No Reino Unido contra o racismo e o fascismo

Mi­lhares de pes­soas ma­ni­fes­taram-se em di­versas ci­dades do Reino Unido contra o ra­cismo e o fas­cismo, no fim de se­mana pas­sado. Foi a res­posta das forças pro­gres­sistas à onda de vi­o­lência pro­mo­vida no país pela ex­trema-di­reita.

Em prin­cí­pios deste mês, a vi­o­lência is­la­mo­fó­bica e ra­cista au­mentou no Reino Unido, após a ex­trema-di­reita ter uti­li­zado o es­fa­que­a­mento mortal de três me­ninas, em South­port, como pre­texto para pro­vocar tu­multos.

Agi­ta­dores ex­plo­raram o crime para pôr em prá­tica uma agenda ra­cista. Es­pa­lharam men­tiras nas redes so­ciais cla­mando que o ata­cante – nas­cido na Grã-Bre­tanha no seio de uma fa­mília cristã – é mu­çul­mano e imi­grante.

Nos dias se­guintes, grupos de ra­cistas, con­vo­cados pela ex­trema-di­reita através das redes so­ciais, ten­taram as­sas­sinar re­fu­gi­ados em ho­téis de aco­lhi­mento em Rotherham e Tamworth, in­cen­di­ando os edi­fí­cios. Cen­tros de imi­grantes e mes­quitas foram também alvos e os crimes de ódio contra mu­çul­manos tri­pli­caram.

A po­lícia efec­tuou quase 800 de­ten­ções e 349 pes­soas en­frentam acu­sa­ções.

A res­posta anti-ra­cista e an­ti­fas­cista não tardou. No­ticia o Mor­ning Star que, neste úl­timo fim de se­mana (10 e 11), em Lon­dres, mi­lhares de pes­soas jun­taram-se em West­minster, de­fronte da sede do par­tido Re­formar, de ex­trema-di­reita, cuja re­tó­rica ra­cista ajudou a ali­mentar a raiva nas ruas.

Ac­ções anti-ra­cistas si­mi­lares ti­veram lugar também em Li­ver­pool, Man­chester, New­castle, Hull, Norwich e ou­tras ci­dades. Na Es­cócia houve ma­ni­fes­ta­ções so­li­dá­rias com imi­grantes em Glasgow, Edin­burgh, Dundee e Aber­deen.

 

«Po­lí­tica ra­cista de di­vidir para reinar»

O Par­tido Co­mu­nista Bri­tâ­nico (PCB) pro­nun­ciou-se sobre esta re­cente vaga de vi­o­lência da ex­trema-di­reita no Reino Unido vi­sando, so­bre­tudo, mu­çul­manos e imi­grantes.

Para o PCB, «esta ofen­siva foi pro­vo­cada pelos prin­ci­pais meios de in­for­mação, por po­lí­ticos e ou­tros que «nada fi­zeram para en­frentar as causas pro­fundas do ra­cismo na Grã-Bre­tanha». Pelo con­trário, «a sua re­tó­rica anti-imi­gração deu du­rante anos aos ex­tre­mistas de di­reita uma pla­ta­forma» sobre a qual pu­deram cons­truir e crescer.

Para os co­mu­nistas bri­tâ­nicos, «é evi­dente que os tra­ba­lha­dores não podem con­fiar na po­lícia para pro­teger as co­mu­ni­dades contra fas­cistas e ra­cistas». Por isso, «a es­querda e o mo­vi­mento sin­dical não podem ficar à margem» e têm de se or­ga­nizar co­lec­ti­va­mente para de­fender as co­mu­ni­dades. Assim, o PCB fará tudo o que es­tiver ao seu al­cance para ajudar a cons­truir essa re­sis­tência co­mu­ni­tária.

Se­gundo o PCB, «a po­lí­tica ra­cista de di­vidir para reinar é o truque mais an­tigo da classe do­mi­nante para dis­trair os tra­ba­lha­dores das ver­da­deiras causas dos nossos pro­blemas – o ca­pi­ta­lismo – e criar bodes ex­pi­a­tó­rios para os mais vul­ne­rá­veis».

De­pois de 14 anos de cortes de verbas, sem fim à vista e com mais para vir sob o novo go­verno tra­ba­lhista de Keir Starmer, sa­lá­rios es­tag­nados e con­di­ções de vida em de­clínio, é evi­dente que o ca­pi­ta­lismo não con­segue sa­tis­fazer se­quer as ne­ces­si­dades bá­sicas de uma vida digna para a massa tra­ba­lha­dora – en­fa­tiza o PCB.

E aponta: «São estes cortes os res­pon­sá­veis pela de­te­ri­o­ração dos ser­viços pú­blicos, não os imi­grantes. A culpa do de­sem­prego e da po­breza é das grandes em­presas e das em­presas mul­ti­na­ci­o­nais, não dos imi­grantes. A culpa da falta de ha­bi­tação é dos es­pe­cu­la­dores imo­bi­liá­rios e dos se­nho­rios, não dos imi­grantes. A culpa pelos pro­blemas que os tra­ba­lha­dores na Grã-Bre­tanha en­frentam é do sis­tema ca­pi­ta­lista – e não dos imi­grantes».



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