Não te rendas, ainda há tempo
Assim começava Mario Benedetti, poeta uruguaio e resistente à ditadura, um dos seus poemas mais conhecidos.
Passado o ano de 2023, chegado o de 2024, continua-nos a ser servida pelas instituições da UE a cartilha das supostas inevitabilidades.
A inevitabilidade, perante uma guerra «às nossas portas», do aprofundamento do militarismo, da política de guerra e de sanções, da confrontação, do reforço do «eixo transatlântico».
A inevitabilidade de, para cumprir o desígnio da «economia social de mercado», aprofundar o mercado único e com ele o processo de degradação, liberalização e privatização de serviços públicos e sectores estratégicos, a flexibilização e desregulação das relações laborais.
A inevitabilidade, perante os desafios com que nos confrontamos, de certos Estados prescindirem de cada vez mais e maiores parcelas da sua soberania e de aumentar o poder de decisão das instituições supranacionais da UE, controladas por outros Estados e pelo poder económico, aumentando a pressão e a chantagem sobre os primeiros e a subalternização das instituições democraticamente eleitas nesses países, à boleia da chamada «autonomia estratégica da UE».
Perante o rosário de inevitabilidades a que os líderes da UE já nos habituaram, em 2024, como no passado, os deputados do PCP no Parlamento Europeu responderão que outro caminho é possível e necessário.
Um caminho de defesa da paz, assente na resolução pacífica e negociada dos conflitos internacionais. Seja na Ucrânia, na Palestina ou em tantos outros pontos do globo. É necessário parar e reverter a corrida aos armamentos, a confrontação. Os povos querem e precisam de paz e não daquilo que a guerra traz.
Um caminho de progresso e justiça social. De valorização e investimento nos serviços públicos e nos seus profissionais. De mais direitos, de mais e melhores salários e pensões.
Um caminho de cooperação entre Estados soberanos e iguais em direitos.
O caminho de construção de uma Europa dos trabalhadores e dos povos.
Recusar as supostas inevitabilidades requer que enfrentemos o futuro com determinação e confiança.
Perante o desânimo ou o conformismo, o futuro é de luta e de esperança num amanhã melhor.
«Não te rendas, por favor, não cedas, / ainda que o frio queime, / ainda que o medo morda, / ainda que o sol se esconda, / e se cale o vento: / ainda há fogo em tua alma / ainda há vida nos teus sonhos.»
Em 2024, os deputados do PCP lá estarão, como sempre estiveram, «contigo todos os dias». Continuarão a ser «a tua voz no Parlamento Europeu», a voz de defesa do povo e do País. A voz de um outro caminho, da luta por uma vida melhor.
Para dar mais força a essa voz, para percorrer essoutro caminho, será fundamental o reforço do PCP e da CDU no Parlamento Europeu e no País.