Conselho Europeu: mais dinheiro para a guerra!

João Pimenta Lopes

A posição da UE sobre a brutal agressão de Israel ao povo palestiniano, com hedionda expressão na faixa de Gaza, tem exposto uma inegável e indissimulável dualidade de critérios quando comparado com o posicionamento em outros conflitos, nomeadamente quanto à guerra na Ucrânia.

Contrastando com a decisão da última Assembleia Geral das Nações Unidas, onde 153 países votaram a favor de um cessar fogo imediato, a UE continua incapaz de assumir uma posição crítica face a Israel e de se associar a este apelo pelo fim da barbárie. Um posicionamento que não surpreende. Afinal, na guerra da Ucrânia, a UE não só não contribui para a paz como terá contribuído para bloquear soluções para um cessar fogo imediato e uma solução política negociada, como o PCP defende desde o primeiro momento. Mas face à brutalidade do massacre que Israel perpetra em Gaza, não deixa de representar um indescritível exercício de cinismo e hipocrisia que nas mesmas conclusões do Conselho Europeu de 14 e 15 de Dezembro, que dedicou páginas e páginas ao «apoio» à Ucrânia, se tenha reduzido horas de discussão sobre a agressão de Israel a uma linha que refere uma discussão aprofundada sobre a situação no Médio Oriente.

Onde estão os apelos a sanções contra Israel – quando se aprova o 12.º pacote de sanções à Russia – cuja eficácia, de resto, se tem verificado como negligente, tendo antes fortíssimas repercussões sobre os povos nos países da UE? À intervenção do tribunal penal internacional? Onde está a condenação à morte de civis e crianças? Ou a condenação da destruição de infra-estruturas civis? Ou ao bloqueio que priva de água, alimentos e medicamentos a população de Gaza? A UE assume a sua cumplicidade com Israel e as suas políticas.

Nas conclusões sobre a revisão intercalar do Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 (o orçamento da UE para aquele período), um orçamento que já era insuficiente e que foi comprimido também por força das políticas da UE – como o aumento as taxas de juro, a resposta à COVID de que se noticiou desperdício de 4 milhões de euros em vacinas, ou o apoio à guerra na Ucrânia -, adoptou-se um aumento de 64,6 mil milhões de euros. Para resolver os agravados problemas socioeconómicos com que os povos, os trabalhadores e Estados se confrontam? Não. Para alimentar a guerra e a sua indústria ou criminosas políticas migratórias: 50 mil milhões para a Ucrânia; 2 mil milhões para um controlo de fronteiras desumano e que criminaliza os refugiados e migrantes; 7,6 mil milhões para a externalização de fronteiras com infames acordos com países terceiros; 1,5 mil milhões para o militarismo.

A UE confirma cada vez mais o que sempre denunciámos. Não é um projecto de paz.




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