Utentes do Litoral Alentejano contestam proliferação de Balcões SNS

Os utentes do Litoral Alentejano denunciam a política do Governo relativamente à proliferação de Balcões SNS para prestação de serviços digitais e de telessaúde, ao invés de investir em recursos humanos.

Balcões SNS não resolvem os problemas dos utentes

Em nota divulgada no passado dia 3, a Comissão de Utentes do Litoral Alentejanocomeça por acusar os sucessivos governos de desprezar e procurar desmantelar o Serviço Nacional de Saúde (SNS), como se assistiu na aprovaçãodo Orçamento do Estado para 2024, onde mais de metade da verba da saúde não é investida no SNS, mas em grupos económicos privados prestadores de serviços».

Entretanto, nesta região, os utentes de Luzianes-Gare e de Bicos (Odemira), de São Francisco da Serra (Santiago do Cacém) e de Rio de Moinhos (Alcácer do Sal) não têm acesso aos mais básicos cuidados de saúde, vendo-se privados da visita de médico e enfermeiro às suas localidades. «Num truque de mágica e propaganda, o Governo PS instalou nestas freguesias, em instalações das juntas de freguesia, o Balcão SNS, para a realização de tele-consultas», o que, na perspectiva da Comissão, «não é uma solução para o problema», para além de criar outros, uma vez que «a realização de teleconsultas desvirtua o princípio humanizante da medicina de proximidade, introduzindo a robotização, com consequências negativas para a avaliação clínica realizada».

As críticas estendem-se ao facto de as tele-consultas decorrerem «em espaços, muitas vezes, sem condições de privacidade para o efeito» e de as juntas de freguesia suportarem «os custos e manutenção do espaço, para tentar dar uma resposta que o Governo do PS se demitiu de dar», muitas vezes «em localidades onde também a junta ou a câmara construíram ou repararam centros de saúde, hoje encerrados», ao mesmo tempo que se cria a «perversa sensação de falsa segurança e cobertura médica, apesar de certos procedimentos clínicos serem impossíveis de realizar em tele-consulta».

Os utentes condenam, igualmente, a «chantagem indirecta a que os executivos das juntas de freguesia são sujeitos, uma vez que não têm resposta do Ministério da Saúde para a colocação de recursos humanos, pela pressão de tentar garantir o acesso da população a cuidados de saúde», que «fez com que acabem por aceitar uma não-solução».

 

Privatização dos cuidados primários será catastrófica

A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Concelho de Sinesquer questionar a Administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano sobre a criação da Unidade de Saúde Familiar (USF) de Sines, um «modelo que tem vários problemas», desde logo por prever «a possibilidade de autonomia progressiva da unidade até atingir o modelo C» (privatização).

«O caminho para a atomização e privatização dos cuidados primários será catastrófico para a saúde dos utentes, pois significa o fim dos cuidados universais», alerta a Comissão, que reclama a «necessidade de valorização do salário base dos profissionais de saúde», tendo em conta que «os baixos salários podem introduzir ao cumprimento forçado de indicadores, para obter o necessário reforço salarial». «Este cumprimento forçado de indicadores pode nem sempre traduzir-se em verdadeiros ganhos em saúde e pode levar a que a lista de utentes abrangidos pela USF inclua aqueles com menor risco de doença», esclarecem os utentes.

 



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