Voracidade monopolista
O capital monopolista é de uma sofreguidão insaciável, intrínseca à sua natureza. O seu desígnio não é produzir beringelas ou Teslas, mas realizar mais-valias, concentrar e centralizar capitais. A financeirização do capital, sob anonimato, transformou os monopólios da indústria, serviços e média em filões de lucro máximo.
Em Portugal, os grupos económico-mediáticos estão na mão do capital financeiro, mesmo os poucos que ainda mantêm o nome de família. Este quadro ajuda a perceber os negócios do Global Media Group (GMG): um fundo offshore suíço (das Bahamas) que comprou o GMG sem as condições de legalidade financeira (!) para tal e que meses depois desiste do negócio (a não ser o arejar dos milhões); um conjunto de accionistas que vendeu o GMG porque não era rentável, mas que, passados meses e obtidos ganhos reais, admite adquirir e «salvar» boa parte do que vendeu. Até parece a «narrativa perfeita» do grande capital, porque quem paga e pagará são os trabalhadores do GMG, o leitor-ouvinte e o Estado.
E repare-se que PS, AD, IL e Ch, mais o PR, para «não atrapalhar o mercado», fazem como se nada fosse e tudo estivesse previsto!
Mas a solução não deve nem tem de ser a reorganização monopolista do GMG, com os mesmos e/ou outros monopólios a preparar a próxima golpada. O Estado tem de assumir uma intervenção pública imediata (que já tarda), clarificadora no plano político, garantindo uma posição accionista que garanta a defesa dos direitos e postos de trabalho e dos títulos dos média, com a integração dos mais relevantes no sector público de comunicação social, recusando a sua entrega futura ao privado.
Contra esta resposta coerente e sólida, levantam-se todas as mistificações sobre o papão do «controlo do Estado» a «mandar». Mas a verdade é que esta seria uma gestão de interesse público, garantia do jornalismo, do pluralismo e da liberdade, como exige a Constituição, contra o controlo do poder económico e a censura do «pensamento único», como hoje acontece.
Agora, que jornalistas e trabalhadores da comunicação social assumiram a luta e a greve pela defesa dos seus direitos, chegou o tempo da batalha pela liberdade de imprensa e informação.