Comunistas sul-africanos em Congresso extraordinário

O 5.º Con­gresso Na­ci­onal Ex­tra­or­di­nário do Par­tido Co­mu­nista Sul-Afri­cano (PCSA) ter­minou no dia 14, na ci­dade de Boks­burg, com a par­ti­ci­pação de 570 de­le­gados – em re­pre­sen­tação de 370 mil mi­li­tantes –, que apro­varam a de­cla­ração «Con­so­lidar e cons­truir um po­de­roso mo­vi­mento so­ci­a­lista dos tra­ba­lha­dores e dos po­bres».

Na África do Sul, re­a­firmam os co­mu­nistas, a Re­vo­lução De­mo­crá­tica Na­ci­onal (RDN) «con­tinua a ser o ca­minho es­tra­té­gico, di­recto e mais curto para al­cançar uma so­ci­e­dade so­ci­a­lista».

A de­cla­ração cri­tica a si­tu­ação no país, sa­li­en­tando que, não obs­tante os avanços po­lí­ticos e so­ciais al­can­çados desde 1994, anos de po­lí­ticas ne­o­li­be­rais re­for­çaram le­gados do co­lo­ni­a­lismo e do apartheid, con­so­li­dando as de­si­gual­dades so­ciais, apro­fun­dando a mar­gi­na­li­zação eco­nó­mica e per­pe­tu­ando a po­breza sis­té­mica e o de­sem­prego.

O PCSA su­blinha que a der­rota elei­toral em 2024 da mai­oria das forças de li­ber­tação li­de­radas pelo ANC re­pre­senta um pro­fundo revés po­lí­tico para as forças pro­gres­sistas sul-afri­canas. Um re­sul­tado que na con­si­de­ração do PCSA evi­dencia a in­sa­tis­fação das massas pe­rante a in­ca­pa­ci­dade de en­frentar as crises so­ciais e eco­nó­micas do ca­pi­ta­lismo, in­cluindo o de­sem­prego, a po­breza, a de­si­gual­dade, o au­mento do custo de vida e os ele­vados ní­veis de cri­mi­na­li­dade.

O PCSA su­blinha ainda a in­su­fi­ci­ente re­pre­sen­tação da classe tra­ba­lha­dora no plano elei­toral, que re­flecte a de­si­lusão dos elei­tores com o ne­o­li­be­ra­lismo e a sua cap­tura do Es­tado. Uma si­tu­ação que ali­mentou uma pe­ri­gosa vi­ragem para o po­pu­lismo ét­nico. O do­cu­mento cri­tica a in­clusão da Ali­ança De­mo­crá­tica, par­tido ne­o­li­beral, no ac­tual go­verno li­de­rado pelo ANC.

Cum­prir a Re­vo­lução De­mo­crá­tica Na­ci­onal
Como ca­minho para a so­lução dos grandes pro­blemas do país – entre os quais a po­breza, a de­si­gual­dade, o de­sem­prego, a cor­rupção, o sub­fi­nan­ci­a­mento dos ser­viços pú­blicos es­sen­ciais como a saúde, a edu­cação, o abas­te­ci­mento de água e elec­tri­ci­dade –, o PCSA con­si­dera ser ne­ces­sário mo­bi­lizar os tra­ba­lha­dores, os mais des­fa­vo­re­cidos, em torno de um pro­grama comum para as­se­gurar a li­de­rança da classe tra­ba­lha­dora no avanço da Re­vo­lução De­mo­crá­tica Na­ci­onal.

Para tal, os co­mu­nistas pro­põem a for­mação de um eixo de es­querda para o so­ci­a­lismo, an­co­rado pelo PCSA e pela cen­tral sin­dical CO­SATU, em par­ceria com or­ga­ni­za­ções po­lí­ticas pro­gres­sistas, sin­di­catos e mo­vi­mentos so­ciais, assim como a pro­moção da uni­dade e da so­li­da­ri­e­dade afri­canas, da re­sis­tência ao im­pe­ri­a­lismo e da co­o­pe­ração entre as forças pro­gres­sistas no plano in­ter­na­ci­onal.

A de­cla­ração do Con­gresso de­fende que a de­cisão do PCSA de con­correr de forma in­de­pen­dente às elei­ções lo­cais de 2026 pode pro­mover a re­pre­sen­tação da classe tra­ba­lha­dora, de­sa­fiar as po­lí­ticas ne­o­li­be­rais e cons­truir o poder das pes­soas nas co­mu­ni­dades. E, so­bre­tudo, re­con­fi­gurar no ter­reno a Ali­ança entre o ANC, o PCSA e a CO­SATU – Ali­ança que go­verna o país desde 1994 –, li­gando-a de novo às lutas po­pu­lares e ali­nhando-a com os ob­jec­tivos re­vo­lu­ci­o­ná­rios da RDN.

O Con­gresso ho­me­na­geou Chris Hani – Se­cre­tário-Geral do SACP e líder do braço ar­mado do Con­gresso Na­ci­onal Afri­cano (ANC), que foi as­sas­si­nado em 1993 pelo apartheid.

 



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