Interjovem reforçada para organizar e lutar
Na 10.ª Conferência Nacional da Interjovem confirmou-se a importância da organização específica da CGTP-IN para a juventude, analisou-se a situação e os resultados das lutas e avançou-se no reforço.
Começa desde já a mobilização para a grande jornada de 28 de Março
O Secretário-Geral da CGTP-IN, que interveio no encerramento, salientou que «o papel dos jovens e da Interjovem é de grande importância para o movimento sindical». «Saímos daqui orgulhosos daquilo que construímos e do percurso que definimos, mas com uma responsabilidade muito grande: o reforço da Interjovem nos sindicatos, fundamental para as tarefas que temos pela frente», realçou Tiago Oliveira.
Retrato para mudar
A conferência decorreu durante a manhã e a tarde de quinta-feira, dia 23, no ISCTE, em Lisboa, que contou com 240 participantes de 48 sindicatos, nove federações e 18 uniões. Sob o lema «Com os sindicatos. Com os valores de Abril. Defender e organizar os jovens trabalhadores», foi debatida a actividade realizada desde a 9.ª Conferência (5 de Novembro de 2020), foram definidas orientações gerais, para a acção a realizar nos próximos quatro anos, e foi eleita a Direcção Nacional da Interjovem, para um mandato até 2029.
Nos documentos em discussão e nas intervenções foi feito um retrato da situação dos trabalhadores e da juventude, tratando problemas gerais, a começar pelos salários e os elevados níveis de precariedade, bem como o acesso à habitação e o direito à paz, entre outros, e indo ao pormenor da geografia, do sector de actividade e de várias empresas e serviços. Foram igualmente dados exemplos de unidade, organização, luta, resistência e avanços, da educação à hotelaria, da saúde aos escritórios e serviços, em empresas e na Administração Pública.
Foram aprovados por unanimidade todos os documentos: Relatório de Actividades, Orientações Gerais para a Acção, Resolução sobre acção sindical integrada, moções «Jovens na rua, Abril continua», «Queremos casas para morar», «Os jovens querem a paz, não o que a guerra traz» e «Luta! Pelo teu salário, pela tua carreira, por uma vida digna».
A Direcção Nacional, composta por 25 membros (15 dos quais são mulheres e 20 integram o órgão pela primeira vez), recebeu 171 votos favoráveis (contados 7 votos em branco).
No período preparatório da conferência, realizaram-se encontros regionais, em Braga, Coimbra, Évora, Faro, Leiria e Porto, e sectoriais, na FECTRANS (transportes e comunicações), na FNSTFPS (Função Pública), no CESP (comércio, escritórios e serviços), no SINTAF (actividade financeira) e no STAL (administração local), e também a 11.ª Conferência Distrital de Lisboa da Interjovem.
Aos delegados foi distribuído um documento de apoio, com dados acerca da situação dos jovens trabalhadores, que são cerca de 1,2 milhões, representando 27 por cento dos assalariados. Na Resolução, refere-se que sofrem «um brutal agravamento das suas condições de vida e de trabalho, com o aumento do custo de vida e da habitação, enquanto as grandes empresas acumulam lucros escandalosos à custa de quem trabalha».
Tiago Oliveira assinalou que «esta realidade só existe por opções políticas», ou seja, «os problemas, como os que aqui foram colocados, devem-se ao patrão e às políticas que têm sido seguidas».
A Interjovem fez suas as reivindicações centrais da CGTP-IN, nomeadamente: o aumento geral dos salários em 15 por cento, num mínimo de 150 euros; as 35 horas semanais e o fim da desregulação e sobrecarga de horários; 25 dias de férias anuais; revogação das normas gravosas da legislação laboral; fim da precariedade, cumprindo o princípio de vínculo efectivo para postos de trabalho permanentes. Exige ainda «medidas concretas» para valorização do trabalho jovem e para garantir o direito à habitação, cumprimento dos direitos de maternidade e paternidade e fim de todas as discriminações no emprego.
Decisões para avançar
«Temos de levar aos locais de trabalho as reivindicações aqui colocadas», promovendo a unidade e a luta, apelou o Secretário-Geral da CGTP-IN. Tiago Oliveira destacou a mobilização, desde já, para que o Dia Nacional da Juventude Trabalhadora seja assinalado com «uma grande acção de massas»: a manifestação nacional que vai realizar-se em Lisboa, a 28 de Março, com concentração na Praça da Figueira, às 15 horas.
Na Resolução sublinha-se, como «indispensáveis», medidas de direcção e métodos de trabalho, para assegurar, por exemplo: definição de responsáveis e criação de mais comissões de jovens nos sindicatos; aprofundamento da análise e da reflexão sobre os problemas específicos e as aspirações da juventude trabalhadora; definição de locais de trabalho para intervenção prioritária; definição de metas ambiciosas para a organização, com base nas potencialidades; sindicalização de 20 mil jovens trabalhadores, durante este mandato, e eleição de 500 novos delegados sindicais, com menos de 30 anos de idade.