Que força é esta?
Ver milhares e milhares de pessoas saírem à rua no Porto e em Lisboa, empunhando a bandeira vermelha dos trabalhadores, reclamando salários, direitos, condições de trabalho, estabilidade laboral, mas também melhores pensões, serviços públicos e apoios sociais, direito à habitação e defendendo a paz, faz colocar a questão.
Que força é esta?
Os tempos não vão de feição. Os projectos reaccionários avançam, soprados a partir da acção de PSD e CDS no Governo, de Chega e IL no Parlamento e de estruturas diversas pagas a peso de ouro.
A máquina de propaganda do Governo está perfeitamente oleada (lidando bem com a inabilidade deste ou daquele ministro), procurando dar a ideia que estão a resolver problemas.
O condicionamento ideológico está à solta a partir dos grandes órgãos de Comunicação Social, sustentados e a mando dos grupos económicos, procurando impor o conformismo e a resignação.
A atitude demissionista do PS (para a qual o Comité Central alertou desde a primeira hora, por ventura de forma bastante suave face ao que a vida mostra) aí está, e não apenas no Orçamento do Estado, mas em todos os elementos de fundo que interessem ao grande capital.
Aí estão as tentativas de divisão e dispersão para outras agendas que não as de todos os trabalhadores, dos explorados, dos que estão unidos naturalmente porque são eles os que produzem a riqueza, mas não têm acesso a ela.
Então que força é esta que leva homens e mulheres, jovens e menos jovens, naturais e imigrantes a gritar a uma só voz, com força, alegria, combatividade, determinação?
É a força que nasce da raiva às injustiças que se fazem sentir de forma gritante. Às desigualdades que se acentuam. Mas é principalmente saber que a força organizada das massas não vacila perante nenhuma manobra de diversão, que não se engana quanto ao que está em causa, que não tem ilusões nem dá o benefício da dúvida a quem apenas dá a certeza de prosseguir a política que está nas origens das dificuldades que o povo sente, a política de direita.
É a vontade de quem não desiste perante ventos e marés de quem sabe que é na luta organizada que está a resposta aos seus problemas.
Que aqui está, para o que der e vier.