Indústria em vez de especulação nos terrenos da refinaria da GALP
O SITE Norte e a FIEQUIMETAL/CGTP-IN assinalaramno local os quatros anos do anúncio de encerramento do complexo petroquímico que tinha no núcleo a refinaria da Petrogal, em Leça do Balio (Matosinhos).
O Governo deve traçar um plano de investimentos para aqui manter actividade industrial
Uma acção de luta foi ali realizada, na tarde de 19 de Dezembro, para exigir investimentos industriais e recusar a utilização dos terrenos para especulação imobiliária. Foi também reclamada, por dirigentes sindicais e antigos trabalhadores da refinaria, a defesa dos direitos de quem foi despedido da refinaria, desactivada desde 30 de Abril de 2021.
Ficou ali colocado um painel, insistindo na acusação de que o encerramento da refinaria foi um crime económico.
Uma delegação da Direcção da Organização Regional do Norte do PCP, integrando Alexandra Pinto, do Comité Central, esteve presente, a reafirmar solidariedade aos objectivos desta luta.
Não se trata de um funeral, nem de uma efeméride, salientou o Secretário-Geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira, na última das intervenções ali produzidas. Sublinhou que este acto visou dar força à exigência, dirigida ao Governo, para ser delineado um plano de investimentos, que potencie este importante complexo, na perspectiva do desenvolvimento industrial. Os terrenos «têm de continuar a servir os interesses do País e dos trabalhadores, têm de contribuir para manter actividade industrial, aumentar a produção nacional e criar emprego», frisou o dirigente sindical.
Tiago Oliveira deixou ainda um alerta quanto à situação dos trabalhadores que foram «deixados para trás há quatro anos». Muitos trabalhadores «já terminaram o período de concessão do subsídio de desemprego e não vêem solução para as suas vidas». De 147 que foram despedidos, muitos têm trabalho com vínculos precários e uma centena continua sem emprego.
Por todos estes motivos, «não nos esquecemos das palavras do então primeiro-ministro, António Costa, que se mostrou disposto a “dar uma lição à administração da GALP”».
Tomaram a palavra dois trabalhadores que viveram pessoalmente o fecho da refinaria.
Ainda a trabalhar na Petrogal, Carlos Cunha contou que o futuro, para si e outros camaradas em situação semelhante, é uma incógnita. Recordou como, em alturas de greves, impunham serviços mínimos que eram verdadeiros serviços máximos, alegando que era muito importante manter a refinaria a funcionar. Mas, afinal, decidiram fechá-la, numa decisão que nada teve a ver com objectivos de defesa do ambiente.
Com o seu despedimento em contestação judicial, César Martins relatou que frequentou, em tempos, uma acção de formação profissional, para marinheiro maquinista. Quando recebeu uma proposta de emprego, vinha com o salário mínimo. Ora, na refinaria, com a sua profissão, tinha um salário de cerca de dois mil euros.
O então ministro do Ambiente, Matos Fernandes, mostrou ser um entusiasmado aluno da Comissão Europeia, quando anunciou e defendeu afincadamente o encerramento da refinaria, acusou Hélder Guerreiro. Só que a medida, protestou este dirigente da FIEQUIMETAL e da Comissão de Trabalhadores da Petrogal, não resolveu os problemas ambientais. O fecho da refinaria representou a destruição de um importante activo industrial nacional, obrigando agora à importação de muitos produtos que ali eram fabricados.