Abril: hoje e futuro

Francisco Lopes (Membro do Secretariado e da Comissão Política)

O caminho que se impõe é o dos valores de Abril

Assinalamos este ano o 50.º aniversário da Revolução de Abril. Assinalamos esse momento maior numa realidade concreta do nosso País, no Portugal de hoje.

Uma realidade que é marcada pela Revolução de Abril e as suas conquistas, muitas das quais perduram, mas também pelo processo contra-revolucionário que atacou e eliminou importantes conquistas alcançadas com Abril.

Tivemos um processo revolucionário inacabado. Temos praticamente 48 anos de processo contra-revolucionário, de política de direita de sucessivos governos, que também não atingiu o seu termo, com os seus promotores, apesar do que já conseguiram, a quererem ir mais longe para acabar com o que temos de conquistas e valores da Revolução.

Reconstituíram em grande medida o poder do grande capital sobre a vida nacional à margem e contra a Constituição da República Portuguesa. Constituição que, apesar de todas as revisões, com amputações e abcessos, consagra direitos essenciais que, aplicados, dão resposta aos problemas dos trabalhadores e do povo e um projecto que aponta o caminho que se impõe para o futuro.

Face à situação actual, o caminho que se impõe não é o do retrocesso, do revanchismo reaccionário, de mais poder do grande capital com a corrupção que lhe está associada, de maior exploração, injustiça e desigualdade, comprometimento da democracia e da soberania. O caminho que se impõe é o dos valores de Abril no futuro de Portugal. Uma ruptura com a política de direita, uma alternativa patriótica e de esquerda com a afirmação dum projecto político e ideológico assente na concretização da democracia nas suas diferentes dimensões – política, económica social e cultural –, apontado ao socialismo.

O caminho de futuro está assente na organização e mobilização dos trabalhadores e das massas populares, no reforço do Partido, na convergência dos democratas e patriotas. Exige a alteração da correlação de forças social e política. Implica o fortalecimento das organizações de massas em geral, numa grande frente social cujos interesses se opõem aos do grande capital. Coloca com particular destaque o fortalecimento da organização, unidade e luta dos trabalhadores – elementos determinantes para a defesa dos seus interesses de classe e para a mudança de rumo de que Portugal precisa.

Tudo isto é muito mais do que o resultado das eleições legislativas antecipadas, mas não diminui o significado das próximas eleições, antes as confirma como um momento importante neste combate.

PCP e CDU é que fazem a diferença
Estamos a pouco mais de um mês das eleições para a Assembleia da República de 10 de Março.

Decide-se a correlação de forças na Assembleia da República e o que daí decorre, de possibilidade de avanços ou de risco de retrocessos.

No plano político, os centros do grande capital apostam simultaneamente no PS, no entendimento entre o PS e o PSD, e na promoção das forças reaccionárias como instrumentos imediatos e como aposta para utilização futura.

A opção é pelo PCP e a CDU, com mais votos e mais deputados. É isso que vai fazer a diferença, sejam quais forem as circunstâncias. O PCP e a CDU são a garantia de um projecto político claro ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País.

A CDU é força de coragem, firmeza e determinação, que honra a palavra dada, que marca e assegura dignidade, que assume e promove confiança.

A CDU é a opção de combate às forças reaccionárias, que trava o regresso ao poder do PSD, do CDS com os seus sucedâneos do Chega e IL, que enfrenta as ilusões com o PS e os expedientes da continuação da sua política, que claramente não serve.

Mais votos na CDU e mais deputados são uma forte garantia na luta que continua, a partir de 11 de Março, por soluções para o País, pela ruptura com a política de direita, pela concretização da alternativa patriótica e de esquerda vinculada aos valores de Abril.

No ano do 50.º aniversário do 25 de Abril, face à exploração, às injustiças e desigualdades, aos projectos reaccionários, às limitações da democracia e da soberania, Abril e os seus valores são hoje de novo o sentido da ruptura necessária e o horizonte de desenvolvimento e progresso social de que Portugal precisa.

 



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