- Nº 2652 (2024/09/26)

O Dia do Idoso: a luta por uma vida digna com o exercício de todos os direitos

Argumentos

A 1 de Outubro celebra-se o Dia Internacional do Idoso. É um dia que devemos aproveitar para salientar a luta reivindicativa dos reformados, pensionistas e idosos, as oportunidades e desafios do envelhecimento e, sobretudo, os projectos de vida digna, com o exercício de todos os direitos.

Nas histórias de vida reconhecem-se alguns dos motivos que criam as situações de carência que se verificam quando se atingem as idades mais avançadas: os baixos salários; as dificuldades no acesso a cuidados de saúde eficazes; a falta de habitação condigna; as fracas condições de higiene e segurança no trabalho e muitas outras situações desfavoráveis que, pelos efeitos que causam, muito penalizam os mais velhos.

A população idosa é socialmente heterogénea, estão presentes todas as camadas sociais (o envelhecimento toca a todos!), mas a sua grande maioria tem más condições de vida e baixos rendimentos.

No processo de envelhecimento é muito sentido o facto de, durante a vida activa, as remunerações terem sido baixas. As mazelas que ficaram da fraca qualidade de vida que se teve, porque não havia rendimentos para uma vida melhor, fazem-se sentir quando se tem mais idade. Com os baixos valores das pensões, a qualidade de vida degrada-se, porque não cobrem as despesas necessárias para um envelhecimento com qualidade.

É muito justa a luta pelo aumento anual de todas as pensões que reponha, de facto, o poder de compra e as valorize; por uma rede de equipamentos e serviços de apoio em todo o País, com uma oferta de qualidade e a criação de uma Rede Pública de Lares. Igualmente os projectos de uma vida digna não dispensam um forte investimento no Serviço Nacional de Saúde, que concorra para o bem-estar físico e psicológico dos mais velhos, e uma resposta adequada às situações de doença e dependência.

Nas situações mais críticas do processo de envelhecimento, em que se têm de procurar respostas estruturadas de apoio e acolhimento, os valores das pensões são ultrapassados, em muito, pelos custos a suportar. As famílias, consoante as suas possibilidades (muitas vezes, com enormes dificuldades), procuram comparticipar nas mensalidades a pagar, mas, por força das circunstâncias, acabam por optar por soluções que não são as melhores para promover o bem-estar dos idosos (respostas com baixo nível de qualidade).

É justo reivindicar a criação de uma rede pública de lares gerida pela Segurança Social, que proporcione as respostas certas para os idosos.

Os idosos têm muitas preocupações:

Estas questões e muitas outras (transportes, dívidas, imprevistos, etc.), que fazem parte da vida dos idosos, têm uma forte relação com a situação económico-financeira.

Um projecto de vida só poderá ser realizado com os recursos adequados. A falta de recursos da grande maioria dos idosos (muitos pensionistas vivem no limiar de pobreza) torna inviáveis os projectos de vida que sentem ter direito, mesmo que limitados a satisfazer o que é essencial.

Os mais velhos contribuíram para os progressos económicos e sociais que foram alcançados. As novas tecnologias têm sido aplicadas mais na lógica do aumento dos lucros do que da valorização do potencial desenvolvimento científico e tecnológico útil para o bem-estar dos povos. É evidente que os idosos merecem ter uma vida digna que corresponda a tais progressos.

Uma estratégia nacional para o envelhecimento, que articule as políticas das várias áreas, tem de contrariar a ideia de estarmos condenados a ter de aceitar um processo de envelhecimento com menos direitos.