«Semana» dá força à luta pelo aumento dos salários

A Semana de esclarecimento, acção e luta, promovida pela CGTP-IN, terminou no dia 27 com uma manifestação em Lisboa e uma forte greve no sector da grande distribuição. A luta por salários e direitos, essa continua, ainda mais forte.

A riqueza criada permite aumentos de 15% em todos os salários

«Foi uma semana de luta intensa, com centenas de iniciativas realizadas (plenários, concentrações, greves). Trouxemos para a rua, para os locais de trabalho, para onde o confronto acontece, os problemas, as dificuldades, os ataques em curso, demonstrando que não nos vergamos e estamos prontos para a luta, como sempre estivemos», afirmou o Secretário-Geral da CGTP-IN, Tiago Oliveira, no final da manifestação que uniu o Campo Pequeno e o Ministério do Trabalho.

Procedendo a um primeiro balanço da jornada, o dirigente sindical destacou as greves realizadas nas oficinas da CP, na ADP Fertilizantes, na Tesco, na Acciona, na Carris, na Sovena, nos CTT, na Parmalat, nas misericórdias, na Fico Cables, na Auto Sueco, nos TST, nas autarquias locais, na JAC, na Purever, na Casa de São Pedro de Alverca e no sector da grande distribuição.

Tiago Oliveira revelou, na ocasião, os dois factores determinantes que levaram à convocação e realização da «semana»: primeiro, a necessidade de esclarecer os trabalhadores sobre o programa do Governo e o que está em causa no que respeita ao mundo do trabalho e ao ataque aos serviços públicos; segundo, «e fundamental», puxar os trabalhadores para a luta concreta, capitalizando as acções já em curso pelo aumento dos salários, pelas 35 horas, no combate à precariedade, na defesa da contratação colectiva.

Acções e omissões do Governo AD
O Secretário-Geral da CGTP-IN acusou o Governo de, no seu programa, persistir na perpetuação dos baixos salários e da exploração: «É isso que significa remeter para 2028 aquilo que já hoje é uma urgência nacional», afirmou, sublinhando que a «riqueza que hoje criamos permite um aumento dos salários em, pelo menos, 15 por cento, nunca inferior a 150 euros, para todos os trabalhadores, e um salário mínimo de mil euros durante este ano». Tiago Oliveira denunciou ainda a ausência de propostas, no programa do Governo, para o combate à precarização dos vínculos laborais.

Alertou ainda para os riscos de uma ainda maior desregulação dos horários de trabalho, para o ataque à contratação colectiva e para uma nova ofensiva contra os serviços públicos, desde logo na Saúde, na Educação e na Segurança Social. Relativamente a esta última, denunciou o que está a ser preparado para que o capital «meta a mão nos milhares de milhões de euros que são de todos nós».

Luta ampla e abrangente
Antes de Tiago Oliveira, o coordenador da União de Sindicatos de Lisboa, João Coelho, destacou as mais de 60 acções realizadas no distrito, entre contactos em empresas, greves, plenários, concentrações, manifestações, entregas de cadernos reivindicativos e abaixo-assinados, envolvendo milhares de trabalhadores, de praticamente todos os sectores. Interveio também Gonçalo Paixão, da Interjovem, que se focou sobretudo nos problemas da juventude trabalhadora e na luta que também ela trava pelo seu presente e o seu futuro.

 

Quem fica com os milhões na grande distribuição? Os grupos económicos

Em dia de greve na grande distribuição, trabalhadores dos vários distritos deslocaram-se a Lisboa. Durante a manhã, realizaram duas marchas por estabelecimentos de várias cadeias de supermercados. O percurso confluiu para a loja do Pingo Doce, na Avenida Duque de Ávila, onde estava a terminar uma vigília de 24 horas.

Concentrados em frente ao supermercado, com faixas e bandeiras, os trabalhadores gritavam palavras de ordem como «Os 1100 onde estão? Estão no bolso do patrão!» – uma resposta directa ao patrão do Pingo Doce, por ter dito que na empresa ninguém ganharia menos de 1100 euros.

Filipa Costa, presidente do CESP, como outros dirigentes e trabalhadores que tomaram a palavra, considerou vergonhoso o facto de, num sector que lucra milhões, a associação patronal apresentar uma proposta para pagar 850 euros aos trabalhadores em topo de carreira, e ainda dizerem que foi «um grande esforço». Pedro Soares dos Santos, dono do Pingo Doce – grupo que preside à APED – recebe 400 mil euros por mês», denunciou-se. «Não vamos desistir, a luta é justa», garantiu a dirigente sindical.

Tiago Oliveira participou numa das marchas dessa manhã e, ao intervir no final, destacou que, nas intervenções de trabalhadores durante as paragens feitas à porta das quatro ou cinco lojas incluídas no percurso, o problema principal foi sempre o aumento da exploração, os baixos salários, a desregulação dos horários de trabalho, a precariedade e o ataque à contratação colectiva: «Isto tem de ser denunciado vezes sem conta», apelou, questionando: «Quem fica com os milhões?»

Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP, numa breve saudação, sublinhou a importância da luta por aumentos salariais e reiterou a solidariedade do PCP para com os objectivos desta jornada. Assinalou que as empresas da grande distribuição estão a pagar cada vez menos aos produtores, a cobrar cada vez mais aos consumidores e a apertar cada vez mais os salários e os direitos dos trabalhadores. À conta disto tudo, vão somando cada vez mais lucros. Mas isto tem de ter um fim, defendeu.

 



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