Televisões, concentração e poder

Carlos Gonçalves

Das 13 maiores empresas mundiais, 8 são de tecnologia de informação e 6 são dos USA. Avança a concentração com negócios de centenas de milhares de milhões de dólares. O comando é garantido pelos USA e a Trusted News Initiative – Google, Facebook, Twitter, BBC, Washington Post – «harmoniza a mensagem» e a «liberdade de imprensa».

O «sistema mediático» no nosso País vive «reestruturações» dramáticas para os trabalhadores, hoje é um «ramo de negócios», capitais, lucros e dividendos, que repercute no comércio informativo, nos «enlatados» e na produção de «notícias».

O domínio imperialista e os grupos económico-mediáticos «nacionais» mistificam a informação. A dita «crise da comunicação social», migração de media para plataformas digitais, quebra de receitas de publicidade, redução de tiragens de jornais e rádio-ouvintes, é de facto uma nova fase de transformação tecnológica e exploração. A concentração nos media é intrínseca às leis económicas em vigor, o capital torna-se sempre mais centralizado e concentrado, financeiro, monopolista, apátrida e fascizante. Os media dominantes marcam a agenda, numa «operação de contágio» para a conquista de audiências, nos conteúdos e formatos jornalísticos, que tudo condicionam, incluindo os media do sector público.

As televisões tratam dos critérios comerciais – audiências (velocidade e sensacionalismo), publicidade e lucro – e da lógica opressiva da agenda dos interesses de classe dos donos dos media e dos USA, em conflito com o jornalismo e os critérios de notícia – verdade, pluralismo, contraditório, integridade.

Após a divisão obscura do Global Média e a greve geral dos jornalistas, surgem dois novos negócios de televisão: a criação do NOW (50 milhões?), um canal de notícias da Medialivre-CMTV para «competir» no cabo e valorizar em negócios futuros; e a compra da Euronews (170 milhões!) um «canal UE», multilingue, em que se fundem capitais de dois grupos «nacionais», Alpac-Sol e Media9Par-Forbes, e capitais ligados ao governo húngaro. Investimentos cruzados inconstitucionais (Art.º 38.º e 39.º da CRP), em que fica claro que a concentração, mais que um curto número de media, é uma questão de titularidade e poder económico e político, cada vez mais antidemocrático, e que urge reverter.

 

 



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