Luta por uma casa para viver prossegue dia 28 de Setembro

Um vasto conjunto de organizações e movimentos apela à participação na manifestação que vai ter lugar no dia 28 de Setembro, com início na Alameda, Lisboa, às 15h00, «por uma casa para viver».

«Este novo Governo só veio agravar ainda mais a crise de habitação!»

Para já, iniciativas semelhantes estão previstas, no mesmo dia, no Porto, Braga, Coimbra, Aveiro, Faro, Portimão, Guimarães, Lagos, Leiria, Santarém, Viseu, Madeira, Açores, Viana do Castelo, Covilhã, Almada e Guarda.

«Não se deixem enganar – este novo Governo só veio agravar ainda mais a crise de habitação!», afirma-se no apelo público à participação nas acções, para exigir do Executivo PSD-CDS que «deixe de estar sob comando dos interesses que empobrecem a população» e apelar aos deputados da Assembleia da República (AR) «que tenham coragem para enfrentar os interesses imobiliários e financeiros».

Para os subscritores do documento promovido pela Plataforma «Casa para Viver», é possível «resolver a crise de habitação» através das propostas que têm «defendido e que devem constar no próximo Orçamento do Estado e nas propostas a aprovar na AR», como baixar e regular as rendas para valores compatíveis com os rendimentos do trabalho em Portugal e dar estabilidade aos contratos de arrendamento; pôr fim aos despejos, desocupação e demolições que não tenham alternativa de habitação digna e que não preservem a unidade da família na sua área de residência; baixar as prestações bancárias, pondo os lucros da banca a pagar; rever imediatamente todas as formas de licenças para a especulação turística.

Acabar de uma vez por todas com o Estatuto dos Residentes Não Habitacionais, os incentivos para nómadas digitais, das isenções fiscais para o imobiliário de luxo e fundos imobiliários, assim como não voltar a ter nenhum regime que se assemelhe aos vistos gold; colocar de imediato a uso, com preços sociais, os imóveis devolutos do Estado, dos grandes proprietários, dos fundos e empresas que só têm como fim a especulação; aumentar o parque de habitação pública com qualidade do Estado e promover com urgência a reabilitação dos bairros sociais; criar formas de habitação cooperativa e outras que não sejam entregues ao mercado, são outras reivindicações.

 

«Não nos deixamos enganar»

Para a Plataforma «Casa para Viver», o programa «+ Habitação» do anterior governo (PS) «não resolveu» a crise na habitação, e os poucos avanços que aquela legislação trouxe «deveram-se à luta» que o movimento e as pessoas «fizeram nas ruas».

Agora, o novo Governo do PSD/CDS e a maioria de direita «tem propagandeado que vai resolver a crise de habitação com a ajuda dos promotores privados, exactamente aqueles que têm lucrado com a crise de habitação», tendo já anunciado o retrocesso das conquistas alcançadas nos últimos tempos, retirando as barreiras ao Alojamento Local, mantendo o regime dos Residentes Não Habitacionais, recuperando os vistos gold (com nova denominação de investimentos solidários) e revogando o controlo das rendas existentes, querendo passar as rendas anteriores a 1990 para o novo regime de arrendamento.

 

«É preciso que a banca seja chamada a contribuir»

Sobre a decisão tomada na quinta-feira, 12, pelo Banco Central Europeu (BCE) de baixar as taxas de juro de referência em 25 pontos base para 3,5 por cento, o Secretário-Geral do PCP, Paulo Raimundo – interrogado no encontro com a FNAM (ver página 12) – salientou que «é insuficiente» e «não vai alterar praticamente nada». O que «passa sempre ao lado» é que a «banca continua a pôr ao bolso 14 milhões de euros de lucros por dia», facto sobre o qual o BCE e o Governo «não se pronunciam». «É preciso que a banca seja chamada a contribuir para um drama que continua», frisou.

O Porta a Porta – Casa para Todos também se pronunciou sobre a decisão do BCE que «mantém as graves dificuldades das famílias e assegura os lucros da banca». Em comunicado, o movimento diz não aceitar «esta política de fachada» que «continua a sufocar quem tem casa para pagar ao banco e garante aos bancos lucros que são o suor do trabalho de quem precisa de casa para viver» e que o Governo PSD/CDS, tal como os anteriores do PS, sempre com o apoio da IL e do Chega, «tem dado cobertura».

«É por isso que, todos os que vivem e trabalham em Portugal, voltam a sair à rua [no dia 28 de Setembro] pela quarta vez consecutiva, para dizer que é urgente pôr os lucros da banca a pagar os aumentos das taxas de juro e é fundamental que as prestações das casas baixem», assegura o Porta a Porta.

 

PCP apresenta três projectos de lei em defesa do direito à Habitação

O Grupo Parlamentar do PCP entregou na sexta-feira um pacote de três projectos de lei para garantir os recursos necessários e as condições de acesso ao direito constitucional à habitação, a par do desenvolvimento sustentável do território, combatendo a especulação imobiliária e as práticas lesivas do interesse público, e promovendo a coesão social e territorial com a criação de emprego, infra-estruturas, serviços e equipamentos colectivos para toda a população.

«Ao contrário do que vem sendo afirmado pelos porta-vozes do Governo, de toda a direita e do poder económico que aqueles servem», para os comunistas «a solução para os graves problemas no acesso à Habitação não passa pela liberalização do uso dos solos, nem pela voragem dos espaços naturais». «Se o problema hoje é a especulação nas casas, a solução não é alargar a especulação também para os terrenos», mas «proteger a habitação própria», com medidas que o PCP já apresentou, bem como «proteger os inquilinos no arrendamento, assegurar a correcta articulação dos instrumentos de planeamento, combatendo a especulação, salvaguardar o interesse público na gestão dos solos e das cidades».

O primeiro projecto prevê a alteração ao Regime do Arrendamento Urbano, contendo um conjunto de medidas imediatas que respondam à agudização da crise habitacional garantindo a defesa do direito à habitação, como extinguir a estabilidade dos contratos de arrendamento por um período mínimo de 10 anos, extinguir o Balcão do Arrendamento, vulgo «balcão dos despejos», salvaguardar situações dramáticas criadas com a morte do arrendatário (primitivo ou cônjuge) ou dar garantias de acompanhamento social nas situações de despejo, sempre que se verifique grave risco social.

Os outros diplomas pretendem a regulamentação da Carta Municipal de Habitação e dar combate à especulação fundiária, através da alteração à Lei de Bases da Política Pública de Solos, do Ordenamento do Território e do Urbanismo.



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