O Dia do Idoso: a luta por uma vida digna com o exercício de todos os direitos
Com os baixos valores das pensões, a qualidade de vida degrada-se
A 1 de Outubro celebra-se o Dia Internacional do Idoso. É um dia que devemos aproveitar para salientar a luta reivindicativa dos reformados, pensionistas e idosos, as oportunidades e desafios do envelhecimento e, sobretudo, os projectos de vida digna, com o exercício de todos os direitos.
Nas histórias de vida reconhecem-se alguns dos motivos que criam as situações de carência que se verificam quando se atingem as idades mais avançadas: os baixos salários; as dificuldades no acesso a cuidados de saúde eficazes; a falta de habitação condigna; as fracas condições de higiene e segurança no trabalho e muitas outras situações desfavoráveis que, pelos efeitos que causam, muito penalizam os mais velhos.
A população idosa é socialmente heterogénea, estão presentes todas as camadas sociais (o envelhecimento toca a todos!), mas a sua grande maioria tem más condições de vida e baixos rendimentos.
No processo de envelhecimento é muito sentido o facto de, durante a vida activa, as remunerações terem sido baixas. As mazelas que ficaram da fraca qualidade de vida que se teve, porque não havia rendimentos para uma vida melhor, fazem-se sentir quando se tem mais idade. Com os baixos valores das pensões, a qualidade de vida degrada-se, porque não cobrem as despesas necessárias para um envelhecimento com qualidade.
É muito justa a luta pelo aumento anual de todas as pensões que reponha, de facto, o poder de compra e as valorize; por uma rede de equipamentos e serviços de apoio em todo o País, com uma oferta de qualidade e a criação de uma Rede Pública de Lares. Igualmente os projectos de uma vida digna não dispensam um forte investimento no Serviço Nacional de Saúde, que concorra para o bem-estar físico e psicológico dos mais velhos, e uma resposta adequada às situações de doença e dependência.
Nas situações mais críticas do processo de envelhecimento, em que se têm de procurar respostas estruturadas de apoio e acolhimento, os valores das pensões são ultrapassados, em muito, pelos custos a suportar. As famílias, consoante as suas possibilidades (muitas vezes, com enormes dificuldades), procuram comparticipar nas mensalidades a pagar, mas, por força das circunstâncias, acabam por optar por soluções que não são as melhores para promover o bem-estar dos idosos (respostas com baixo nível de qualidade).
É justo reivindicar a criação de uma rede pública de lares gerida pela Segurança Social, que proporcione as respostas certas para os idosos.
Os idosos têm muitas preocupações:
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O direito à protecção na saúde não é realizado de modo eficaz e gratuito. Que custos se têm de suportar com os cuidados de saúde?
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Muitos inquilinos idosos tiveram de deixar as suas casas e mudar-se para outras. Ficou em causa o direito à habitação, um direito social de todos, e a autonomia pessoal.
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O bem-estar geral depende muito de uma dieta com variedade de géneros alimentares (carne, peixe, leguminosas, frutas, doces, etc.). Uma dieta com variedade de alimentos está ao alcance de quem recebe uma pensão de valor baixo?
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Manter a autoestima implica usar vestuário em quantidades e variedades de peças ajustadas às necessidades. O dinheiro disponível é suficiente?
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A participação na vida da comunidade é importante, bem como manter os contactos familiares e sociais adequados ao bem-estar afetivo e emocional. Os custos associados a estes eventos dificilmente podem ser previstos nos parcos orçamentos familiares!
Estas questões e muitas outras (transportes, dívidas, imprevistos, etc.), que fazem parte da vida dos idosos, têm uma forte relação com a situação económico-financeira.
Um projecto de vida só poderá ser realizado com os recursos adequados. A falta de recursos da grande maioria dos idosos (muitos pensionistas vivem no limiar de pobreza) torna inviáveis os projectos de vida que sentem ter direito, mesmo que limitados a satisfazer o que é essencial.
Os mais velhos contribuíram para os progressos económicos e sociais que foram alcançados. As novas tecnologias têm sido aplicadas mais na lógica do aumento dos lucros do que da valorização do potencial desenvolvimento científico e tecnológico útil para o bem-estar dos povos. É evidente que os idosos merecem ter uma vida digna que corresponda a tais progressos.
Uma estratégia nacional para o envelhecimento, que articule as políticas das várias áreas, tem de contrariar a ideia de estarmos condenados a ter de aceitar um processo de envelhecimento com menos direitos.