São todos criminosos!

A UNRWA, a Agência das Na­ções Unidas de As­sis­tência aos Re­fu­gi­ados da Pa­les­tina no Pró­ximo Ori­ente, foi criada em 1949 por uma Re­so­lução da As­sem­bleia Geral da ONU. A sua missão foi apoiar a so­bre­vi­vência dos pa­les­ti­ni­anos que entre 1946 e 1948 vi­viam nos ter­ri­tó­rios usados para a cri­ação de Is­rael e os que de­pois da guerra de 48 foram ex­pulsos dos ter­ri­tó­rios ocu­pados por Is­rael.

Nessa al­tura, a UNRWA apoiava 750 mil re­fu­gi­ados. Hoje opera em Gaza, Cis­jor­dânia, Jor­dânia, Síria e Lí­bano, ten­tando ga­rantir mí­nimos de so­bre­vi­vência a 5,9 mi­lhões de re­fu­gi­ados pa­les­ti­ni­anos. Tem cerca de 30 mil fun­ci­o­ná­rios, 13 mil dos quais em Gaza.

Na se­mana em que o Tri­bunal In­ter­na­ci­onal de Jus­tiça (órgão ju­ris­di­ci­onal da ONU) or­denou que Is­rael tome «todas as me­didas» para «pre­venir o ge­no­cídio na Faixa de Gaza», Is­rael voltou a atacar ins­ta­la­ções da ONU e acusou, sem por­me­nores pú­blicos, 12 dos 13 mil fun­ci­o­ná­rios da UNRWA em Gaza de terem es­tado «en­vol­vidos di­rec­ta­mente» nos ata­ques de 7 de Ou­tubro.

In­de­pen­den­te­mente da cre­di­bi­li­dade de uma acu­sação vinda de quem, nestes três meses, já matou 27 mil pes­soas, entre os quais 100 fun­ci­o­ná­rios da ONU, e in­de­pen­den­te­mente de ainda pen­derem inqué­ritos e dú­vidas sobre os acon­te­ci­mentos de 7 de Ou­tubro, a ONU abriu de ime­diato um inqué­rito e re­tirou de fun­ções 9 dos 12 fun­ci­o­ná­rios (1 foi morto e dois des­co­nhece-se o seu pa­ra­deiro).

Em vez de de­fen­derem a Agência que está li­te­ral­mente a tentar salvar os 2 mi­lhões de pa­les­ti­ni­anos presos em Gaza e que correm o risco de morrer aos mi­lhares por fome ou do­enças (in­cluindo 335 mil cri­anças), os EUA, Ale­manha, Aus­trália, Ca­nadá, Reino Unido, Itália, Fin­lândia, Países Baixos, Suíça e França de­ci­diram con­gelar os fundos para a UNRWA.

Para lá de cons­ti­tuir mais uma carta branca a Is­rael à vi­o­lação dos mais bá­sicos di­reitos hu­manos e de ser um ataque po­lí­tico não só à UNRWA mas aos di­reitos dos re­fu­gi­ados pa­les­ti­ni­anos re­co­nhe­cidos pela ONU, esta de­cisão é mais um exemplo de como aqueles que en­chem a boca com o «Di­reito In­ter­na­ci­onal» e os «Di­reitos Hu­manos» se bor­rifam na vida de 2 mi­lhões de pes­soas que estão a ser bom­bar­de­adas sem terem para onde ir, su­jeitas à mais in­di­zível bar­bárie, ali­nhando com os crimes de Is­rael e a sua re­vanche contra a ONU.

Ao fazê-lo co­locam-se do lado do ge­no­cida, contra os di­reitos hu­manos e o di­reito in­ter­na­ci­onal. São todos cri­mi­nosos!



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