- Nº 2646 (2024/08/14)

No Reino Unido contra o racismo e o fascismo

Europa

Milhares de pessoas manifestaram-se em diversas cidades do Reino Unido contra o racismo e o fascismo, no fim de semana passado. Foi a resposta das forças progressistas à onda de violência promovida no país pela extrema-direita.

Em princípios deste mês, a violência islamofóbica e racista aumentou no Reino Unido, após a extrema-direita ter utilizado o esfaqueamento mortal de três meninas, em Southport, como pretexto para provocar tumultos.

Agitadores exploraram o crime para pôr em prática uma agenda racista. Espalharam mentiras nas redes sociais clamando que o atacante – nascido na Grã-Bretanha no seio de uma família cristã – é muçulmano e imigrante.

Nos dias seguintes, grupos de racistas, convocados pela extrema-direita através das redes sociais, tentaram assassinar refugiados em hotéis de acolhimento em Rotherham e Tamworth, incendiando os edifícios. Centros de imigrantes e mesquitas foram também alvos e os crimes de ódio contra muçulmanos triplicaram.

A polícia efectuou quase 800 detenções e 349 pessoas enfrentam acusações.

A resposta anti-racista e antifascista não tardou. Noticia o Morning Star que, neste último fim de semana (10 e 11), em Londres, milhares de pessoas juntaram-se em Westminster, defronte da sede do partido Reformar, de extrema-direita, cuja retórica racista ajudou a alimentar a raiva nas ruas.

Acções anti-racistas similares tiveram lugar também em Liverpool, Manchester, Newcastle, Hull, Norwich e outras cidades. Na Escócia houve manifestações solidárias com imigrantes em Glasgow, Edinburgh, Dundee e Aberdeen.

 

«Política racista de dividir para reinar»

O Partido Comunista Britânico (PCB) pronunciou-se sobre esta recente vaga de violência da extrema-direita no Reino Unido visando, sobretudo, muçulmanos e imigrantes.

Para o PCB, «esta ofensiva foi provocada pelos principais meios de informação, por políticos e outros que «nada fizeram para enfrentar as causas profundas do racismo na Grã-Bretanha». Pelo contrário, «a sua retórica anti-imigração deu durante anos aos extremistas de direita uma plataforma» sobre a qual puderam construir e crescer.

Para os comunistas britânicos, «é evidente que os trabalhadores não podem confiar na polícia para proteger as comunidades contra fascistas e racistas». Por isso, «a esquerda e o movimento sindical não podem ficar à margem» e têm de se organizar colectivamente para defender as comunidades. Assim, o PCB fará tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar a construir essa resistência comunitária.

Segundo o PCB, «a política racista de dividir para reinar é o truque mais antigo da classe dominante para distrair os trabalhadores das verdadeiras causas dos nossos problemas – o capitalismo – e criar bodes expiatórios para os mais vulneráveis».

Depois de 14 anos de cortes de verbas, sem fim à vista e com mais para vir sob o novo governo trabalhista de Keir Starmer, salários estagnados e condições de vida em declínio, é evidente que o capitalismo não consegue satisfazer sequer as necessidades básicas de uma vida digna para a massa trabalhadora – enfatiza o PCB.

E aponta: «São estes cortes os responsáveis pela deterioração dos serviços públicos, não os imigrantes. A culpa do desemprego e da pobreza é das grandes empresas e das empresas multinacionais, não dos imigrantes. A culpa da falta de habitação é dos especuladores imobiliários e dos senhorios, não dos imigrantes. A culpa pelos problemas que os trabalhadores na Grã-Bretanha enfrentam é do sistema capitalista – e não dos imigrantes».