Eleições europeias ou para o Parlamento Europeu?
Nas eleições do próximo domingo vão ser eleitos os 21 deputados portugueses no Parlamento Europeu. Isto, e mais nada. Da mesma maneira que nas eleições legislativas se elegem 230 deputados. Chegar à mesa de voto com isto pouco claro pode induzir em erros graves. O clássico exemplo das «eleições para primeiro-ministro» é suficientemente claro para se perceber como se podem induzir milhões de pessoas em erro.
Causa por isso um certo espanto a forma absolutamente acrítica como a formulação «eleições europeias» se generalizou. São os pivots dos notíciários, os oráculos e as legendas debaixo do nomes dos candidatos «europeus», a propaganda da generalidade dos partidos concorrentes às eleições, da esquerda à direita. Admite-se que uma parte possa ser afectada pelo comodismo: entre dizer «eleições europeias» e «para o Parlamento Europeu» poupa-se uma dúzia de caracteres.
Espante-se: estas eleições não são «da» europa. Realizam-se, isso é certo, em parte dos países do continente europeu: os que fazem parte da União Europeia. Mas como o continente europeu é bastante maior e mais diverso do que a UE, e de certeza que nem todos os jornalistas, comentadores, candidatos e directores de campanha tiveram negativa a Geografia lá para o 7.º ano, a que se deverá tal confusão?
Uma pista: será que dizem «eleições europeias» para acreditarmos que vamos eleger «deputados europeus»? De certa forma, estão certos: uma parte muito significativa dos deputados portugueses no Parlamento Europeu estão empenhadíssimos em ser representantes, explicadores e defensores da UE cá em Portugal. O problema é que desses temos demais. O que faz falta no Parlamento Europeu são mesmo deputados portugueses que representem, expliquem e defendam Portugal em Bruxelas e em Estrasburgo. E os únicos que estão em condições de o fazer são na verdade os candidatos da CDU.