debate político os problemas que afectam a generalidade da população, Paulo Raimundo questionou o Governo acerca do elevado preço do gás de botija, que afecta 5 milhões de portugueses: em Espanha, lembrou, uma botija de gás custa 16,64 euros, enquanto em Portugal a mesma botija, da mesma marca, custa 35,90. o PCP defende a fixação do IVA do gás de botija nos 6 por cento e a regulação do seu preço de venda, à semelhança do que ocorre em Espanha.
Numa terceira pergunta, o Secretário-Geral do Partido reafirmou a necessidade de Portugal reconhecer, «de uma vez por todas, o Estado da Palestina». A resposta tinha já sido dada dias antes, com PSD e CDS a travarem os projectos de resolução apresentados com esse mesmo objectivo, e já esta semana, com a visita do ministro dos Negócios Estrangeiros a Israel.