Aumenta o número de vítimas e a fome alastra na Faixa de Gaza
Israel prossegue a política genocida na Faixa de Gaza e aumenta a repressão na Cisjordânia. Quotidianamente, cresce o número de vítimas e alastra a fome neste território palestiniano. Apoiado militarmente, economicamente e politicamente pelos EUA, pelo Reino Unido, pela Alemanha e por outros países que integram a UE, Israel ameaça com um ataque militar a Rafah, onde estão deslocadas mais de um milhão de palestinianos.
Israel anunciou a finalização do plano para o assalto militar à cidade de Rafah
Até agora, 31.726 palestinianos foram mortos e 73.792 foram feridos em consequência da guerra levada a cabo pelas forças israelitas contra a população palestiniana na Faixa de Gaza, segundo fontes oficiais, em Ramala. As autoridades de saúde locais explicam que o número de vítimas é de certeza mais elevado porque há milhares de cadáveres debaixo dos escombros das cidades e vilas bombardeadas de forma indiscriminada e premeditada por parte de Israel.
Nos últimos dias, há notícia de mais mortos e feridos em resultado de ataques do exército israelita em diversos pontos deste território palestiniano. A agência de notícias palestiniana Wafa informou que ocorreu mais um massacre, quando forças da ocupação israelitas assaltaram, na segunda-feira, 18, o Hospital Al-Shifa, o maior de Gaza. «As forças de ocupação irromperam nos edifícios de cirurgia especializada e de acolhimento de urgências, após o que abriram fogo contra quem se mexesse», descreveu a agência. O complexo médico já tinha sido atacado anteriormente pelas tropas israelitas.
Menos de um terço dos hospitais da Faixa de Gaza estão em funcionamento, em condições dramáticas, já que se mantém o bloqueio israelita, que impede a entrada de água, alimentos, medicamentos e combustível na Faixa de Gaza.
Fome «catastrófica»
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) alertou para a situação crítica na Faixa de Gaza, ameaçada de fome devido aos ataques das forças israelitas, e instou a uma assistência urgente à população.
A FAO assinalou que a insegurança alimentar é «catastrófica» e que a fome pode estender-se a todo este território, se os ataques israelitas não cessarem. Os dados apontam para o rápido agravamento da situação e um relatório divulgado no início da semana refere que «toda a população da Faixa de Gaza enfrenta altos níveis de insegurança alimentar aguda» – cerca de 1,4 milhões de palestinianos, vive uma insegurança alimentar de nível «catastrófico».
Agressão em Rafah
O presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, afirmou que a sua prioridade é impedir um eventual assalto israelita à cidade de Rafah, onde se refugiam mais de 1,4 milhões de pessoas.
O dirigente palestiniano avisou que uma operação militar contra Rafah, no sul, junto à fronteira com o Egipto, provocará uma crise humanitária sem precedentes. E instou «a um maior esforço internacional» para obrigar Israel «a parar de imediato a sua agressão» e impedir tal ataque.
Abbas também reclamou a abertura de todas as passagens fronteiriças, nomeadamente em Rafa, para acelerar a entrega de ajuda humanitária à população palestiniana, sob cerco há quase 170 dias.
Recentemente, o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamín Netanyahu, anunciou a aprovação de um plano para invadir Rafah. O anúncio provocou uma vaga de críticas de numerosos países, das Nações Unidas e de várias ONG, pelas implicações que um assalto militar à cidade teria na população palestiniana, já afectada por mais de cinco meses de guerra.
Liquidar a UNRWA
O comissário geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) revelou que as autoridades israelitas o impediram, no dia 18, de entrar na Faixa de Gaza. O alto funcionário das Nações Unidas disse que tentou em vão entrar no território para coordenar e melhorar a resposta humanitária, no seguimento da publicação de um relatório que considera iminente a expansão da fome no norte de Gaza. Israel não permitiu a sua entrada, apesar do importante papel da UNRWA no território, onde é considerado um actor fundamental.
Anteriormente, o responsável pela Agência renovou o seu apelo às potências ocidentais para retomar o financiamento do organismo, face à crise humanitária na Faixa de Gaza. E agradeceu à Austrália por ter restabelecido a entrega de fundos à UNRWA, após o Canadá e a Suécia terem feito o mesmo.
Depois de o governo israelita acusar 12 dos empregados da agência – de um total de 13 mil! – de terem colaborado com o Hamas, no ataque de 7 de Outubro do ano passado, países como EUA, Alemanha, Reino Unido e França suspenderam o financiamento à agência, ainda que não tenham sido provadas essas acusações.
Desmantelar este organismo da ONU seria uma medida míope, com graves consequências, concluiu o comissário.
OLP denuncia torturas nos cárceres israelitas
O secretário do Comité Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Hussein Al-Sheikh, denunciou as torturas a que são submetidos os seus compatriotas nas prisões israelitas.
«Os nossos heróicos prisioneiros nos cárceres da ocupação estão expostos às formas mais horríveis de tortura, abuso, brutalidade e isolamento», escreveu o dirigente palestiniano nas redes sociais.
Al-Sheikh referiu-se em especial aos maus-tratos sofridos por Marwan Barghouti, um dos líderes mais populares da Palestina. Advertiu que tais violações cometidas pelo Serviço Penitenciário de Israel (SPI) põem em perigo a vida de Barghouti.
«Fazemos um apelo à comunidade internacional e às organizações de direitos humanos no sentido de intervir de forma urgente para deter as medidas repressivas contra os nossos prisioneiros», enfatizou.
Há dias, em Ramala, a Comissão de Assuntos dos Prisioneiros e ex-Prisioneiros palestinianos acusou Israel de converter os cárceres israelitas em matadouros e centros de torturas.
A organização alertou para o incremento das sevícias desde o inicio de Outubro, quando começou o actual ciclo de violência. Citou o exemplo da prisão de máxima segurança de Gilboa, onde 320 detidos palestinianos «sofrem um inferno mortal».
«As nossas celas foram assaltadas, ataram-nos e golpearam-nos brutalmente em todo o corpo e depois confiscaram os nossos bens pessoais», contou um recluso à equipa jurídica do organismo. «Não temos roupas nem mantas, impõem-nos castigos e multas, e raras vezes é-nos permitido ir à clínica penitenciária para conseguir medicamentos», contou.