Arsenais nucleares agravam insegurança
O alerta é do Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo (SIPRI): as armas nucleares voltaram a desempenhar um papel central nas relações internacionais, o que ameaça a paz e a segurança no mundo.
A Constituição da República Portuguesa prevê o desarmamento geral, simultâneo e controlado
Em Janeiro deste ano, das mais de 12 mil ogivas nucleares existentes no mundo, para cima de 9500 encontravam-se preparadas para potencial utilização. E, destas, 2100 mantinham-se em «estado de alerta operacional elevado», instaladas em mísseis balísticos e prontas a serem usadas de imediato.
Os dados foram avançados pelo SIPRI, que alerta para o facto de as armas nucleares não desempenharem um papel tão marcadamente negativo nas relações internacionais desde a chamada Guerra Fria, ou seja, desde há mais de três décadas. A diminuição do número total de ogivas é enganador, representando o desmantelamento de armas antigas e desactualizadas. O que se observa é, sim, o aumento do número de ogivas operacionais, a modernização dos arsenais e o aumento do investimento neste tipo de armamentos. «Esta tendência parece provável que continue e provavelmente acelere nos próximos anos e é extremamente preocupante», salienta o instituto.
EUA e Federação Russa possuem 90 por cento do total das armas nucleares existentes. Os EUA têm, há décadas, dezenas de ogivas nucleares instaladas na Europa, em vários países membros da NATO: Alemanha, Bélgica, Itália, Países Baixos e Turquia. Recentemente, a Rússia acordou com a Bielorrússia a instalação de armas nucleares neste país.
Para o responsável do SIPRI a quem coube apresentar as conclusões anuais do instituto, «vivemos actualmente um dos períodos mais perigosos da história da humanidade», com muitas fontes de instabilidade. «Estamos à beira do abismo e é altura de as grandes potências darem um passo atrás e reflectirem sobre o assunto. De preferência, em conjunto», acrescentou.
Pelo desarmamento
Os alertas do SIPRI são partilhados por vários Estados e organizações, que há muito insistem na necessidade de reduzir tensões e promover o desarmamento geral, simultâneo e controlado. O Tratado de Proibição de Armas Nucleares, negociado no âmbito das Nações Unidas e actualmente em vigor, foi já ratificado por 70 Estados, embora nenhum deles seja detentor deste tipo de armamento ou membro da NATO. Aquando da sua negociação, foram denunciadas pressões para que o Tratado não fosse aprovado.
Em Portugal, o CPPC entregou uma petição na Assembleia da República, com milhares de assinaturas, para que o País aderisse a este tratado. Esse objectivo, assumido em iniciativas legislativas – designadamente pelo PCP –, foi chumbado por PS, PSD e CDS.