Israel ocupa Síria e massacra Faixa de Gaza
Na Faixa de Gaza, onde há palestinianos em risco de morrer de fome, tropas israelitas continuam a atacar escolas e hospitais. Na Síria, as forças de Israel continuam a bombardear e a ocupar território.
Bloqueio israelita à Faixa de Gaza «está a matar de fome» os palestinianos
O Conselho Nacional Palestiniano condenou os bombardeamentos das forças israelitas contra um hospital e uma escola cheia de refugiados palestinianos, na Faixa de Gaza, agressões que considerou uma violação das leis internacionais. O organismo denunciou os ataques, na noite de 22, contra o centro escolar Musa bin Nusayr, que causaram numerosos mortos e feridos, e contra o complexo de saúde Kamal Adwan, na cidade nortenha de Beit Lahia.
A Faixa de Gaza, entretanto, entrou numa «fase de fome» devido à destruição causada pelo exército israelita e aos encerramentos deliberados das passagens fronteiriças.
O responsável pela região de Khan Yunis alertou que o bloqueio israelita ao território «está a matar de fome os palestinianos». Precisou que os militares israelitas fecham por longos períodos as passagens fronteiriças e, quando as abrem, limitam a entrada de produtos vitais para as necessidades da população.
Israel ocupa mais áreas na Síria
As forças israelitas persistem em agressões que violam a soberania e integridade territorial da Síria, ao levar a cabo bombardeamentos aéreos e incursões terrestres para ocupar novas áreas do país.
Após a tomada do poder em Damasco, a 8 de Dezembro, por uma aliança de grupos armados, Israel intensificou os seus ataques aéreos para destruir a infra-estrutura militar do exército sírio e ampliar a ocupação dos Montes Golã.
O governo israelita pôs fim ao Acordo de Separação de Forças, de 1974, com a Síria e ocupou a zona-tampão desmilitarizada dos Montes Golã, assim como o Monte Hermón. Depois disso, as tropas ocupantes penetraram em zonas rurais de Deraa e Quneitra.
CPPC insta ao fim da ingerência e agressão à Síria
É com preocupação que o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) acompanha os acontecimentos na Síria e alerta para os riscos de uma nova escalada da violência e do fim da existência desse país enquanto Estado soberano e secular.
Segundo o CPPC, os recentes acontecimentos na Síria são indissociáveis de mais de uma década de ingerência externa e agressão, de ilegal ocupação de partes do seu território por forças militares estrangeiras – nomeadamente dos EUA e da Turquia, sem esquecer a ilegal ocupação dos Montes Golã por Israel –, do saque dos seus recursos, desde logo, os petrolíferos, e de pesadas sanções económicas impostas à margem da ONU pelos EUA e a União Europeia, que fragilizaram a economia, dificultaram a aquisição de bens de primeira necessidade, como alimentos e medicamentos, assim como a reconstrução do país devastado por anos de guerra.
O CPPC denunciou que as forças que agora tomaram o poder e que dominam territórios na Síria – algumas das quais com origem na Al-Qaeda ou no chamado «Estado Islâmico» – foram treinadas, armadas e financiadas ao longo dos anos pelos EUA e outros países membros da NATO, por Israel e por Estados do Golfo, «ligação que fica desde logo evidente no seu silêncio face aos bombardeamentos, invasão e ocupação de mais território da Síria por parte de Israel, mas também por parte da Turquia e dos EUA».
Para o CPPC, a República Árabe Síria, pela postura soberana que assumia e pela solidariedade que sempre manifestou com o povo palestiniano, era, há muito, um alvo a abater para os EUA e os seus aliados, pelo que se impõe a exigência do fim dos bombardeamentos israelitas e da retirada das forças estrangeiras que ocupam ilegalmente a Síria.
O CPPC defende que «é premente uma solução política que garanta a soberania e os direitos do povo sírio, a integridade territorial do seu país, o carácter secular do seu Estado, com a sua composição multiétnica e religiosa». E que «é premente a paz no Médio Oriente, o fim do genocídio do povo palestiniano e a criação do Estado da Palestina e o cumprimento do direito de retorno dos refugiados palestinianos, conforme determinado pelas resoluções da ONU».