Mural de azulejos inscreve os valores de Abril nas ruas de Lisboa

Os valores de Abril ganharam nova expressão na cidade de Lisboa com a inauguração, no dia 13, de um mural colectivo de azulejos. Muitos foram os que acorreram à iniciativa, entre eles esteve Paulo Raimundo.

O mural de azulejos é uma oferta do PCP à cidade de Lisboa e à sua população

Foram mesmo muitos os que decidiram participar na inauguração do mural de azulejos oferecido pelo PCP à cidade de Lisboa. Na manhã de domingo, na calçada do Carmo, mesmo junto à Estação do Rossio, no coração da cidade, estiveram militantes e amigos do PCP, mas tantos outros que fizeram questão de visitar o resultado final de um processo que durou mais de um ano. Muitos deles com um azulejo da sua autoria ali exposto, numa das paredes da cidade.

Como explicou o Avante! na edição da semana passada, este mural colectivo, com mais de 900 azulejos, é o resultado final de um processo que contou com a realização de dezenas de oficinas por todo o País. As pessoas foram desafiadas a exprimir, num azulejo, o que é para elas Abril. Agora, com o resultado final à vista, um padrão enorme de diversas cores, conquistas, direitos e valores de Abril, desenham um grande cravo com a palavra «Cumprir» inacabada, tal como a própria revolução de Abril, ainda por terminar.

O mural é, para todos os efeitos, colectivo, mas a curadoria dos azulejos e a direcção artística do projecto coube a Miguel Januário, designer, artista plástico e militante comunista. Um segundo painel será ainda instalado no Porto. A elaboração das duas obras e a sua instalação em ambas as cidades integra-se nas comemorações do PCP do 50.º aniversário do 25 de Abril.

Constituição presente

«Abril vive, Abril é mais futuro e essa realidade esteve e está presente nas nossas comemorações dos seus 50 anos. Abril vive em cada traço de cada azulejo que compõe este mural», começou por afirmar Paulo Raimundo que interveio a seguir ao descerramento do pano que escondia o mural.

«Sob o lema Cumprir», continuou, «este é um projecto que ousa exactamente isso, fazer cumprir Abril, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa (CRP)». Constituição essa que, como explicou o Secretário-Geral, esteve presente em cada uma das oficinas que construíram o mural, através da sua distribuição integral e de elementos gráficos alusivos aos seus artigos e outros conteúdo programáticos para quem os quisesse utilizar na elaboração do seu azulejo.

«Este é um dos grandes contributos deste mural para confirmar a validade de uma Constituição, também ela construída a pulso, feita de múltiplas vontades, com uma massa imensa a tomar nas suas mãos o seu destino e a afirmá-lo na lei fundamental do País», afirmou. «E assim estamos nós, a prosseguir a luta dando seguimento e afirmando os valores de Abril e esse legado de gerações e gerações. Assim estamos todos, pessoas de várias origens, idades, ocupações, a manusearem, a folhearem, a lerem, a viverem e a pintarem a lei fundamental do nosso País», essa lei que «urge estar presente na vida de todos nós», acrescentou.

Todos ao mesmo nível

«São todos construtores desta obra, 924 pessoas juntas, todas elas protagonistas e tratadas por igual e sem azulejos de eleição», frisou. O Secretário-Geral referia-se a todos os participantes a quem o Partido não pediu «currículo, cartão ou simpatias partidárias», pois para este projecto, «todos os que vieram, sabiam ao que vinham e foram, e são bem-vindos». «Todos são bem-vindos, todos são fundamentais e muito nos honram com a sua participação», acrescentou ainda sobre o projecto ao qual aderiram «crianças, mulheres, homens, jovens e mais velhos; alunos e professores; artistas; operários e intelectuais; trabalhadores e reformados», mas «todos por Abril».

Esforço individual redobrado pelo colectivo

«Entendeu o PCP oferecer à cidade de Lisboa um mural de azulejos alusivo ao 50.º aniversário do 25 de Abril. Se há uma primeira palavra que é devida pela cidade ao PCP, ao Miguel Januário e a todos e a cada um dos 924 obreiros deste mural, essa palavra é obrigado», começou por afirmar João Ferreira, que também interveio na iniciativa.

«Uma palavra devida», continuou, «por um gesto de enorme generosidade e cheio de significado». «Esta que será, certamente, uma das mais impressivas e perenes marcas que Lisboa guardará da presença destes 50 anos», acrescentou.

«Naquele tempo [da Revolução], o esforço de cada um ganhava redobrado sentido quando transformado em esforço colectivo. Agora também e parece que estamos a falar do nosso mural», contou.

Miguel Januário, que também dirigiu algumas palavras ao público, começou por agradecer, em particular, ao Ismael, ladrilhador que o ajudou ao longo de todo o processo de montagem do mural. O artista recordou ainda todo o processo de criação que o levou até ali, referindo que o principal objectivo, inscrever Abril nas ruas de duas cidades do País, está a ser cumprido.

A iniciativa de inauguração foi marcada por diferentes apontamentos culturais, como o momento de poesia com crianças, declamado por Leonor, Maria Ana e Ana Sofia Paiva e os momentos musicais trazidos por LBC Soldjah e Francisco Antunes. A iniciativa foi apresentada por Íris Damião.



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