De 4 a 18 de Julho, Almada volta a ser a capital do teatro

Já é conhecido o programa do 41.º Festival de Teatro de Almada, que entre 4 e 18 de Julho tem expressão em oito salas da cidade da margem Sul do Tejo, mas também no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

O Festival de Teatro de Almada, que vai na sua 41.ª edição, é um dos mais importantes da Europa

Apresentada no dia 14, a programação do festival volta a caracterizar-se pela diversidade das propostas estéticas e pela multiplicidade e variedade de eventos: aos 19 espectáculos de teatro (o centro e a razão de ser do festival) somam-se os 20 concertos na esplanada da Escola D. António da Costa, a exposição de pintura de Ilda David «Quando soubermos ouvir as árvores» e as exposições documentais sobre o 25 de Abril, a instalação de homenagem ao histórico grupo A Barraca (ver caixa), os cursos de formação, os colóquios e os encontros.

Sobre a programação, o director artístico do festival, Rodrigo Francisco escreve na brochura que contém o programa, que recusa a compartimentação de disciplinas, espectadores ou artistas: «Festivais como o nosso, de matriz humanista, alimentam-se da curiosidade suscitada pela diferença.» Do teatro assente nos textos ao que equipara as formas e a música às palavras, da dança ao malabarismo e ao cabaret, de tudo isto se faz o Festival de Almada. Ou não tivesse o teatro – e voltamos às palavras de Rodrigo Francisco –, se aproximado ou afastado, consoante as épocas e os contextos, «da literatura, da música, da dança, da pintura».

O melhor que se faz em Portugal...
O Terminal (O Estado do Mundo)
é a proposta do grupo de Lisboa A Formiga Atómica, um texto de Inês Barahona, encenação de Miguel Fragata e que conta entre os intérpretes com os músicos do grupo portuense Clã Manuela Azevedo e Hélder Gonçalves. Além da Dor, da Companhia de Teatro de Almada, é um texto de Alexander Zeldin encenado pelo próprio Rodrigo Francisco. Cucha Carvalheiro escreve e encena Fonte da Raiva (da qual é também uma das intérpretes), uma co-produção do grupo Causas Comuns com o Teatro Municipal de São Luiz e a RTP.

1001 Noites – Irmã Palestina, uma produção conjunta do Teatro O Bando, Companhia Olga Roriz e Banda Sinfónica Portuguesa, constitui a segunda etapa de um projecto de grande fôlego, em quatro etapas, baseada na obra Mil e Uma Noites. Ricardo Simões, do Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana, escreve, encena e interpreta Salgueiro Maia: cartografia de um monólogo, inspirado numa das principais figuras do 25 de Abril.

A companhia Artistas Unidos faz a sua oitava adaptação de um peça de Enda Walsh, Remédio, com encenação de António Simão. O Teatro Nacional de São João parte de Breves Entrevistas com Homens Hediondos, de David Foster Wallace, para este Homens Hediondos, com encenação de Patrícia Portela.

Com texto de Bertolt Brecht, poemas de José Saramago, encenação de António Pires e um elenco onde se destaca Maria João Luís, o Teatro do Bairro e Ar de Filmes apresentam Mãe Coragem, uma das mais notáveis denúncia do belicismo em todo o repertório teatral.

e muito para lá dele
Do Líbano chega Jogging, com texto, concepção e interpretação de Hanane Hajj Ali, que em 2020 recebeu o prémio da Liga das Mulheres Profissionais de Teatro. A encenação é de Éric Deniaud. O grupo Gandini Juggling, de Inglaterra, apresenta Life event n.º 3, que cruza o malabarismo com outras artes performativas. Trata-se de um espectáculo de Sean Gandini e Kati Ylä-Hokkala, com Jennifer Goggans. Manuela Rey is in da house, com dramaturgia e encenação de Fran Nuñez, é uma produção do Centro Dramático Galego.

França está, este ano, representada por cinco espectáculos: Et maintenant, Miss Knife est en couple…, um espectáculo de Olivier Py para a companhia Les Visiteurs du Soir; Sans tambour, um musical de Samuel Achache e direcção musical de Florent Hubert, do grupo Théâtre des Bouffles do Nord; Black Lights, da Otto Productions, com texto e coreografia de Mathilde Monnier; Full Moon, uma coreografia do sérvio Josef Nadj (que dirigiu a formação O sentido dos mestres no festival de 2021) produzida para a companhia Bureau Platô; e Où je vais a la nuit, da Compagnie Maurice et les autres, com texto e encenação de Jeanne Desoubeaux.

De Itália chegam três espectáculos. A Compagnia Marionettística Carlo Colla & Figli apresenta La tempesta, de William Shakespeare, com encenação de Eugenio Monti Colla. A Change Performing Arts traz Relative Calm, com conceito de Robert Wilson e coreografia de Lucinda Childs. Crisi di nervi, tre atti unici di Anton Chekov, com encenação de Peter Stein é uma abordagem da Tieffe Teatro Milano aos ensaios dramáticos juvenis do escritor russo.

 

Homenagem: A Barraca e a busca de um teatro popular

O homenageado deste ano não é uma personalidade do teatro, um actor, um encenador ou um cenógrafo. É um projecto teatral fundado há quase meio século e que cedo se transformou numa das mais sólidas e inovadoras companhias portuguesas, com um percurso permanente e de inegável qualidade: A Barraca.

O nome vem da companhia itinerante de Federico Garcia Lorca, para quem a barraca «é uma coisa que se monta e desmonta, que roda e marcha pelos caminhos do mundo», e as influências vão de Bertolt Brecht a Augusto Boal, de Peter Brook a Dario Fo, de Gil Vicente a Eugéne Ionesco. Um dos grupos fundadores do teatro independente português, A Barraca privilegiou sempre a dramaturgia portuguesa, assumindo-se como um grupo «que é testemunho e parte activa do seu país e da sua época». Não deixando, contudo, de trazer ao público português o que de melhor de fazia no mundo. Foi por intermédio d’ A Barraca que em Portugal se viu pela primeira vez espectáculos de alguns dos nomes maiores do teatro mundial.

A cidade dourada, de 1976, marca o início de um percurso marcado pela busca de um teatro popular, apostado na itinerância nacional e internacional. A Barraca passou por vários países da Europa, África, Ásia e América do Norte e do Sul, foi premiada em diversas ocasiões, entre os quais o Prémio UNESCO da Expo 92, em Sevilha.



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