Aumento dos salários é prioridade na Autoeuropa, Altice e GALP

Os resultados das empresas mostram como é justa a exigência de aumentos salariais anuais que permitam recuperar o poder de compra perdido e que valorizem os trabalhadores e as suas qualificações.

Só com luta se corrige a injusta distribuição da riqueza criada pelo trabalho

«Apesar da campanha para fazer crer que o aumento do custo de vida está a estabilizar, os trabalhadores sentem que o que se verifica é exactamente o contrário», pelo que «o início das negociações do caderno reivindicativo deve ser uma prioridade imediata e necessária na VW Autoeuropa», afirma-se num comunicado da Comissão Sindical do SITE Sul, distribuído na fábrica automóvel de Palmela esta segunda-feira, dia 8.

No documento, recorda-se que oarranque destas negociações «tem sido adiado, por diversos motivos alheios aos trabalhadores», e que estes «foram inclusivamente penalizados com cortes salariais, no último processo de lay-off».

Ora, esta situação «só beneficia» os interesses patronais. No entanto, «considerando os resultados atingidos no final de 2023, com mais de 220 mil unidades produzidas, não há margem para a administração recusar aos trabalhadores uma resposta positiva» ao caderno reivindicativo entregue pela Comissão Sindical e pela Comissão de Trabalhadores.

A administração é acusada ainda de ter fugido à discussão de uma resolução, entregue em Junho de 2023, pela melhoria das condições de trabalho, bem como da proposta de Caderno Reivindicativo que a Comissão Sindical do SITE Sul entregou em Setembro e na qual constam «matérias cuja negociação compete ao sindicato, nomeadamente as actualizações salariais».

Salientando que«não abdica do seu direito à negociação, como previsto na lei portuguesa e como é prática noutras fábricas do Grupo Volkswagen», o sindicato da FIEQUIMETAL/CGTP-IN declara que «tudo fará para que os trabalhadores atinjam os objectivos a que se propuseram», de melhoria dos salários e das condições de trabalho e de vida, enão descarta «o recurso a quaisquer formas de intervenção ou luta, incluindo a discussão colectiva, com os trabalhadores, de medidas a tomar».

A administração da Altice Portugal manteve, na última reunião de negociação da revisão anual do Acordo Colectivo de Trabalho da MEO, dia 5, uma proposta de actualização salarial que não reconhece o valor dos trabalhadores nem o contributo destes para os resultados do grupo.

Ao fechar as contas dos primeiros nove meses de 2023, a Altice anunciou um crescimento das receitas, em 11,6 por cento, e dos lucros (EBITDA, antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), em 20,3 por cento. Mas propõe apenas mais 68 cêntimos, no subsídio de refeição, e mais 26 euros, nos salários até 1599 euros, ou 1,5 por cento, nos vencimentos de 1600 euros ou superiores, como revelou a frente constituída pelos sindicatos SINTTAV, SNTCT, FE e Sinquadros.

Em sinal de protesto, porque «1,5 por cento não é digno de uma empresa como a MEO», estes sindicatos não se fizeram representar no «Porto de Honra» que a presidente executiva (CEO) da Altice promoveu no dia 3. Para amanhã, dia 12, está agendada nova sessão negocial.

Neste novo ano, a Comissão Central de Trabalhadores da Petrogal (Grupo GALP Energia) entende que «o primeiro grande desafio será o aumento dos salários, em valores que correspondam ao aumento galopante do custo de vida real».

No seu primeiro comunicado de 2024, emitido esta segunda-feira, dia 8, a estrutura representativa dos trabalhadores comentou o facto de a administração considerar «desafiante» o presente contexto, interrogando se o «desafio» será «ultrapassar os milhões de euros de lucro no ano de 2023, ou continuar a quebrar o recorde de resultados».

«Podemos contabilizar 1568 milhões de euros entregues aos accionistas», sublinha a CCT, remetendo para os relatórios de resultados de 2022 e para um comunicado da administração, a 13 de Dezembro de 2023. Com estes dividendos e com mais de 650 milhões de euros em recompra de acções, os accionistas «não têm grandes razões de preocupação».

À apreciação dos trabalhadores, que «têm razões para afirmar que tiveram e continuarão a ter um ano desafiante», a CCT deixa «o peso destes números, em contraposição às respectivas situações e impactos do aumento exponencial do custo de vida».

 



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